segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Companhias Portuguesas - A Frasil


Empresa de Navegação Frasil, Lda.
Lisboa

Devo confessar não ter um conhecimento profundo sobre a história desta empresa. Por esse motivo posso apenas imaginar uma série de opções erradas, que levariam ao seu rápido desaparecimento. Ter navios no mar a navegar com a bandeira portuguesa, sempre mereceu da nossa parte os maiores elogios. Posicionar navios gastos pelo tempo a concorrer lado a lado com companhias estrangeiras, no mercado internacional, com frotas novas ou semi-novas e eventualmente com melhores fretes, leva qualquer um à falência, mesmo sendo bem intencionado. Gasta a primeira aposta, foi tentado o plano "b", colocando os navios a operar na cabotagem nacional, num período em que o país estava relativamente bem servido de meios, deixou os "Sãos" de porões vazios, a contrair divídas, até ao desgaste final na barra dos Tribunais, com a sempre penosa arrematação dos navios em hasta pública.

" São Silvestre "
1952-1965

O "São Silvestre" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-429 > Iic.: C.S.K.W. > Porto de registo : Lisboa
Construtor : Gebroeders Bos, Groningen, Holanda, 07.1927
ex “Everhard” - R. Kramer, Groningen, Holanda, 1927-1927
ex “Funchalense” - Emp. Naveg. Madeirense, Lda., 1927-1952
Tonelagens : Tab 381,89 to > Tal 188,57 to > Porte 500 to
Cpmts.: Ff 45,55 mt > Pp 43,42 mt > Bc 7,05 mt > Ptl 3,23 mt
Máq.: Motorenfabrik Deutz, 1927 > 1:Di > 350 Bhp > 6,5 m/h
Vendido à Componave em 1965, mudou o nome p/ “Maricarmem”

“ São Silvares “
27.05.1958-29.11.1967

O "São Silvares" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-455 > Iic.: C.S.I.O. > Porto de registo : Lisboa
Cttor.: Bornholm Maskinfabrik, Ronne, Dinamarca, 12.1902
ex esc. “Johannes” – A/S Ronne Seilskib Rederi, 1902-1937
ex “Nossa Srª dos Anjos” - Mutualista Açoreana, 1937-1952
ex “Labrincha” - Labrincha & Filho, Lisboa, 1952-1958
Tonelagens : Tab 377,12 > Tal 229,14 to > Porte 590 to
Cpmts.: Ff 40,51 mt > Pp 37,78 mt > Bc 8,87 mt > Ptl 3,69 mt
Máq.: Volund, Dinamarca, 1951 > 1:Di > 450 Bhp > 8 m/h
Concluiu a 22.06.1966 a última viagem ao serviço da empresa, sendo imobilizado e arrestado. Vendido por ordem do Tribunal do Trabalho de Lisboa, pela firma Soares & Mendonça, Lda., a José Maria da Silva, que o revendeu à Componave por um milhão de escudos em 18.12.1967. (a)
dp “Amisil” - propriedade da Componave, Lisboa, 1967-1974
(a) Apontamentos de Luís Miguel Correia, que agradeço.

“ São Silvério “
1959-1963

O "São Silvério" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-463 > Iic.: C.S.H.W. > Porto de registo : Lisboa
Cttor.: Shipyard Dibles, Ltd., Southampton, Inglaterra, 06.1921
ex “Loriente” - Morgan & Cadogan, Inglaterra, 1921-08.1946
ex “Costeiro” – Sociedade Geral, Lisboa, 1946-1959
Tonelagens : Tab 685,55 to > Tal 445,00 to > Porte 900 to
Cpmts.: Ff 56,13 mt > Pp 54,25 > Bc 8,82 mt > Ptl 3,45 mt
Máquina : MAN, Alemanha, 1950 > 1:Di > 800 Bhp > 10 m/h
Naufragou devido a encalhe na Ilha Salvora, situada ao largo de Vigo, Espanha, a 19.03.1963

“ São Silvano “
1960-1965

O "São Silvano" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-464 > Iic.: C.S.E.W. > Porto de registo : Lisboa
Cttor.: Pusnaes Stpri & Mt. Fabrik, Arendal, Noruega, 10.1919
ex “Truma” - O. Dahl, Pusnaes, Noruega, 1919-1926
ex “Martha” - C. Hannevig, Noruega, 1926-1930
Navio com casco de madeira, foi reconstruído em aço em 1926
ex “Corvo” - Bensaúde & Cª., Lisboa, 1930-1958
ex “Oscar” – Mutualista Açoreana, Lisboa, 1958-1960
Tonelagens : Tab 773,20 to > Tal 522,61 to > Porte 965 to
Cpmts.: Ff 60,03 mt > Pp 55,77 mt > Bc 9,26 mt > Ptl 3,97 mt
Máquina : MAN, Alemanha, 1962 > 1:Di > 950 Bhp > 10 m/h
Vendido à Componave em 1965, mudou o nome para “Silnave”

4 comentários:

Rui Amaro disse...

Reimar Amigo as "reliquias do passado" estão contigo!
Eram daquelas embarcações mercantes que dsvs gosto vê-las nos portos do Douro e Leixões.
Apesar de eu proprio ter tirado fotos de algumas dessas preciosidades, digo "Grandes Guerreiros - pai e filho" da Foto Mar, Leixões.
Não era descavido postares uma crónica de homenagem áqueles conceituados fotógrafos maritimo-portuários. Pensa nisso!
Saudações maritimo-entusiásticas.
Rui Amaro

Luis Filipe Morazzo disse...

Caro Reimar

Se me permitir complementar os históricos desta frota, só faltou dizer que o “São Silvano” acabou desmantelado em Alhos Vedros em 1982, o “São Silvares” acabou as suas singraduras em Lisboa, sendo desmantelado em 1992 e finalmente o “São Silvestre” acabou os seus dias num naufrágio inglório no Cabo da Gata, sul de Espanha, em Dezembro de 1977.
Apanhando a boleia do amigo Rui Amaro, vou também aproveitar para meter a minha cunhazita. Gostaria de perguntar ao catedrático Reimar, depois ter feito uma brilhante análise, criteriosa e profissional, das frotas bacalhoeira e mercante nacional, porque não agora, um olhar sobre a frota de pesca do arrasto? Frota esta, que sofreu um grande impulso a partir de 1939, altura em que foi criado o Grémio dos Armadores da Pesca de Arrasto. O abastecimento do país ficou muito a dever a este sector, pois já naquela altura, a frota era composta por mais de 50 bons e sólidos arrastões, e aprovar isso, muitos deles conseguiram chegaram até às décadas de 60, (altura em que a frota chegou a contar mais de 100 unidades) 70 e mesmo 80.

Obrigado

Saudações marinheiras

Luis Filipe Morazzo

Erik Azevedo disse...

Muito instrutivo seu blog, materias muito boas, fotos raras e assunto muito interessante, tambem possuo um bolg apenas estou começando, pois tambem sou Maritimo e nao tenho muitos dias de descanso em terra, espero sempre poder acompanhar seu trabalho.

Saudações Mercantes
Erik Azevedo
http://naviosnoportodevitoriaes.blogspot.com/

reimar disse...

Caros amigos!
Tenho vindo a montar parte de um puzzle relativamente aos navios da pesca do bacalhau, com novas e curiosas informações, que inclusive poderão obrigar a refazer os posts já publicados.

Rui!
Bem pensado... Como deves saber fui amigo do pai Guerreiro, da mãe, infelizmente falecida recentemente com 93 anos de idade e mantenho uma relação próxima com o jovem Guerreiro, que já não é tão jovem assim.
Vou tratar do assunto em conformidade brevemente.

Caro amigo e Sr. Morazzo!
Enquanto leitor da RM consigo imaginar os seus gostos marítimos e perceber o seu interesse aos navios da pesca de arrasto. Acontece que eu tenho uma ligação afectiva em relação à Marinha, talvez por isso mesmo não escreva mais, aos navios de comércio e por mero acaso aos navios da pesca do bacalhau. Devo esta paixão ao Capitão Francisco Marques, que me disse que quem começa nunca mais pára e também ao amigo David Calão, que sugeriu ainda haver muito por fazer e outro tanto para descobrir.
Peço desculpa mas realmente a pesca de arrasto foge completamente à minha área.

Erik!
Obrigado pela presença no blog. Recebi recentemente fotos de Vitória e lhe dou meus parabéns. Sua cidade, o porto, a baía do Suá, o Palácio Anchieta e tantas outras coisas deixaram-me perplexo e apaixonado. Quem sabe qualquer dia vou por aí.
Um grande abraço atlântico...