domingo, 12 de setembro de 2010

Navios da frota costeira do Brasil (2)


Companhia Nacional de Navegação Costeira
1891 - 1965
Operadores : Irmãos Lage
Avenida Rodrigues Alves, 303, Rio de Janeiro

Peguei um «Ita» no norte, p´ra vir pró Rio morar,
Adeus meu pai, minha mãe, adeus Belém do Pará.

Letra do tema “Peguei um Ita no Norte”, escrito e interpretado por Dorival Caymmi (*), compositor e músico de grande talento, nascido em S. Salvador da Bahia e falecido recentemente, considerado um dos principais vultos da cultura e da música popular Brasileira.

navio ITATIAYA
1891-1922
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 1883
ex “Canning”, Lamport & Holt, Liverpool, 1883-1891
Arqueação : Tab 645,00 tons - Tal 403,00 tons
Dimensões : Pp 64,98 mts - Boca 9,78 mts - Pontal 3,84 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 114 Nhp - 9 m/h
Sem rasto após 1927. Eventualmente vendido para demolir.

navio ITAUÑA
1891-1922
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 1883
ex “Chatham”, Lamport & Holt, Liverpool, 1883-1891
Arqueação : Tab 647,00 tons - Tal 401,00 tons
Dimensões : Pp 64,98 mts - Boca 9,78 mts - Pontal 3,84 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Cp - 2:Ci - 114 Nhp - 8 m/h
Transformado em pontão a partir de 1922. Sem rasto.

navio ITAQUI
1891-1959
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 09.1891
Arqueação : Tab 754,00 tons - Tal 512,00 tons
Dimenções : Pp 70,35 mts - Boca 10,12 mts - Pontal 3,84 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 101 Nhp - 9 m/h
Sem rasto após 1927. Eventualmente vendido para demolir.

navio ITAPOAN
1891-1959
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 10.1891
Arqueação : Tab 752,00 tons - Tal 512,00 tons
Dimensões : Pp 70,35 mts - Boca 10,12 mts - Pontal 3,84 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 101 Nhp - 9 m/h
Lançado ao mar a 29.09.1891 e entregue ao armador em Glasgow a 04.11.1891, foi utilizado no início unicamente no transporte de mercadorias, operando alternadamente entre o norte e o sul do Brasil. Fez igualmente viagens costeiras do Rio de Janeiro a Porto Alegre e do Rio de Janeiro a Fortaleza, no estado do Ceará. Por uma única vez viajou à Argentina, em Junho de 1916, escalando o porto de Rosário de Santa Fé, para carregar trigo destinado aos portos de Santos e do Rio de Janeiro.
Em 1926 foi fretado ao Lloyd Nacional, sendo colocado a operar nos serviços regulares de cabotagem, atendendo portos de águas restritas e pouco profundas, principalmente no nordeste, à época limitados de infra-estruturas.
Entre Janeiro e Março de 1934 efectuou 3 viagens costeiras pela Cia. Serras de Navegação e em Setembro de 1934 foi desactivado. Voltou a navegar no 1º de Agosto de 1935, também afretado pelo Lloyd Nacional, tornando-se nessa oportunidade o navio carvoeiro da frota. Desde então entrou num serviço prioritário que estabelecia ligações entre o Rio de Janeiro e Santos, com posteriores escalas em Imbituba, no estado de Santa Catarina. Na viagem de ida levava carga diversa e na viagem de retorno de Imbituba ao Rio de Janeiro, conduzia carvão das minas administradas pelas empresas de Henrique Lage. Nessa ocasião o carvão nacional estava a ser utilizado unicamente na condição de pulverizado, juntamente com o carvão importado.
A 27 de março de 1936, partindo de Santos, a navegar no estuário colidiu com o paquete americano DELSUD da Delta Line, sofrendo avarias superficiais, permitindo-lhe contudo continuar a viagem. Em 1937 o navio apresenta-se precário, sendo-lhe reduzida a operacionalidade a utilizações pontuais. É retirado de serviço em Julho desse ano, para apenas voltar a navegar em Junho de 1938, sempre com carregamentos de carvão desde Santa Catarina. Em Março de 1939 volta a amarrar, sendo reactivado em Janeiro de 1940. Em Novembro de 1941 é novamente desactivado, permanecendo amarrado agora por um longo período, até Outubro de 1946, para efectuar viagens do Rio de Janeiro à Laguna, em Santa Catarina, a fim de carregar carvão mineral catarinense para utilização nas grandes empresas de Rio de Janeiro.
Nessa época o navio figurava como o que mostrava mais sinais de desgaste na frota, no entanto foi mantido a navegar até os anos 50, período em que fica conhecido pela alcunha de "submarino", por força da má estabilidade e pelo assentuado ângulo de banda que descrevia, permitindo a entrada de água através das vigias do costado. Mesmo assim continuou em serviço até 1951, colocado na linha entre o Rio de Janeiro e os portos nordestinos, ainda queimando carvão, a 6 nós de velocidade, sendo tripulado por 36 profissionais resistentes aos extenuantes esforços, que os obrigava a dura faina com a máquina a carvão.
Vendido para demolir no Rio de Janeiro em Março de 1959.

