sábado, 11 de dezembro de 2010

Encalhe nas Berlengas


O naufrágio do “ Riogrande “

Naufragou nas Berlengas o cargueiro Panamiano “Riogrande”, tendo-se salvo os seus tripulantes. O naufrágio foi motivado por um imenso manto de nevoeiro, provocando o seu encalhe nos rochedos dos Farilhões, a norte das Berlengas, quando em viagem de Roterdão para Génova, com um carregamento completo de carvão.
O barco foi considerado perdido às 5 horas da madrugada, do dia 21 de Outubro de 1947, altura em que o capitão perdeu todas as esperanças de poder salvar o navio, tendo dado instruções no sentido de ser efectuado o seu abandono.
O “Riogrande” ficou encalhado de proa, com a popa assente sobre um baixo, dando desde logo sinais que ia partir pelo meio. Poucas horas depois já quebrado, o casario e ré submergiram, ficando apenas fora de água a metade que vai da casa das máquinas até à proa.
O capitão embarcou com dois oficiais na lancha “Berlengas”, do Serviço de Faróis, que desde a madrugada foi enviada para o local, por ordem do Capitão do porto de Peniche, Capitão-Tenente Coutinho Garrido.
O navio que tinha capacidade para transportar 9.000 toneladas de carga, navegava sob o comando do capitão Sr. Constantinos Arbanites, de nacionalidade Grega, com uma equipagem de 28 tripulantes, sendo que quatro dos quais eram de nacionalidade portuguesa.
Alguns tripulantes acusavam ferimentos ligeiros, tendo sido socorridos pelas autoridades. Dado que a quase totalidade da tripulação teve de abandonar o navio apenas com a roupa que trazia vestida, logo foram carinhosamente confortados pela população, seguindo para uma pensão, onde ficaram alojados, até seguirem viagem para Lisboa.
Uma notícia posterior confirma que o barco submergiu completamente, tendo inclusive desaparecido a proa, que durante algum tempo permaneceu sobre os rochedos.

Com a providencial colaboração do Sr. Luís Filipe Morazzo, consegui finalmente encontrar os elementos do navio, como segue:

Nm “ Riogrande “
1947-1947
Armador: Companhia Naviera Rio Grande, S.A., Panamá

Construtor : Clyde Ship Building & Engineering Co. Ltd., Port Glasgow, Escócia, Agosto de 1921
ex “Remus“, Akties. Baja California, sendo operado por A.O. Lindvig, Christiania, Noruega, entre 1921 e 1928
ex “Foldenfjord“, Den Norsk Amerikalinje A/S, Oslo, 1928-1929
ex “Tivy“, A/S Oddsoe, sendo operado por Chr. Bolin og Odd Soerensen, Oslo, Noruega, entre 1929 e 1935
ex “Rio Grande”, Companhia Argentina de Navegacion Mihanovich, S.A., Buenos Aires, entre 1935 e 1942
ex “Rio Grande”, Companhia Argentina de Navegacion Dodero, S.A., Buenos Aires, ente 1942 e 1947
Características de origem à saída do estaleiro
Arqueação: Tab 4.893,00 tons. - Tal 3.078,00 tons.
Dimensões: Pp 106,68 mts - Boca 15,30 mts - Pontal 9,88 mts
Maq. do const., 1921 – 1:Te - 363 Nhp – 10 m/h
Equipagem : 28 tripulantes

2 comentários:

Luis Filipe Morazzo disse...

Caro Reimar

Gostaria de dar uma achega sobre o navio Panamiano “Rio Grande”, naufragado a 21-10-47, a norte das Berlengas e mencionado como pertencente à famosa classe “Liberty-ship”.

Peço desculpa ao meu amigo, mas não está correcto. Tratava-se de um navio construído em 1921, em Glasgow,com o nome “Remus” para a empresa A/S Baja California (A. O. Lindvig) de Kristiania (Noruega),com um deslocamento bruto da ordem das 5000 toneladas, do tipo “três ilhas”.

Apresento em seguida o seu histórico:

1928. Vendido a Den Norske Amerikalinje A/S de Oslo. Rebatizado FOLDENFJORD (Noruega).
1929. Vendido a Rederi A/S Oddso (O. Sorensen & Chr. Bolin). Rebatizado BOLIN (Noruega).
1935. Vendido a la Compañía Argentina de Navegación Mihánovich Ltda. (Argentina). Rebatizado RIOGRANDE. 1942. Transferido a frota da Companhia Argentina de Navegação Dodero. (Argentina).
1947. 8 de Abril. Vendido a Companhía de Navegação Rio Grande S. A. (Panamá).
1947. 20 de Outubro. Em viajem de Gdansk, Polonia com carvão para La Spezia, Itália, naufragou nos Farilhões, a norte das Berlengas, motivado por forte cerração. A tripulação de 28 homens foi salva.

PS: Já agora o navío mencionado como “Rio Grande”, tratava-se do ex Liberty-ship “B.CHARNEY VLADECK” ,que em 1949 passou a chamar-se também “Rio Grande”, acabou vítima de naufrágio, mas desta feita, cerca de 3 milhas náuticas da ilha de Musha (Golfo de Aden, Norte da Somália) em 27-2-67, quando navegava de Sunderland para Shanghai com um carregamento completo de sucata de ferro.



Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo

reimar disse...

Caro amigo,

Fico-lhe muito grato pela informação disponibilizada, que me obrigou a refazer o artigo.
Todavia como o texto tem como base uma notícia do jornal da época, opto pela repetição, até porque as diferenças em causa não tem relevo que justifique melhor pesquisa.

Cumprimentos,
Reinaldo Delgado