A batalha do Cabo do Norte
3ª Parte
3ª Parte
O “Duke of York” achava-se a cerca de 200 milhas quando recebeu a primeira comunicação de Burnett. O inimigo possuía uma vantagem de diversos nós na velocidade. O Almirante Fraser tinha que ter a certeza de que lhe era possível interpor-se entre o “Scarnhorst” e a sua base; a simples perseguição estava condenada de antemão a fracassar. Rumou, pois, para o centro estratégico: o ponto mais próximo na linha recta que unia a última posição conhecida do “Scarnhorst” até à base alemã. Quando chegaram as outras informações de Burnett, depois da segunda aparição do “Scarnhorst”, Fraser soube de novo a posição exacta do inimigo. Ainda estava a 150 milhas.
Burnett teve então uma oportunidade para se distinguir mais uma vez. O navio nazi, depois de ter atingido o “Norfolk”, dirigira-se para o sul protegido pela quase escuridão. Burnett lançou seus navios no encalço. Era extremamente importante manter Fraser a par do rumo seguido pelo navio alemão. Para isto Burnett tinha de conservar o contacto com o “Scarnhorst”, embora a empresa pertencesse ao número daquelas que são mais fáceis de pedir do que conseguir. Com efeito, os canhões alemães de 280 mm eram capazes de atingir e destroçar um alvo perdido no horizonte, bastando uma simples salva, acertando em cheio, para meter a pique qualquer dos cruzadores de Burnett.
Durante toda essa tarde enervante Fraser não fez nada que traísse a sua presença. O mais ténue sinal de rádio denunciaria ao “Scarnhorst” a existência de outra força britânica mais ao sul. Mas de súbito, às 4 e 30 horas, todas as duvidas se dissiparam. O “Duke of York” quebrou o silencio do seu rádio para transmitir uma ordem de Fraser para Burnett: «Ilumine o inimigo com granadas luminosas». Soube-se então que Fraser estava muito próximo. Seus oficiais navegadores tinham realizado um trabalho brilhantíssimo. Contando as rotações da hélice uma a uma, entrando em linha de conta com a corrente e com o vento, deduzindo a posição do “Scarnhorst”, pelas informações de Burnett, eles tinham cercado a sua vitima com toda a precisão.
Burnett teve então uma oportunidade para se distinguir mais uma vez. O navio nazi, depois de ter atingido o “Norfolk”, dirigira-se para o sul protegido pela quase escuridão. Burnett lançou seus navios no encalço. Era extremamente importante manter Fraser a par do rumo seguido pelo navio alemão. Para isto Burnett tinha de conservar o contacto com o “Scarnhorst”, embora a empresa pertencesse ao número daquelas que são mais fáceis de pedir do que conseguir. Com efeito, os canhões alemães de 280 mm eram capazes de atingir e destroçar um alvo perdido no horizonte, bastando uma simples salva, acertando em cheio, para meter a pique qualquer dos cruzadores de Burnett.
Durante toda essa tarde enervante Fraser não fez nada que traísse a sua presença. O mais ténue sinal de rádio denunciaria ao “Scarnhorst” a existência de outra força britânica mais ao sul. Mas de súbito, às 4 e 30 horas, todas as duvidas se dissiparam. O “Duke of York” quebrou o silencio do seu rádio para transmitir uma ordem de Fraser para Burnett: «Ilumine o inimigo com granadas luminosas». Soube-se então que Fraser estava muito próximo. Seus oficiais navegadores tinham realizado um trabalho brilhantíssimo. Contando as rotações da hélice uma a uma, entrando em linha de conta com a corrente e com o vento, deduzindo a posição do “Scarnhorst”, pelas informações de Burnett, eles tinham cercado a sua vitima com toda a precisão.
