Naufrágios na costa norte
O sr. presidente da Associação Comercial, aludindo aos naufrágios dos vapores de carga “Silurian” e “Bogor”, ambos ocorridos nesta costa e, respectivamente, em 12 e 13 de Dezembro último, comunicou que a Associação Comercial telegrafara logo ao governo, manifestando o seu vivo desgosto pelas duas catástrofes marítimas, a segunda das quais, como era sabido, ficou tristemente assinalada com a morte de 33 homens, que faziam parte da tripulação do “Bogor”; e que em representação dirigida, depois, ao poder central, a mesma Associação verberou o abandono a que continua condenada, pelas estações oficiais, a costa norte do país e indicou algumas das mais instantes medidas de previdência e protecção, que urge pôr em prática a fim de obstar, tanto quanto possível, a futuros sinistros marítimos e assegurar, por tal forma, a defesa da navegação que demanda os portos de Leixões e do Douro.
Feita a leitura da representação que a Associação dirigiu ao chefe do governo, o assunto foi largamente discutido, manifestando os vogais presentes o seu pesar pela dupla catástrofe marítima, que tão fundamente emocionou a generosa alma portuguesa, e todos declararam a sua plena concordância com os termos da mencionada representação, na qual se aponta a adopção das seguintes providências:
Colocação de um farol moderno, de maior alcance, entre Viana do Castelo e a Póvoa de Varzim, nas vizinhanças de Fão ou Esposende; substituição do farol da Póvoa, cujo poder iluminante é insuficiente; montagem de um sinal ou aviso sonoro em Leixões e de outro em Fão ou Esposende, porque os rochedos denominados “Cavalos de Fão”, em ocasiões de nevoeiro são de grande perigo para a navegação; estabelecimento de um posto de socorros a náufragos entre Leixões e Vila do Conde, o qual se patenteia de absoluta necessidade; abertura de uma estrada à beira mar, que permita um serviço eficaz de socorros, quer do posto de Vila do Conde, quer de Leixões; ligação telefónica entre os diversos postos fiscais da costa para rápido aviso de qualquer sinistro e pronto socorro; instalação de uma estação radio-telegráfica, há tanto tempo esperada e cujos serviços todos os países adquirem e bem-dizem; e montagem de um posto de socorros a náufragos na costa ao sul do Douro, ou entre o Douro e o Vouga, a fim de, nessa costa tão perigosa em ocasiões de nevoeiro, acudir de pronto também à numerosa população piscatória de Espinho, Furadouro e Torreira, que bem carecem de proteção e socorro; e bem assim a conclusão das obras do porto de Leixões, que devem ser ultimadas quanto antes, porque assim o reclamam o prestígio e os mais altos interesses da nação.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 6 de Janeiro de 1915)
Feita a leitura da representação que a Associação dirigiu ao chefe do governo, o assunto foi largamente discutido, manifestando os vogais presentes o seu pesar pela dupla catástrofe marítima, que tão fundamente emocionou a generosa alma portuguesa, e todos declararam a sua plena concordância com os termos da mencionada representação, na qual se aponta a adopção das seguintes providências:
Colocação de um farol moderno, de maior alcance, entre Viana do Castelo e a Póvoa de Varzim, nas vizinhanças de Fão ou Esposende; substituição do farol da Póvoa, cujo poder iluminante é insuficiente; montagem de um sinal ou aviso sonoro em Leixões e de outro em Fão ou Esposende, porque os rochedos denominados “Cavalos de Fão”, em ocasiões de nevoeiro são de grande perigo para a navegação; estabelecimento de um posto de socorros a náufragos entre Leixões e Vila do Conde, o qual se patenteia de absoluta necessidade; abertura de uma estrada à beira mar, que permita um serviço eficaz de socorros, quer do posto de Vila do Conde, quer de Leixões; ligação telefónica entre os diversos postos fiscais da costa para rápido aviso de qualquer sinistro e pronto socorro; instalação de uma estação radio-telegráfica, há tanto tempo esperada e cujos serviços todos os países adquirem e bem-dizem; e montagem de um posto de socorros a náufragos na costa ao sul do Douro, ou entre o Douro e o Vouga, a fim de, nessa costa tão perigosa em ocasiões de nevoeiro, acudir de pronto também à numerosa população piscatória de Espinho, Furadouro e Torreira, que bem carecem de proteção e socorro; e bem assim a conclusão das obras do porto de Leixões, que devem ser ultimadas quanto antes, porque assim o reclamam o prestígio e os mais altos interesses da nação.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 6 de Janeiro de 1915)
Costa norte do país
O presidente da Associação Comercial, sr. Luís Marques de Sousa, telegrafou ontem, à noite, de Lisboa ao respectivo vice-presidente, sr. Jacinto Furtado, comunicando ter conferenciado com o sr. presidente do ministério sobre o objecto da representação que o Centro dirigiu ultimamente ao governo, e em que foram apontadas as medidas que urge adotar na costa norte do país, para defesa e segurança da navegação; e que sua excelência respondera que o assunto estava devidamente estudado, devendo achar-se no Porto dois engenheiros encarregados de elaborarem o projecto e orçamento para a instalação, em Leça, de um farol e de um sinal sonoro.
O sr. Marques de Sousa comunicou também haver trocado impressões com o chefe do governo acerca da abertura de uma estrada ao longo da costa, para facilitar a prontidão dos socorros, em caso de sinistro marítimo.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 9 de Janeiro de 1915)
O sr. Marques de Sousa comunicou também haver trocado impressões com o chefe do governo acerca da abertura de uma estrada ao longo da costa, para facilitar a prontidão dos socorros, em caso de sinistro marítimo.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 9 de Janeiro de 1915)
A norte, nada de novo...
Logicamente previsível, esta enérgica tomada de decisão no sentido de serem reclamadas condições condignas para salvamento de náufragos, parecem ser posteriores a outro navio perdido sensivelmente na mesma área dos naufrágios anteriores. Porém, em forma de achega por ter sido grave, falha a explicação por não ter merecido referência nos textos acima. Foi o caso do sinistro do vapor norueguês “Jamaica”, que ocorreu no primeiro dia desse ano de 1915, com o nefasto resultado de mais 13 tripulantes mortos, vítimas por afogamento.
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