terça-feira, 6 de julho de 2021

História trágico-marítima (CCCXVIII)


Na doca de Santos, abalroaram dois barcos de pesca
ficando um deles com a casa das máquinas alagada
Ontem de manhã, próximo do Frigorifico de Santos, onde costumam atracar os barcos de pesca chegados do alto mar e do Cabo Branco, ocorreu um abalroamento entre o arrastão “Barbosa Barata”, durante a manobra para atracar, e o arrastão “Alvor”, que já se encontrava atracado ao cais. Este arrastão sofreu um rombo à ré, na linha de água, inclinando para bombordo, começando desde logo a meter muita água, ficando meio afundado, com a casa das máquinas alagada, e só não se afundou completamente em virtude dos cabos de amarração, que o prendiam ao cais não terem rebentado.
Quatro tripulantes que estavam na proa do arrastão, gritaram para alertar os restantes que se encontravam a bordo, em número de 23, permitindo dessa forma que pudessem rapidamente saltar para o cais.
O “Barbosa Barata”, que é um arrastão moderno, construído em 1948, nos estaleiros da C.U.F., desloca 700 toneladas e é comandado pelo sr. João Coruja, considerado um capitão muito competente. Hoje, ao entrar na doca, manobrando com a perícia habitual para atracar, percebeu a dada altura que a máquina não engrenou a marcha à ré, por qualquer motivo que se desconhece, e por mais esforços que fizesse, tal como a restante tripulação, não conseguiram evitar que a proa do barco fosse embater com violência no casco do “Alvor”, que adernando, fez com que o mastro da proa fosse de encontro ao edifício do depósito de gelo, abrindo a platibanda do primeiro andar.
Foto do "Alvor" (restosdecolecção.blogspot.com)

O “Alvor” foi construído em 1920 e desloca 300 toneladas. É comandado pelo sr. José Santos Júnior, e pertence à Comp. Portuguesa de Pesca. O “Barbosa Barata”, é propriedade da firma Abílio Santos, Lda., e vinha do Cabo Branco com 95 toneladas de peixe. Ambos os arrastões estão seguros na Mútua dos Armadores da Pesca de Arrasto.
Felizmente, com o auxílio dos Sapadores Bombeiros, ainda conseguiram retirar do arrastão roupas e haveres da tripulação, mas já não puderam esgotar a enorme quantidade de água que se encontrava a bordo. Os rebocadores “Cabo Espichel” e “Cabo de Sines” vão proceder aos trabalhos de salvamento do arrastão afundado, o que será difícil, havendo, contudo, esperança de poder ser salvo. O “Alvor” tinha a bordo 30 toneladas de peixe e havia chegado na passada quarta-feira.
Continuam os trabalhos de salvamento do pesqueiro “Alvor”
Durante o dia de ontem, continuaram junto da doca do Frigorifico de Santos, os trabalhos de salvamento do “Alvor”, há dias ali afundado. Os trabalhos decorrem com o maior êxito, estando o barco já apto a receber os cabos, que dentro de dias irão trazê-lo de novo à superfície.
Fonte: “Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 4 de Agosto de 1953

O salvamento do barco de pesca “Alvor”
Continuaram, ontem, os trabalhos para o salvamento do “Alvor”, tendo sido já aplicados quatro flutuadores ao casco do barco. Esperam ser possível aplicar mais dois, dentro em breve, entre o navio e o cais. Os trabalhos têm sido difíceis, dada a posição do arrastão.
Fonte: “Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 8 de Agosto de 1953

O pesqueiro “Alvor” foi posto a flutuar
O arrastão “Alvor”, que há dias se afundara na doca de Santos, por ter sido abalroado pelo arrastão “Barbosa Barata”, foi ontem à tarde posto a flutuar. Depois de trazido à superfície, foi rebocado para uma doca-seca, a fim de receber as necessárias reparações.
Fonte: “Jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 12 de Agosto de 1953

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