"Com sabor a vingança!..."
Dou início ao quarto ano de publicações no blog, com o relato duma batalha naval. Sirvo-me para o efeito dum texto escrito por C.S. Forester, conhecido e reconhecido escritor de assuntos marítimos, nascido no Cairo, mas criado e educado em Londres. Estudante de medicina, Forester abdicou de completar o curso para se dedicar a tempo inteiro à literatura. Através desta excelente narrativa, supostamente escrita tendo por base diversas notas do Almirantado Britânico, encontro algumas omissões tais como a data do afundamento do couraçado alemão, que ocorreu pelas 19 horas e 45 minutos do dia 26 de Dezembro de 1943. De igual modo foi escamoteada a audácia e importância do contra-torpedeiro norueguês “Stord” no ataque ao navio, já que foi a embarcação que mais se aproximou do couraçado inimigo, obviamente exposto a fogo cerrado, tendo mesmo assim conseguido disparar os seus oito torpedos, provocando severos danos na couraça do colosso germânico. Deve ainda ser referido, que apenas dois contra-torpedeiros estiveram colocados na tentativa de salvar os náufragos do navio alemão, tendo sido salvos 36 tripulantes, pelo que o “Scarnhorst” representou a sepultura para 1.932 tripulantes da sua guarnição.
A batalha do Cabo do Norte
1ª Parte
1ª Parte
É possível que os nazis soubessem da presença dum comboio marítimo, formado a partir da extremidade setentrional da Noruega a navegar com destino a Murmansk. Mas também é possível que o couraçado “Scharnhorst” tivesse sido posicionado, sob a protecção da noite árctica, apenas na esperança de deparar com uma vitima qualquer. Fosse como fosse, o facto é que ele largou do seu fiorde norueguês levando içada no mastro principal a flâmula do Contra-Almirante Bey. Este cruzador de batalha, de 31.000 toneladas, possuía todos os requisitos para o ataque. Construído para uma velocidade de 29 nós, era mais rápido que qualquer couraçado britânico; os seus nove canhões de 280 mm, eram mais poderosos que os dos cruzadores ingleses; e o seu imenso armamento secundário parecia assegurar que, uma vez a contas com um comboio, ele afundaria navios mais depressa do que uma raposa mata galinhas no galinheiro.
O navio alemão deixara o ancoradouro na tarde do dia de Natal e estabelecera contacto com o comboio, justamente no momento oportuno, quando as águas sombrias do Mar do Norte começavam a ser iluminadas pela luz ténue da aurora. Na sua frente encontrava-se mais de meio milhão de toneladas de navios, aos quais ele podia infligir, no curto espaço de uma hora, prejuízos que toda a frota submarina não causaria em menos de seis meses.
O comboio britânico navegava em direcção ao leste, a cerca de 150 milhas ao largo do Cabo Norte, no meio de um circulo de cruzadores e contra-torpedeiros, navios de pequena tonelagem, que o protegiam contra ataques de submarinos. Para protecção contra navios de superfície o Almirante Burnett dispunha de três cruzadores: O “Belfast”, o “Norfolk” e o “Sheffield”. A sua esquadrilha pairava a sueste do comboio, justamente o lado por onde chegou o Contra-Almirante Bey.
O navio alemão deixara o ancoradouro na tarde do dia de Natal e estabelecera contacto com o comboio, justamente no momento oportuno, quando as águas sombrias do Mar do Norte começavam a ser iluminadas pela luz ténue da aurora. Na sua frente encontrava-se mais de meio milhão de toneladas de navios, aos quais ele podia infligir, no curto espaço de uma hora, prejuízos que toda a frota submarina não causaria em menos de seis meses.
O comboio britânico navegava em direcção ao leste, a cerca de 150 milhas ao largo do Cabo Norte, no meio de um circulo de cruzadores e contra-torpedeiros, navios de pequena tonelagem, que o protegiam contra ataques de submarinos. Para protecção contra navios de superfície o Almirante Burnett dispunha de três cruzadores: O “Belfast”, o “Norfolk” e o “Sheffield”. A sua esquadrilha pairava a sueste do comboio, justamente o lado por onde chegou o Contra-Almirante Bey.
Couraçado “Scarnhorst”
1 de 2 navios da classe “Gneisenau”
1939-1943
1 de 2 navios da classe “Gneisenau”
1939-1943
O couraçado "Scarnhorst"
Imagem previamente publicada no blog "Alernavios"
Imagem previamente publicada no blog "Alernavios"
Construtor : Kriegsmarinewerft, Wilhemshaven, 10.1936
Arqueação : Tab 31.552,00 tons - Std 37.820,00 tons
Dimensões : Pp 229,80 metros - Boca 30,00 metros
Máquina : Brown-Boveri - 3:Tv - 161.164 Shp - 33 m/h
Guarnição : 1.968 tripulantes
Arqueação : Tab 31.552,00 tons - Std 37.820,00 tons
Dimensões : Pp 229,80 metros - Boca 30,00 metros
Máquina : Brown-Boveri - 3:Tv - 161.164 Shp - 33 m/h
Guarnição : 1.968 tripulantes
O “Scarnhorst” e a escolta britânica avistaram-se à distancia de seis milhas. A bordo dos navios ingleses, como a bordo de todos os navios das Nações Unidas, o olho não dorme, o olho que pode ver através da escuridão, da noite árctica, e do nevoeiro ou das tempestades de neve, velava pela sua segurança. Fora dado o primeiro alarme, e anunciava agora a localização exacta e o rumo seguido pelo intruso, um inimigo quase certo. Os canhões assestaram-se de acordo com as suas indicações, e os oficiais artilheiros aguardavam o momento de abrir fogo. Obedecendo às ordens do Almirantado, o comboio fez meia volta e o “Norfolk”, o “Sheffield” e o “Belfast” lançaram-se audaciosamente para a frente, ao encontro do inimigo.
O “Scarnhorst” podia disparar com uma só bordada um peso superior ao dos projecteis disparados em conjunto pelos três cruzadores. Por outro lado, o cruzador leve que conseguisse sobreviver ao formidável impacto de um dos seus projecteis de 280 mm podia considerar-se muito feliz; ao passo que a blindagem que lhe protegia os órgãos essenciais tornava ineficazes as granadas dos cruzadores, a menos que fossem disparadas a curta distancia.
O “Scarnhorst” podia disparar com uma só bordada um peso superior ao dos projecteis disparados em conjunto pelos três cruzadores. Por outro lado, o cruzador leve que conseguisse sobreviver ao formidável impacto de um dos seus projecteis de 280 mm podia considerar-se muito feliz; ao passo que a blindagem que lhe protegia os órgãos essenciais tornava ineficazes as granadas dos cruzadores, a menos que fossem disparadas a curta distancia.
Continua
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