Contra-torpedeiro (G26) HNoMS “ Stord “
1 dos navios noruegueses da classe “S”
1943-1946
1 dos navios noruegueses da classe “S”
1943-1946
Foto do contra-torpedeiro "Stord" - Imagem Photoship.Uk
Cttor.: J. Samuel White, East Cowes, Inglaterra, 03.03.1943
ex “Sucess”, até à entrega definitiva à Marinha Norueguesa
Arqueação: Tab 1.710,00 tons - Std 1.737,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 180 tripulantes
Demolido para sucata em Burght, durante o ano de 1959
ex “Sucess”, até à entrega definitiva à Marinha Norueguesa
Arqueação: Tab 1.710,00 tons - Std 1.737,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 180 tripulantes
Demolido para sucata em Burght, durante o ano de 1959
Contra-torpedeiro (G12) HMS “ Saumarez “
1 de 6 navios da classe “Savage”
1943-1946
1 de 6 navios da classe “Savage”
1943-1946
Foto do contra-torpedeiro "Saumarez" - Imagem Wikipedia
Cttor.: Hawthorne Leslie, Hebburn, Escócia, 01.07.1943
Arqueação: Tab 1.710,00 tons - Std 1.730,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 225 tripulantes
Demolido para sucata em Charlestown, durante o ano de 1950.
Arqueação: Tab 1.710,00 tons - Std 1.730,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 225 tripulantes
Demolido para sucata em Charlestown, durante o ano de 1950.
A escuridão era quase completa. O “Scarnhorst” estava a bombordo de Fraser, do lado da proa, e o “Belfast” a oito milhas à popa do navio nazi. Um relâmpago de luz branca saiu de um dos canhões do “Belfast”, esbatendo-se contra o céu escuro. A granada rebentou a grande altura, transformando-se bruscamente num imenso clarão branco.
O “Scarnhorst” lá estava, justamente no centro do fulgor luminoso. E os vigias, observadores e oficiais de tiro da força naval de Fraser viram as suas obras mortas destacar-se claramente contra o horizonte. Cinco canhões de 350 mm dispararam ao mesmo tempo com um estampido formidável, lançando três toneladas e meia de aço explosivo contra o alvo. Durante uns vinte segundos os projecteis sibilaram através do espaço, e um dos contra-torpedeiros da escolta do “Duke of York”, que se encontrava exactamente sob a trajectória, sentiu-os passar como um furacão. Caíram levantando colunas de água de 60 metros, e o seu alcance fora tão bem calculado que a primeira salva foi considerada como enquadrante. A segunda, meio minuto depois, registou um impacto. O Contra-Almirante Bey mandou o navio guinar bruscamente para bombordo, tentando ao acaso refugiar-se na escuridão, mais para o oriente. O “Duke of York” seguiu-lhe no encalço, e o “Scarnhorst” foi atingido varias vezes, sem que no entanto a sua velocidade tivesse sido prejudicada. Antes das seis e meia estava fora de alcance, danificado e a arder, mas momentaneamente a salvo do “Duke of York”.
A sua segurança fora, todavia de curta duração. Quase em seguida, à ordem de cessar fogo a bordo do “Duke of York”, novos clarões de artilharia iluminaram o horizonte a grande distancia. O “Scarnhorst” defendia-se agora de outros inimigos. Os quatro contra-torpedeiros da escolta do “Duke of York”, graças à sua velocidade superior, tinham-no apanhado, e estavam a atacá-lo. O navio alemão tinha dois inimigos de cada lado: a estibordo o “Savage” e o “Saumarez”, e a bombordo o “Scorpion” e o “Stord”, este último da marinha norueguesa. Tinham-se aproximado nessa posição, justamente a tempo de impedir a fuga de Bey.
O “Scarnhorst” abriu fogo com toda a artilharia secundária. Como espectáculo, sua defesa era emocionante. Todo ele era um imenso esplendor de chamas cor de laranja dos canhões e da parte central irradiavam feixes incontáveis de luz das granadas traçadoras. Mas os contra-torpedeiros, cortando as vagas a 35 nós, eram difíceis de deter. Além disso, o “Scarnhorst” tinha sido atingido com violência e sofrera, quase certamente, avarias na artilharia e no sistema de transmissões. Os seus tiros eram singularmente ineficazes. Os contra-torpedeiros continuaram o ataque, levando-o ao limite máximo. Não lançavam os seus torpedos a 9.000 metros, nem a 5.500, que é a distancia mais curta a que um contra-torpedeiro pode aproximar-se de um navio de linha bem defendido. Foram corajosamente até aos 1.800 metros e ainda menos disto. Lançaram então os torpedos, e afastaram-se a toda a velocidade do navio já condenado.
Vários torpedos atingiram o alvo, mas o “Scarnhorst” sobreviveu a estes golpes submarinos, e manteve a sua tremenda densidade de tiro, relativamente mal dirigido, mas em todo o caso impressionante. A crise pusera mais uma vez em destaque uma vantagem que a armada alemã sempre possuiu. Como poder naval mais fraco, não tinha necessidade de subordinar os planos dos seus navios à capacidade para permanecerem longo tempo no mar; o que se requeria deles eram os atributos indispensáveis para poderem efectuar ataques rápidos e bruscos. Como consequência disso, a habitabilidade nunca foi considerada requisito essencial. Podiam permanecer nos portos com a tripulação dormindo em terra nos quartéis e, portanto, sua compartimentação obedecia a um plano impossível de adoptar na generalidade das marinhas dos outros países.
O “Scarnhorst” lá estava, justamente no centro do fulgor luminoso. E os vigias, observadores e oficiais de tiro da força naval de Fraser viram as suas obras mortas destacar-se claramente contra o horizonte. Cinco canhões de 350 mm dispararam ao mesmo tempo com um estampido formidável, lançando três toneladas e meia de aço explosivo contra o alvo. Durante uns vinte segundos os projecteis sibilaram através do espaço, e um dos contra-torpedeiros da escolta do “Duke of York”, que se encontrava exactamente sob a trajectória, sentiu-os passar como um furacão. Caíram levantando colunas de água de 60 metros, e o seu alcance fora tão bem calculado que a primeira salva foi considerada como enquadrante. A segunda, meio minuto depois, registou um impacto. O Contra-Almirante Bey mandou o navio guinar bruscamente para bombordo, tentando ao acaso refugiar-se na escuridão, mais para o oriente. O “Duke of York” seguiu-lhe no encalço, e o “Scarnhorst” foi atingido varias vezes, sem que no entanto a sua velocidade tivesse sido prejudicada. Antes das seis e meia estava fora de alcance, danificado e a arder, mas momentaneamente a salvo do “Duke of York”.
A sua segurança fora, todavia de curta duração. Quase em seguida, à ordem de cessar fogo a bordo do “Duke of York”, novos clarões de artilharia iluminaram o horizonte a grande distancia. O “Scarnhorst” defendia-se agora de outros inimigos. Os quatro contra-torpedeiros da escolta do “Duke of York”, graças à sua velocidade superior, tinham-no apanhado, e estavam a atacá-lo. O navio alemão tinha dois inimigos de cada lado: a estibordo o “Savage” e o “Saumarez”, e a bombordo o “Scorpion” e o “Stord”, este último da marinha norueguesa. Tinham-se aproximado nessa posição, justamente a tempo de impedir a fuga de Bey.
O “Scarnhorst” abriu fogo com toda a artilharia secundária. Como espectáculo, sua defesa era emocionante. Todo ele era um imenso esplendor de chamas cor de laranja dos canhões e da parte central irradiavam feixes incontáveis de luz das granadas traçadoras. Mas os contra-torpedeiros, cortando as vagas a 35 nós, eram difíceis de deter. Além disso, o “Scarnhorst” tinha sido atingido com violência e sofrera, quase certamente, avarias na artilharia e no sistema de transmissões. Os seus tiros eram singularmente ineficazes. Os contra-torpedeiros continuaram o ataque, levando-o ao limite máximo. Não lançavam os seus torpedos a 9.000 metros, nem a 5.500, que é a distancia mais curta a que um contra-torpedeiro pode aproximar-se de um navio de linha bem defendido. Foram corajosamente até aos 1.800 metros e ainda menos disto. Lançaram então os torpedos, e afastaram-se a toda a velocidade do navio já condenado.
