sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O erro (2) !...


O navio do quadro

Quero que saibam que tal como aconteceu no post anterior, também encontrei esta pintura na net, sem indicações, mas que facilmente se constata tratar-se de um navio a navegar com a bandeira nacional, apresentando no mastro grande uma flâmula com o nome do respectivo armador.

A pintura apresentada sem a assinatura do autor e sem elementos de suporte, permite todavia a fácil identificação do navio, como tendo sido construído em Inglaterra em 1870, pertencer a um armador do Porto, estar registado na Capitania de Lisboa, com o Nº Oficial 414-A. Respondia pelo indicativo internacional de chamada com as letras H.B.N.P., tinha 966,42 tons. de arqueação bruta, 924,75 tons. de arqueação liquida, 64,62 metros de comprimento entre perpendiculares, 10,80 metros de boca e 6,42 metros de pontal.

Muito bonito, mas...

Definido como embarcação de longo curso para operar no serviço comercial, fez uma campanha à pesca do bacalhau, em 1919, sob o comando do distinto Sr. capitão António Marques, situação anormal em função do paupérrimo número de navios disponíveis no país, por força dos ataques e torpedeamentos perpetrados pelos submarinos alemães durante a Iª Grande Guerra.

Sabe-se ainda ter enfrentado um violento temporal, no decurso de uma viagem com passagem pela África do Sul, que obrigou o navio a procurar refúgio no porto da Cidade do Cabo, quase completamente desmastreado, entre muitas outras avarias. A dificuldade em encontrar localmente construtores navais em madeira e a falta de madeira apropriada, provocou a alteração da tipologia do navio de galera para lugre-patacho, para poder completar a viagem.

Por esse motivo, a pintura do navio está incorrecta, pois deveria representá-lo como lugre-patacho, tal como a documentação portuguesa o define, já que os ingleses igualmente o reconhecem como “barquentine”. Já agora, de que navio se trata ?

3 comentários:

Rui Amaro disse...

....e teve três nomes, ou melhor mais um quarto, este repetido, um como Inglês (o tal famoso) e dois como Português, com um dos quais, o penúltimo, e como lugre-patacho de três mastros realizou uma campanha aos Grandes Bancos.
Não é dificil referenciar os seus três nomes.
Saudações maritimo.entusiásticas
Rui Amaro

fangueiro.antonio disse...

Boa noite.

Pois não é muito difícil e até se pode lêr lá no topo do mastro o nome "Ferreira", mais tarde "Maria do Amparo". Este é pois o bem "mais" conhecido mundialmente "Cutty Sark", digo "mais" porque durante a sua carreira até foi por mais tempo português do que inglês, só que o marketing inglês funciona melhor que o nosso e na verdade merece ser conhecido "em anglo-saxónico", pois foram eles que o salvaram e preservaram (bem sabemos o que nós portugueses fizemos ao belíssimo "Thermopylae", companheiro de corridas do "Cutty Sark"). Acho sempre fascinante imaginar este navio numa campanha à pesca do bacalhau. Navios deste calibre ao bacalhau só mesmo os do Pacífico, os grandes cargueiros de madeiras adaptados, como o "Wawona" ou o "C.A. Thayer".

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

Rui Amaro disse...

O galhardete hasteado no mastro grande (main mast) tudo leva a crer ser do nome da galera, neste caso da Lusa FERREIRA, porque neste tipo de embarcações a bandeira do armador usualmente é vista no mastro da mezena (terceiro), onde pode ser colocada a bandeira nacional, que se distingue na verga da mezena.
(vou-te passar uma foto da British CUTTY SARK, está claro como Portuguesa FERREIRA, da Invicta, acostada no Birknhead, Mersey,
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro