Viana do Castelo
Movimento no porto
Desenho do navio por J. Gomes, 1993
Viana, 9 - Vindo directamente da Terra Nova, entrou hoje a barra, cerca das 14 horas, o lugre de pesca à linha "Santa Maria Manuela", da Empresa de Pesca de Viana. Vem sob o comando do capitão Joaquim Jorge Rodrigues, e toda a tripulação regressa de saúde.
Foi este navio acolhido por especial e grande concorrência, tendo-se dado no cais as costumadas cenas de efusivo acolhimento, por parte dos familiares dos pescadores. Como grande quantidade destes são de terras distantes, aqui se deslocaram mulheres e filhos, todos endomingados. Os pescadores, por seu turno, saíram de bordo com roupas adquiridas no Canadá, o que dava ao desembarque o ar insólito de qualquer festa cívica, noutras paragens. O corte dos fatos, os chapéus muito direitos na cabeça, lenços de seda, bonés de peluche, botas para frio de rachar, tudo isso com aquele ar que todos adquirem quando vestem roupa feita; o seu andar importante, com um dos filhos levantado ao colo, o olhar para a mulher, toda ela rebrilhando ouro e roupas novas - tudo o que é reencontro, rudes saudades e boas lembranças, o apetite da nossa boa terra, das boas coisas que aqui se comem, a passeata à missa de domingo, a admiração dos conterrâneos, um belo relógio de pulso que se exibe, aquele fato de «cow-boy» para o filho mais velho; a boneca para a menina - o quotidiano, enfim, da psicologia universal do homem que regressa ao apetecido lar.
Além das famílias, imensos curiosos, pois o dia esteve de autêntico Verão, sem uma núvem ou uma brisa, o sol ainda muito quente e agradável.
(In jornal "Comércio do Porto", quinta, 10 de Novembro de 1938)
Foi este navio acolhido por especial e grande concorrência, tendo-se dado no cais as costumadas cenas de efusivo acolhimento, por parte dos familiares dos pescadores. Como grande quantidade destes são de terras distantes, aqui se deslocaram mulheres e filhos, todos endomingados. Os pescadores, por seu turno, saíram de bordo com roupas adquiridas no Canadá, o que dava ao desembarque o ar insólito de qualquer festa cívica, noutras paragens. O corte dos fatos, os chapéus muito direitos na cabeça, lenços de seda, bonés de peluche, botas para frio de rachar, tudo isso com aquele ar que todos adquirem quando vestem roupa feita; o seu andar importante, com um dos filhos levantado ao colo, o olhar para a mulher, toda ela rebrilhando ouro e roupas novas - tudo o que é reencontro, rudes saudades e boas lembranças, o apetite da nossa boa terra, das boas coisas que aqui se comem, a passeata à missa de domingo, a admiração dos conterrâneos, um belo relógio de pulso que se exibe, aquele fato de «cow-boy» para o filho mais velho; a boneca para a menina - o quotidiano, enfim, da psicologia universal do homem que regressa ao apetecido lar.
Além das famílias, imensos curiosos, pois o dia esteve de autêntico Verão, sem uma núvem ou uma brisa, o sol ainda muito quente e agradável.
(In jornal "Comércio do Porto", quinta, 10 de Novembro de 1938)
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