sábado, 11 de julho de 2015

História trágico-marítima (CLI)


O patacho “ Mediterrâneo “
1912 - 1917
Armador: José Soares da Costa, Porto

Desenho de navio armado em patacho,
sem correspondência ao texto

Nº Oficial: A-152 - Iic: H.D.J.R. - Porto de registo: Porto
Construtor: Não identificado, Montrose, Inglaterra, 1896
ex “Standard”, Armador não identificado, Aberdeen, 1896-1910
ex “Soares da Costa“, José Soares da Costa, Porto, 1910-1912
Arqueação: Tab 189,50 tons - Tal 149,88 tons
Dimensões: Pp 35,00 mts - Boca 7,19 mts - Pontal 3,50 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 8 tripulantes
Capitães embarcados: Francisco da Rocha (1912 a 1913) e Manuel dos Santos Saltão (1914 a 1917)

O patacho encalhou em Caceia, ou Cacela (Vila Nova), Algarve, em 23.12.1917, quando em viagem do Porto para Mazagão. Não foi encontrada qualquer notícia, nos jornais consultados, com o respectivo relato do sinistro em causa.

Aos armadores e construtores de navios
Venda do casco do patacho “Mediterrâneo”, no dia 15 do corrente (Janeiro de 1918), ao meio dia, na praia denominada Manta Rota, Cacela, próximo a Vila Real de Santo António. Vai ter lugar a venda particular do casco do patacho “Mediterrâneo”, ali naufragado. O referido casco é forrado de cobre e tem muitas cavilhas de cobre e magnificas ferragens.
A praia onde está encalhado, dista da estação de Cacela pouco mais de 1 quilometro, é de areia e o navio, na baixa-mar, fica todo em seco, de modo que é possível salvar-se tudo e conduzir-se, quer por mar quer por terra para Vila Real, Tavira ou Lisboa. Pode ser aproveitada, pois, tão boa ocasião.
Havendo concorrência suficiente, no mesmo dia, hora e local, se venderão os salvados, que constam de velas do navio, vergas, cabos, ferros, correntes e outras miudezas, cuja relação segue abaixo.
Salvados do patacho “Mediterrâneo”,
naufragado na costa de Cacela, Algarve:
Todas as velas do navio, algumas novas e as restantes em estado de quase novas, 1 espia nova, 2 espias velhas, 2 escotas do traquete novas, 1 ostaga do joanete nova, 1 talha de ferros, 2 talhas do vergueiro, 1 peça de cabo de linho, colhedor, ½ fieira de colhedor mais fino, 1 bocado de cabo novo, 1 ostaga do velacho, escada de cabo nova, 1 talha nova.
Todos os cabos de manilha do navio em meio uso, 3 faróis de borda, 2 globos de socorro vermelhos, 3 caixas de petróleo, 1 sino, 2 pipas, 3 quartolas, 4 barris de água e vinho (vazios), pedaço de vela, 6 vassouras novas, 3 madeixas de fio de vela, 9 escovas novas, 38 moitões grandes e pequenos, 19 cadernais, 2 guardinis de pau de carga, 12 manilhas de corrente de polegada, 2 ferros grandes, 2 ancoretes, 2 cadernais de ferro, 2 moitões de ferro, 3 guias de ferro, 1 macho de gatas, 12 arcos de pano de proa, 3 rodas de poleame novas, 700 gramas de arame, todas as vergas, retrancas e mastaréus do navio, etc., 1 pau de carga, 1 arpão, ferramentas, 1 baleeira, 1 bote, 10 remos de pinho, código de sinais, panelas, pratos, bandejas e mais louças, 2 rosas de vento, 5 cartas, 1 linha de barca, 1 hélice, 1 barómetro-orómetro, 1 cronómetro, mariato grande e bandeira nacional, relógio, 1 candeeiro de metal, 1 candeeiro, 2 binóculos, correntes finas, amantilhos e cabos de arame de aço do aparelho do navio.
Enfim quase o aparelho completo para o navio, faltando-lhe os mastros reais, que são de Riga e que se venderão com o casco ou em separado, conforme for combinado no acto de venda.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 13 de Janeiro de 1918)

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