domingo, 29 de novembro de 2015

História trágico-marítima (XXII)


Duas etapas do lugre "Rio Mondego"
O princípio e o fim!...
1ª. parte

Página da revista Ilustração Portuguesa Nº 633,
com data de 8 de Abril de 1918

Volvidos quase cem anos sobre a publicação desta revista, não fôra a necessidade de mostrar ao país como era importante continuar com a construção naval em madeira, para de cerca forma ser possível fazer concorrência aos vapores postos ao serviço dos transportes do Estado, muito pouco se saberia!
Como advém da própria leitura do texto, percebe-se da existência de um relacionamento próximo com pessoas da Sociedade Figueirense de Construções Navais, eventualmente os próprios gerentes da empresa srs. Manuel Alberto Rei (regente agrícola!) e Joaquim Águas Ferreira dos Santos, que muito inteligentemente contam com a colaboração (e provavelmente suporte técnico), do muito conhecido e apreciado capitão José da Cunha Ferreira.
Enfim, compreende-se o entusiasmo; enquanto no estaleiro do Cabedelo eram construídos os iates "Cabo Espichel" (1918-1929) e "Cabo Raso" (1918-1921), por António Maria Bolais Mónica e no estaleiro da Figueira o construtor Sebastião Gonçalves Amaro avançava nos fabricos do lugre "Vila de Buarcos" (1918-1919), na Murraceira reinava Jeremias Martins Novais, construindo três gigantes: os lugres de 4 mastros "Rio Mondego" (1918-1919), de 1.500 toneladas, o idêntico lugre "Titan" (1918-1920), depois "Curvos" (1920-1921), de 1.800 toneladas e um outro lugre mais pequeno, o "Julietta" (1918-1920) de 600 toneladas.
Compreensível ou não, questiono-me múltiplas vezes como é que um construtor naval conseguia construir diversos navios simultaneamente, em estaleiros situados a razoável distância. Devo lembrar que estamos a relatar eventos com origem em 1918 e tanto quanto sei as estradas deixadas pelo ministro Fontes Pereira de Melo, estavam muito aquém do razoável.
Senão vejamos; se Jeremias Martins Novais estava em Vila do Conde a construir o iate "Fortunato dos Santos", seria apenas responsável pelo acompanhamento da construção dos navios à distância, e nessa conformidade, as construções seriam assinadas pelo sub-construtor J.F. Boucinhas, cujo nome por ausência de regularidade lamentavelmente passa despercebido, apesar dos belíssimos navios construídos.

Capa da revista Ilustração Portuguesa Nº 639,
com data de 20 de Maio de 1918, com a foto da
madrinha do navio, Srª. Dª Maria Julieta Laidley
Imagem do fotógrafo sr. Pereira Monteiro

Revista Ilustração Portuguesa Nº 639, com data de 20
de Maio de 1918, com a notícia do bota-abaixo do navio.
Imagem do fotógrafo sr. Pereira Monteiro

... Continua ...

Sem comentários: