O naufrágio do brigue inglês "Jane & Mary"
Desenho de navio do tipo brigue, sem correspondência ao texto
Características do brigue “Jane & Mary”
Armador: Crawford, Sunderland
Nº. Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de registo: Sunderland
Construtor: Não identificado, Sunderland, 1832
Arqueação: Tab 200,00 tons - Tal 184,00 tons
Dimensões: Informação indisponível
Propulsão: À vela
Equipagem: 5 tripulantes
Nº. Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de registo: Sunderland
Construtor: Não identificado, Sunderland, 1832
Arqueação: Tab 200,00 tons - Tal 184,00 tons
Dimensões: Informação indisponível
Propulsão: À vela
Equipagem: 5 tripulantes
Mais um naufrágio
Há hoje a registar mais um naufrágio nessa terrível voragem a que chamam barra do Porto. O brigue inglês “Jane & Mary”, capitão John Greny, ao entrar ontem a barra foi encalhar no Cabedelo e ficou completamente perdido.
O naufrágio teve lugar às 3 horas e 20 minutos da tarde, mas por felicidade poucos momentos depois estava salva a tripulação pelas catraias. O brigue vinha de Sunderland em 44 dias, com carvão para a Companhia do Gaz.
Segundo a parte do piloto que abaixo se reproduz, na ocasião em que o “Jane & Mary” vinha a entrar, afrouxou o vento, e o brigue desgovernado bateu na pedra «Folga-manadas», e começando a meter água foi encalhar no Cabedelo.
Porém, diz-se por aí, que concorrera para o naufrágio o ter sido necessário seguir na entrada um rumo muito tortuoso, para se desviar do casco do vapor “Bacchante”. Não asseveramos, referindo simplesmente estes comentários, para evitar reclamações.
O barco salva-vidas ainda chegou a sair, mas os serviços que ele poderia prestar no salvamento dos náufragos, já haviam sido prestados pelas catraias.
O ofício do piloto é o seguinte:
«Ontem, vindo a entrar os brigues “Star” e “Jane & Mary”, este dentro do banco, o vento abonançou, desgovernando o navio, pelo que foi bater na «Folga-manadas». Pude conseguir salvar toda a tripulação, e este brigue foi depois encalhar no Cabedelo cheio de água. O “Star” como estivesse mais um pouco por fora deste, pôde sair pelo canal do sul sem novidade. Foz do Douro, 13 de Abril de 1857 M.L. Monteiro – Piloto-mor».
Os dois últimos naufrágios, que foram presenciados nesses escolhos, que deveriam já estar destruídos, não despertaram ainda o letargo em que jaz! Tanta indiferença é na verdade altamente censurável.
Pelo menos deem a esse imposto, que o comércio da cidade está a pagar indevidamente, a aplicação que ele deve ter. Dos trezentos contos que os nossos governos terão já recebido para obras na barra, quanto se terá gasto no seu melhoramento?
Se não se pode conseguir tudo, quebrem-se ao menos algumas dessas pedras mais notáveis, e para isso chegará decerto a soma que já lá tem. Só em Portugal é que se vê tanta indiferença, descurando-se de uma obra da mais instante necessidade, e já não seria sem tempo se se fizesse alguma coisa.
(Jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 13 de Abril de 1857)
O naufrágio teve lugar às 3 horas e 20 minutos da tarde, mas por felicidade poucos momentos depois estava salva a tripulação pelas catraias. O brigue vinha de Sunderland em 44 dias, com carvão para a Companhia do Gaz.
Segundo a parte do piloto que abaixo se reproduz, na ocasião em que o “Jane & Mary” vinha a entrar, afrouxou o vento, e o brigue desgovernado bateu na pedra «Folga-manadas», e começando a meter água foi encalhar no Cabedelo.
Porém, diz-se por aí, que concorrera para o naufrágio o ter sido necessário seguir na entrada um rumo muito tortuoso, para se desviar do casco do vapor “Bacchante”. Não asseveramos, referindo simplesmente estes comentários, para evitar reclamações.
O barco salva-vidas ainda chegou a sair, mas os serviços que ele poderia prestar no salvamento dos náufragos, já haviam sido prestados pelas catraias.
O ofício do piloto é o seguinte:
«Ontem, vindo a entrar os brigues “Star” e “Jane & Mary”, este dentro do banco, o vento abonançou, desgovernando o navio, pelo que foi bater na «Folga-manadas». Pude conseguir salvar toda a tripulação, e este brigue foi depois encalhar no Cabedelo cheio de água. O “Star” como estivesse mais um pouco por fora deste, pôde sair pelo canal do sul sem novidade. Foz do Douro, 13 de Abril de 1857 M.L. Monteiro – Piloto-mor».
Os dois últimos naufrágios, que foram presenciados nesses escolhos, que deveriam já estar destruídos, não despertaram ainda o letargo em que jaz! Tanta indiferença é na verdade altamente censurável.
Pelo menos deem a esse imposto, que o comércio da cidade está a pagar indevidamente, a aplicação que ele deve ter. Dos trezentos contos que os nossos governos terão já recebido para obras na barra, quanto se terá gasto no seu melhoramento?
Se não se pode conseguir tudo, quebrem-se ao menos algumas dessas pedras mais notáveis, e para isso chegará decerto a soma que já lá tem. Só em Portugal é que se vê tanta indiferença, descurando-se de uma obra da mais instante necessidade, e já não seria sem tempo se se fizesse alguma coisa.
(Jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 13 de Abril de 1857)
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