terça-feira, 19 de junho de 2018

História trágico-marítima (CCLVI)


Sinistros de embarcações de pesca a norte e a sul


Na defesa do inegável direito de especular sobre os sinistros que vem acontecendo com embarcações de pesca, lembro uma frase que escrevi num outro texto, em relato de características semelhantes: “a pesca do robalo tem andado a matar mais gente, do que peixe”. Há certamente também casos de verdadeiro infortúnio, em resultado de extremo cansaço, que o sono profundo não perdoa. A avaria da máquina, as pás do hélice deformadas por colidirem com objectos submersos, etc.
Quando se trata da pesca do robalo, por norma realizada muito próximo da costa, em zona de rebentação, explica-se com razoável certeza o motivo por que aparecem cordas ou cabos na hélice.

Na esperança de que os recentes sinistros com embarcações de pesca, não tenham sido provocados por qualquer tipo de negligência, porque a vida de quem está a bordo - ao contrário do peixe -, não tem preço, lembro os encalhes dos barcos “Viviana Coentrão”, em Matosinhos, e do “Luzé”, ao largo da Carrapateira, no Algarve.


O “Viviana Coentrão” ex “Zé Coentrão”, encalhado na praia de Matosinhos, no dia 7 de Junho, é um barco com casco de alumínio, tendo sido construído no estaleiro de Samuel & Filho, em Vila do Conde. Estava matriculado na Capitania de Vila do Conde, tem 9 metros de comprimento e 3,45 metros de boca. Na ocasião do sinistro estava a ser operado por três tripulantes, que saíram ilesos, tal como a embarcação, do inusitado contratempo que durou algumas horas.

Foto de Pedro Noel da Luz - jornal Correio da Manhã

Quanto à embarcação “Luzé” do mestre José Lourenço, repetente nestas horas de azar, tendo passado por um sinistro idêntico a bordo do barco “André Filipe”, estava a cerca de 4 quilómetros ao largo da Carrapateira, no dia 13 de Junho, quando foi constatada a avaria na hélice, ficando a embarcação à deriva, até vir a encalhar junto à Torre de Aspa, em Vila do Bispo.
Depois de cerca de uma hora na balsa salva-vidas, os 7 tripulantes do barco, 5 pescadores da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, mais um ucraniano e um marroquino, foram resgatados pelo barco de pesca “Lagoal”, que os desembarcou na Baleeira, em Sagres. O “Luzé” encontrava-se matriculado na Capitania do porto da Póvoa de Varzim, tinha 21 metros de comprimento e encontrava-se a operar na pesca costeira desde 2015.

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