O afundamento do vapor “Cysne”
Vapor português torpedeado
A casa Glama & Marinho, da praça do Porto, recebeu notícia que o seu vapor “Cysne”, que seguira em 26 de Maio findo deste porto para Newport com um carregamento de toros de pinheiro, fôra torpedeado por um submarino alemão, entre o Cabo Finisterra e as ilhas Scilly, sendo afundado.
A equipagem composta pelo capitão sr. José Francisco Corujo e 14 tripulantes, foi salva por um navio francês que, a seu turno, a entregou no alto mar a um dos torpedeiros da flotilha francesa ali em vigilância, sendo depois desembarcada em Brest.
O “Cysne”, que era empregado na carreira entre o Porto e Lisboa, no transporte de mercadorias para África, estava seguro nas Companhias Ultramarina, Mundial e Comércio e Indústria.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 1 de Junho de 1915)
A equipagem composta pelo capitão sr. José Francisco Corujo e 14 tripulantes, foi salva por um navio francês que, a seu turno, a entregou no alto mar a um dos torpedeiros da flotilha francesa ali em vigilância, sendo depois desembarcada em Brest.
O “Cysne”, que era empregado na carreira entre o Porto e Lisboa, no transporte de mercadorias para África, estava seguro nas Companhias Ultramarina, Mundial e Comércio e Indústria.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 1 de Junho de 1915)
O torpedeamento do vapor “Cysne”
De Brest dizem que o capitão do vapor “Cysne” declara que a 65 milhas ao sul do cabo Newport fôra acossado por um submarino, do qual subiu a bordo um oficial falando francês, que apreendeu os víveres e algumas peças de máquina, dando ordem para em 5 minutos serem postos os botes no mar. Em seguida o navio foi metido a pique, por meio de dinamite.
Dois navios ingleses, dos quais um a vapor, foram pela mesma forma metidos a pique à vista do capitão e da sua gente, ignorando, porém, a sorte das tripulações.
De Brest dizem ainda que a tripulação do vapor “Cysne” saiu ante-ontem para o Porto.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 2 de Junho de 1915)
Dois navios ingleses, dos quais um a vapor, foram pela mesma forma metidos a pique à vista do capitão e da sua gente, ignorando, porém, a sorte das tripulações.
De Brest dizem ainda que a tripulação do vapor “Cysne” saiu ante-ontem para o Porto.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 2 de Junho de 1915)
Características do vapor “Cysne”
1912-1915
1912-1915
Nº Oficial: A-125 - Iic: H.B.F.C. - Porto de registo: Porto
Armador: Glama & Marinho, Porto
Construtor: W.H. Potter & Sons, Ltd., Liverpool, 03.06.1879
ex “Whimbrel”, Cork Steam Shipping Co. Ltd., Cork, 1879-1897
ex “Whimbrel”, Sollas & Sons Co. Ltd., Cork, 1897-1902
ex “Whimbrel”, Garston Stem Shipping Ltd., Liverpool, 1902-1912
Arqueação: Tab 623,15 tons - Tal 380,13 tons
Dimensões: Pp 55,06 mts - Boca 8,35 mts - Pontal 4,20 mts
Propulsão: 1 motor compósito
Equipagem: 15 tripulantes
Armador: Glama & Marinho, Porto
Construtor: W.H. Potter & Sons, Ltd., Liverpool, 03.06.1879
ex “Whimbrel”, Cork Steam Shipping Co. Ltd., Cork, 1879-1897
ex “Whimbrel”, Sollas & Sons Co. Ltd., Cork, 1897-1902
ex “Whimbrel”, Garston Stem Shipping Ltd., Liverpool, 1902-1912
Arqueação: Tab 623,15 tons - Tal 380,13 tons
Dimensões: Pp 55,06 mts - Boca 8,35 mts - Pontal 4,20 mts
Propulsão: 1 motor compósito
Equipagem: 15 tripulantes
Capitães embarcados: José São Marcos (1912-1913) e José Francisco Corujo (1914-1915)
Ecos da guerra
Ainda o torpedeamento do vapor “Cysne”
Ecos da guerra
Ainda o torpedeamento do vapor “Cysne”
A este respeito, escreve em data de ontem, o correspondente do jornal em Ílhavo:
Procedentes de Brest, chegaram aqui os nossos patrícios tripulantes do vapor “Cysne”, há pouco torpedeado nas costas de Inglaterra por um submarino alemão.
Contam eles que o submarino navegava com bandeira francesa, como disfarce, só a substituindo pela alemã, quando intimaram o capitão do “Cysne” a atravessar o navio.
Nem mesmo em face dos documentos de bordo que lhes foram apresentados quiseram respeitar a nacionalidade do navio, intimando os tripulantes a abandoná-lo no prazo de cinco minutos!
Estes assim fizeram, passando todos, em número de quinze, para um bote.
Em seguida, os alemães levaram do “Cysne” tudo o que lhes convinha, mantimentos, roupas, peças das máquinas, metais, sinos de alarme, etc., acabando por meter o vapor no fundo.
Enquanto o comandante do “Cysne” parlamentava com os alemães, os portugueses conseguiram salvar algumas coisas suas e uma porção de bolacha, que passaram para o bote. Mas a precipitação era tanta, que não se lembraram da água.
Remaram, por isso, em direcção ao submarino, pedindo que lhes dessem um barril de água com que matassem a sede. Foi-lhes negada terminantemente!
À mercê andaram os pobres náufragos durante doze horas, até que avistaram uma chalupa francesa, para a qual se dirigiram. Ali foram recolhidos juntando-se a mais cerca de 40 tripulantes ingleses de dois outros vapores, que o mesmo submarino afundara naquele dia.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 12 de Junho de 1915)
Procedentes de Brest, chegaram aqui os nossos patrícios tripulantes do vapor “Cysne”, há pouco torpedeado nas costas de Inglaterra por um submarino alemão.
Contam eles que o submarino navegava com bandeira francesa, como disfarce, só a substituindo pela alemã, quando intimaram o capitão do “Cysne” a atravessar o navio.
Nem mesmo em face dos documentos de bordo que lhes foram apresentados quiseram respeitar a nacionalidade do navio, intimando os tripulantes a abandoná-lo no prazo de cinco minutos!
Estes assim fizeram, passando todos, em número de quinze, para um bote.
Em seguida, os alemães levaram do “Cysne” tudo o que lhes convinha, mantimentos, roupas, peças das máquinas, metais, sinos de alarme, etc., acabando por meter o vapor no fundo.
Enquanto o comandante do “Cysne” parlamentava com os alemães, os portugueses conseguiram salvar algumas coisas suas e uma porção de bolacha, que passaram para o bote. Mas a precipitação era tanta, que não se lembraram da água.
Remaram, por isso, em direcção ao submarino, pedindo que lhes dessem um barril de água com que matassem a sede. Foi-lhes negada terminantemente!
À mercê andaram os pobres náufragos durante doze horas, até que avistaram uma chalupa francesa, para a qual se dirigiram. Ali foram recolhidos juntando-se a mais cerca de 40 tripulantes ingleses de dois outros vapores, que o mesmo submarino afundara naquele dia.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 12 de Junho de 1915)
Comentário e conclusão:
1. Dúvidas, nenhuma!
2. Certezas, muitas. A informação relacionada com o ataque, que culminaria com o afundamento do vapor “Cysne” respeita com rigor os métodos ultrajantes utilizados por largo número das guarnições dos submarinos alemães, no contacto com as tripulações dos navios mercantes abordados, independentemente do facto de pertencerem ou não às nações em conflito.
Neste caso existe a confirmação da ocorrência de acto de guerra, perpetrado pelo submarino alemão U-41, classificado como unidade do tipo “VII-A”, quando este se encontrava sob o comando do capitão Claus Hansen, no dia 29 de Maio de 1915.
Confirma-se igualmente a presença em local próximo ao afundamento do vapor “Cysne”, dos vapores ingleses “Dixiana” e “Glenlee”, afundados no mesmo dia, pelo mesmo submarino, conforme se aprecia corretamente referido no texto.
2. Certezas, muitas. A informação relacionada com o ataque, que culminaria com o afundamento do vapor “Cysne” respeita com rigor os métodos ultrajantes utilizados por largo número das guarnições dos submarinos alemães, no contacto com as tripulações dos navios mercantes abordados, independentemente do facto de pertencerem ou não às nações em conflito.
Neste caso existe a confirmação da ocorrência de acto de guerra, perpetrado pelo submarino alemão U-41, classificado como unidade do tipo “VII-A”, quando este se encontrava sob o comando do capitão Claus Hansen, no dia 29 de Maio de 1915.
Confirma-se igualmente a presença em local próximo ao afundamento do vapor “Cysne”, dos vapores ingleses “Dixiana” e “Glenlee”, afundados no mesmo dia, pelo mesmo submarino, conforme se aprecia corretamente referido no texto.
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