quarta-feira, 26 de março de 2014

Memórias dum passado recente!... (X)


A chegada do aviso “Gonçalo Velho” a Lisboa
2ª Parte

Foto-postal do aviso de 2ª classe "Gonçalo Velho"
Edição da Marinha Portuguesa - M/ colecção

Identificação do aviso de 2ª classe “Gonçalo Velho”
(Em comissão de serviço entre 1933 e 1961)
Nº Oficial: F475 (1946) - Iic.: C.T.B.B. - Registo: Lisboa
Construtor: Hawthorne Leslie & Co., Ltd., Hebburn, G.B., 1932
Arqueação: Tab 1.265,74 tons - Tal 357,26 tons
Deslocamento: St 966,00 to - Mx 1.435,61 to - Nm 1.173,48 to
Dimensões: Pp 72,20 mts - Boca 10,85 mts - Pontal 5,18 mts
Propulsão: Do construtor - 2:Tv - 2x1000 Bhp - 17 m/h
Equipagem: 147 tripulantes

O “Gonçalo Velho” tem sido visitado
e admirado por milhares de pessoas
O “Gonçalo Velho” que continua atracado ao cais da Alfândega, tem sido muito visitado. Para evitar grande aglomeração de gente a bordo, o público é contido à distância junto aos portões de acesso ao cais, só entrando por turnos de algumas dezenas.
Uma vez dentro do navio, os visitantes eram acompanhados por oficiais, sargentos e praças, que davam todos os esclarecimentos sobre o funcionamento da artilharia de 120 mm e das peças anti-aéreas, das máquinas, etc. Os populares percorriam interessados o navio de lés a lés, desciam às câmaras, às cobertas, a todas as dependências e subiam até ao alto da ponte, onde observavam a torre de comando da artilharia e tantos outros mecanismos curiosos de que o navio vem provido. Quando um turno saía, era içada no mastro da ré um galhardete indicando que os portões do cais podiam de novo ser abertos, para dar entrada a mais algumas dezenas de populares. Muita gente não chegou a visitar o navio, porque a noite veio fazer cessar as visitas. Ao fim da tarde, devido ao grande número de pessoas e ao desejo que todas tinham de entrar a bordo, deram-se ainda alguns incidentes com a força pública, mas sem quaisquer consequências.
Um numeroso grupo de escuteiros esteve pelo meio-dia a bordo, visitando demoradamente o navio. As pessoas que tiveram a sorte de conseguir entrar a bordo não ocultavam a excelente impressão colhida na visita. O “Gonçalo Velho” estará ainda patente ao público durante alguns dias.

- O sr. ministro da Marinha continuou ontem a receber um grande número de telegramas e cartas de todos os pontos do país, saudando-o e à Marinha de Guerra pela entrada no Tejo do “Gonçalo Velho”. Desses telegramas destacamos os seguintes: Arcebispo de Évora, Comandante e oficiais da Escola Prática de Engenharia, Conselho de Administração da Companhia Nacional de Navegação, Liga dos Oficiais da Marinha Mercante, governadores civis e comissões da União Nacional de Évora, Funchal, Bragança e Portalegre, administrador do concelho do Fundão, câmaras municipais de Pinhel, Abrantes, Vila do Conde, Vinhais, juntas de freguesia de Abrantes, Cedofeita e Póvoa de Varzim, Associação Comercial de Cascais e do Clube Fluvial Portuense.
- O sr. ministro da Marinha tem continuado a receber inúmeros telegramas e cartas de felicitação pela entrada no Tejo da primeira unidade naval. O sr. comandante Mesquita Guimarães recebeu também da direcção do Clube Fluvial Portuense o seguinte telegrama:
«Reiterando a nossa satisfação pelo ressurgimento da gloriosa marinha, solicitamos que a visita do “Gonçalo Velho” ao Porto se efectue num Domingo, a fim de poder receber a grandiosa manifestação promovida por este clube».
- O sr. ministro da Marinha determinou que fosse publicado na ordem da armada e lido em formatura nas respectivas unidades o discurso do sr. dr. Oliveira Salazar, presidente do Ministério, quando da sua visita ao “Gonçalo Velho”.
- O novo aviso de guerra volta quinta-feira a amarrar à bóia, sendo depois visitado pelos oficiais de artilharia de costa, aspirantes do Exército e da Armada. O seu comandante sr. Capitão-de-Fragata Francisco Luz Rebelo apresentou hoje os seus cumprimentos ao sr. ministro da Marinha, Comandante Geral da Armada, Chefe do Estado-maior Naval, Director Geral da Marinha, Intendente do Arsenal e chefe do Departamento Marítimo do Centro.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 4 de Abril de 1933)

O “Gonçalo Velho”
- O sr. ministro da Marinha recebeu hoje mais o seguinte telegrama: Funchal – Cumprimento V.Exª. pela entrada em Portugal da primeira unidade da nova Marinha de Guerra – (a) Governador Civil
- A direcção da Associação Industrial Portuguesa congratula-se vivamente com a chegada a Portugal da primeira unidade do grande plano de construção da Armada nacional fazendo votos pela obra encetada. (a) Presidente, José Maria Alves
- O sr. general José de Abreu Mateus Ortigão enviou ao comandante Mesquita Guimarães, a seguinte carta: «Notando com especial agrado a verdade das palavras proferidas pelo Exmº. sr. dr. Oliveira Salazar – para que pudessem sulcar os mares navios portugueses, foi preciso que a charrua sulcasse mais extensamente e melhor a terra da Pátria – cabe-me a honra de felicitar V. Exª. pela patriótica consagração que em 1 do corrente teve a obra realizada por V.Exª., nesta terra de marítimos, a que ainda preside o Infante de Sagres, e de lavradores associados. A Federação dos Sindicatos Agrícolas do Algarve a que tenho a honra de presidir, todos juntos, incansáveis lidadores ora com remos, ora com a charrua, enviamos a V.Exª. as nossas mais cordiais saudações».
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 5 de Abril de 1933)

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