sábado, 18 de agosto de 2018

História trágico-marítima (CCLX)


O naufrágio do vapor inglês “Emylton”, no dia 19 de Março de 1922, na viagem de Pomarão para Caen, França, com carga de pirites.

Navio abandonado
No Ministério da Marinha foi entregue um telegrama da capitania do porto do Porto nos seguintes termos:
«Foi recebido um rádio de bordo do navio “Cabo Creux”, (*) pedindo para ser avisada a navegação de que a 4 milhas de Montedor, latitude 41º48’N, e longitude 8º58’W, havia um navio inglês, o “Emylton”, abandonado, tendo aquele salvo a sua tripulação».
Em seguida a este aviso, saiu o cruzador inglês “Snapdragon”, que se encontrava ancorado em Leixões, regressando ontem ali, não encontrando navio algum abandonado.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 21 de Março de 1922)

Imagem de vapor, sem correspondência ao texto

Características do vapor inglês “Emylton”
1920-1922
Armador: Emylin Line Ltd., Cardiff, Grã-Bretanha
Construtor: John Chambers, Lowestoft, Inglaterra, 12.1920
Arqueação: Tab 700,00 tons
Dimensões: Pp 54,30 mts - Boca 8,40 mts
Propulsão: 1:Te
Sinistro marítimo
Viana do Castelo, 20 – Ontem, pelas 9 horas da manhã, apareceu a oeste da barra, muito ao largo, um vapor, adernado a estibordo, com sinais içados, que de terra foi impossível identificar.
Para o norte navegava um outro vapor, que parece não ter reconhecido os sinais que do semáforo lhe foram feitos e quando já muito ao norte do vapor em perigo, desfez de rumo, aproximando-se deste.
Depois de alguns esforços empregados para o socorrer e de fazer várias evoluções, desistiu de lhe dar reboque, seguindo para o norte; não se sabe se tomou a tripulação. Passados alguns momentos, o vapor em perigo, levado pela corrente, perdeu-se de vista.
O vapor que tentou socorrê-lo parece pertencer à linha Ybarra, de Sevilha. Consta-se que o vapor foi, mais tarde, rebocado para o norte.
O salva-vidas, como em terra corresse que duas baleeiras se aproximavam da praia, saiu a barra e navegou para o norte, no propósito de salvar vidas, caso as baleeiras fossem encontradas.

Viana do Castelo, 21 – Relativamente à informação anterior sobre o navio em perigo, acrescenta-se que era inglês e se chama “Emylton”, tendo a tripulação sido salva pelo vapor espanhol “Cabo Creux”.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 21 de Março de 1922)

Imagem do vapor espanhol "Cabo Creux"
Desenho de autor desconhecido

(*) O vapor “Cabo Creux”, 1919-1962, (segundo navio da firma armadora com o mesmo nome), era propriedade da empresa Ybarra & Cª., de Sevilha, Espanha, porto onde estava matriculado. Foi construído nos Astilleros del Nervion S.A., em Bilbao, arqueava 3.717 toneladas de registo bruto e tinha 99,16 metros de comprimento).

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