Vários torpedos atingiram o alvo, mas o “Scarnhorst” sobreviveu a estes golpes submarinos, e manteve a sua tremenda densidade de tiro, relativamente mal dirigido, mas em todo o caso impressionante. A crise pusera mais uma vez em destaque uma vantagem que a armada alemã sempre possuiu. Como poder naval mais fraco, não tinha necessidade de subordinar os planos dos seus navios à capacidade para permanecerem longo tempo no mar; o que se requeria deles eram os atributos indispensáveis para poderem efectuar ataques rápidos e bruscos. Como consequência disso, a habitabilidade nunca foi considerada requisito essencial. Podiam permanecer nos portos com a tripulação dormindo em terra nos quartéis e, portanto, sua compartimentação obedecia a um plano impossível de adoptar na generalidade das marinhas dos outros países.
Contra-torpedeiro (G72) HMS “ Scorpion “
1 de 6 navios da classe “Savage”
1942-1945
1 de 6 navios da classe “Savage”
1942-1945
Foto do contra-torpedeiro "Scorpion" - Imagem Uboat.net
Cttor.: Cammell, Laird & Co., Birkenhead, Inglaterra, 11.05.1943
Arqueação: Tab 1.710,00 tons - Std 1.730,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 225 tripulantes
Arqueação: Tab 1.710,00 tons - Std 1.730,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 225 tripulantes
Vendido para a Marinha de Guerra Holandesa, em 1946, mudou o nome para “Kortenaer”. Demolido para sucata em Ghent, Bélgica, durante o ano de 1963.
Contra-torpedeiro (G20) HMS “ Savage “
1º de 6 navios que formaram a classe do mesmo nome
1943-1948
1º de 6 navios que formaram a classe do mesmo nome
1943-1948
Foto do contra-torpedeiro "Savage" - Imagem Photoship.Uk
Cttor.: Hawthorne Leslie, Hebburn, Escócia, 08.06.1943
Arqueação: Tab 1.800,00 tons - Std 1.870,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 225 tripulantes
Demolido para sucata em Newport, durante o ano de 1962.
Arqueação: Tab 1.800,00 tons - Std 1.870,00 tons
Dimensões: FF 110,60 mtrs - Pp 103,50 mtrs - Boca 10,90 mtrs
Máquina: Parsons - 2:Tv – 40.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 225 tripulantes
Demolido para sucata em Newport, durante o ano de 1962.
Apesar de tudo o “Scarnhorst” perdera velocidade; O “Duke of York” tinha-o outra vez ao seu alcance e os canhões de 350 mm começaram a desmantela-lo. O cruzador de protecção do “Duke of York”, o “Jamaica”, aproximou-se quase à queima-roupa, e, ao mesmo tempo, chegavam ao local os três cruzadores do Almirante Burnett e quatro contra-torpedeiros, da escolta do comboio. Nada mais nada menos que oito contra-torpedeiros, quatro cruzadores e um couraçado girando a toda a velocidade à volta do “Scarnhorst”. Era o momento próprio para o chefe assumir novamente o comando. Em vista da urgência, o sinal do comandante-chefe ordenava; “Abandonar a zona do alvo, excepto os navios com torpedos e um contra-torpedeiro com holofotes”. Apenas dois navios ficaram no local. Um contra-torpedeiro assestou seus holofotes sobre o monte de destroços – imensos pincéis de luz branca que penetravam as trevas – e o “Jamaica” aproximou-se para o golpe de misericórdia. Descreveu uma curva e uma salva de torpedos saiu do seu convés. Quando atingiram o alvo houve uma explosão tremenda. Viu-se então o “Scarnhorst” pela ultima vez ao dissipar-se a fumarada. O navio adernara, e as chamas dos incêndios nos seus paióis ainda se erguiam no costado. Em seguida, completamente envolto em fumo, afundou-se, enquanto os contra-torpedeiros tentavam recolher os náufragos.
2 comentários:
Ex. mo Sr:
Se me permite umas pequenas correcções.
A foto do Scorpion D64 Ex Tomahawk diz respeito ao navio construído em 1947 e que durou até 1971. O Scorpion de 1943 tem o número G07.
A foto do Saumarez, apresenta um navio de três chaminés, deve tratar-se do contratorpedeiro Saumarez de 1916, abatido em 1931. O Saumarez de 1943 tem o nùmero G12.
Ricardo Matias
Caro amigo e Sr. Matias,
Os meus agradecimentos por estar atento e possibilitar a necessária correcção, já realizada.
Muito obrigado
Cumprimentos,
Reinaldo Delgado
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