navio ITAOCA
1892-1894
Cttor.: J. & G Thomson, Ltd., Clydebank, Escócia, 16.02.1892
Arq.: Tab 1.306,00 tons - Tal 692,00 tons - Porte 1.205 tons
Dimensões : Pp 85,34 mts - Boca 10,97 mts – Pontal 3,11 mts
Máq.: J. & G. Thomson, Ltd., 1892 - 2:Te - 315 Nhp - 14-16 m/h
Sofreu um grave incêndio em estaleiro no Rio de Janeiro, durante trabalhos de manutenção a 17 de Dezembro de 1893, sendo praticamente consumido pelo fogo. Amarrado no mesmo estaleiro, viria a afundar-se durante o ano de 1894.

navio ITAIPÚ
1892-1897
Cttor.: J. & G Thomson, Ltd., Clydebank, Escócia, 03.1892
Arqueação : Tab 1.306,00 tons - Tal 692,00 tons
Dimensões : Pp 85,34 mts - Boca 10,97 mts - Pontal 3,11 mts
Máq.: J. & G. Thomson, Ltd., 1892 - 2:Te - 315 Nhp - 14-16 m/h
Transferido para a Marinha do Brasil em 1897, mudou o nome para “Carlos Gomes”. Abatido à esquadra, foi demolido no Brasil em 1923.

navio ITANEMA
1893-1943
Cttor.: Hawthorn Leslie & Co. Ltd., Newcastle, Escócia, 04.1891
ex “Upanema”, Salinas Mossoro Assú, Brasil, 1891-1893
Arqueação : Tab 813,00 tons - Tal 553,00 tons
Dimensões : Pp 62,48 mts - Boca 9,51 mts - Pontal 4,36 mts
Máq.: Ross & Duncan, Glasgow, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 87 Nhp - 9 m/h
Vendido para demolir no Rio de Janeiro no 4º trimestre de 1943.

navio ITAIPAVA
1895-1948
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 09.1891
ex “Ondina”, Compª. de Paquetes Brasil Oriental, Rio, 1891-1895
Arqueação : Tab 904,00 tons - Tal 707,00 tons
Dimensões : Pp 70,32 mts - Boca 10,12 mts - Pontal 4,18 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 101 Nhp - 9 m/h
Vendido para demolir no Rio de Janeiro a 16 de Outubro de 1948.

navio ITAPACY
1895-1945
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 10.1891
ex “Guanabara”, Compª. de Paq. Brasil Oriental, Rio, 1891-1895
Arqueação : Tab 914,00 tons - Tal 717,00 tons
Dimensões : Pp 70,23 mts - Boca 10,15 mts - Pontal 4,18 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 101 Nhp - 9 m/h
Vendido para demolir no Rio de Janeiro no 4º trimestre de 1945.

navio ITAITUBA
1895-1948
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 1891
ex “Coritiba”, Compª. de Pqts. Brasil Oriental, Rio, 1891-1895
Arqueação : Tab 913,00 tons - Tal 717,00 tons
Dimensões : Pp 70,32 mts - Boca 10,12 mts - Pontal 4,18 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 101 Nhp - 10 m/h
Vendido para demolir no Rio de Janeiro a 16 de Outubro de 1948.

navio ITAPERUNA
1895 -1948
Construtor : Scott & Co., Greenock, Escócia, 07.1891
ex “Tramandahy”, Compª. de Pqts. Brasil Oriental, Rio, 1891-1895
Arqueação : Tab 909,00 tons - Tal 713,00 tons
Dimensões : Pp 70,41 mts - Boca 10,06 mts - Pontal 4,08 mts
Máq.: Scott & Co., Greenock, 1891 - 1:Te - 3:Ci - 101 Nhp - 9 m/h
Vendido para demolir no Rio de Janeiro no 4º trimestre de 1948.

(*) Fico muito feliz por lembrar e citar Dorival Caymmi, personalidade que tive a sorte e o privilégio de conhecer pessoalmente durante a sua última visita a Portugal, durante o mês de Fevereiro de 1993. Com ele conversei sobre os mais variados assuntos, valorizando os meus conhecimentos, através da sua extraordinária experiência de vida. De cariz culto e afável, recordo com saudade a enorme grandeza da sua simplicidade de génio.

(Continua)

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