sexta-feira, 2 de julho de 2010

Pequenos grandes paquetes! (II)


O nm “ Stella Polaris “
1952 - 1969
Rederi A/B Clipper, “Clipper Line”, Malmoe, Suécia

O nm "Stella Polaris" - postal da Clipper Line
minha colecção

Construtor : A/B Gotaverken, Gotemburgo, Suécia, 02.1927
ex “Stella Polaris”, Bergenske, Bergen, Noruega, 1927-1952
Arqueação : Tab 5.020,00 to > Tal 2.647,00 to
Cpmts.: Pp 118,66 mt > Boca 15,45 mt > Pontal 7,92 mt
Máq.: A/B Gotaverken, Suécia > 2:Di > 723 Nhp > 15 m/h
Equipagem : 130 tripulantes - 199 passageiros
dp “Scandinavia”, a funcionar como hotel flutuante, no porto de Shizuoka, Numazu-Shi, Japão, desde 1970 até 2006.
Naufragou quando rebocado, na posição 33º27’N 135º43’E, a 01.09.2006.

Este paquete deve ter sido o primeiro e o mais interessante dos navios de cruzeiros, a navegar nos anos 30 do século passado. A semelhança com os iates reais, foi uma das vantagens exploradas, revelando-se numa primeira escolha para viajar, amplamente beneficiada pelo atendimento a bordo, cujo serviço praticamente contemplava um tripulante para cada dois passageiros.
A encomenda do navio pela Bergenske ao estaleiro Gotaverken, foi de tal forma bem sucedida, que a construção iniciada em 1925, estava pronta a efectuar as provas de mar em Setembro de 1926, culminando com a entrega do navio ao proprietário a 26 de Fevereiro de 1927, cinco semanas antes do prazo previsto. Foi madrinha do paquete a menina Lehmkuhl, filha do director do armador, que antecipou nessa época a necessidade de ter um navio a operar no mercado de cruzeiros a tempo inteiro, enquanto que as outras empresas apenas apresentavam ofertas similares, quando se verificavam quebras de passageiros nas linhas regulares ou durante os Invernos rigorosos no Atlântico Norte.
O interior do navio esbanjava pormenores esplendidos, com 6 cobertas para os passageiros, incluindo um magnifico espaço sobranceiro à ponte de navegação, sendo que as cobertas inferiores eram igualmente apetecíveis. No convés superior, de ambos os lados, estavam colocados 7 escaleres salva-vidas e ainda dois botes com motores rápidos e no piso inferior existiam 9 camarotes e o ginásio. Imediatamente abaixo ficava o salão de música, o café Varanda e um quarto para fumadores. A sala de jantar acomodava um máximo de 214 convidados, o que significa que todos os passageiros podiam ser atendidos em simultâneo. Neste salão o tecto era iluminado por um conjunto de 150 lâmpadas, dispostas a formar uma estrela. Ainda na coberta “C” existiam 4 suites, ricamente decoradas com diversos tipos de madeira trabalhada e alguns camarotes, também distribuídos pelas cobertas “D” e “E”.
Depois de diversas viagens redondas à volta do globo e muitas milhas percorridas em águas europeias, em 1940, durante o segundo conflito armado, o paquete cai inevitavelmente em poder da marinha Alemã, para felicidade das tripulações dos submarinos, durante os seus períodos de descanso, até 1943. Do mesmo modo, a Kriegsmarine ainda utilizou o navio até ao final da guerra, como transporte de tropas. Devolvido ao armador durante o ano de 1945, o aspecto luxuoso da sua decoração apresentava-se completamente canabalizado. Todavia, existia ainda um largo potencial para retomar a sua exploração comercial, o que motivou o regresso a Gotemburgo, sendo remodelado pelos construtores. No processo o navio alterou a ponte de navegação, sendo-lhe aumentado um elegante salão de baile. A quantia paga pela companhia na reconstrução do paquete, viria a ultrapassar o valor da sua aquisição em 1927!
Colocado à venda durante alguns anos, foi adquirido pelo armador Einar Hansen, da companhia Sueca "Clipper Line", em 1952, que lhe manteve o nome, mas logo o fez seguir para o estaleiro Gotaverken, onde foi modernizado, renovando os espaços públicos e instalado um circuito completo de ar condicionado. Dois anos depois foi novamente reconstruído, desta feita pelo estaleiro AG Weser, em Bremen. Os novos melhoramentos reduzem-lhe a capacidade para somente 155 passageiros, tendo na ocasião recebido um motor Burmester & Wain, com características idênticas à máquina de origem, que viria a utilizar até à sua venda.
Em 1969, completados 42 anos de operação contínua, apesar das modernizações efectuadas em 1965 e em 1968, tornava-se imperioso para a Clipper Line trocar o navio por uma nova unidade. Incapaz de conseguir o necessário financiamento, a empresa opta pela venda do navio, seguindo-se o final das actividades ligadas ao mercado de cruzeiros. O novo proprietário, a companhia Japonesa International Houdse Cy, de Tóquio, posiciona o navio no porto da pequena localidade de Kisho Nishiura, como hotel flutuante, até 2005. Desde então e ainda pintado no casco o nome de baptismo, passou a ser identificado e utilizado como restaurante, com o nome «Floating Restaurant Scandinavia», considerando que entretanto já lhe tinha sido retirado o seu aparelho propulsor.
Em finais de Agosto, a empresa Sueca “Petro Fast AB”, confirmou a compra do navio e a intenção de levá-lo de volta para Estocolmo, onde continuaria a seu utilizado como hotel e restaurante. E assim, trinta anos depois regressa ao mar, para entrar em porto próximo, onde devia receber melhoramentos, que possibilitassem efectuar a longa viagem até à Europa. Durante o processo de reboque, começou a meter água e na impossibilidade de reparação, acabou ao largo da costa Sudoeste do Japão, onde permanece afundado a 70 metros de profundidade.
Na elaboração deste artigo, foi utilizado parte dum texto original traduzido do inglês, assinado por Paul Timmerman

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