segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Construção naval


O lançamento à água do navio-motor “António Carlos”

Nos estaleiros da C.U.F. realiza-se, amanhã, a cerimónia do lançamento à água do navio-motor “António Carlos”, o primeiro da série de seis do mesmo tipo, que a Sociedade Geral de Transportes mandou construir para ampliação da sua frota mercante.
À cerimónia, que se realiza às 14 horas e 45 minutos, assistem o chefe do Estado, membros do Governo e outras entidades.
Depois do lançamento à água daquela unidade, procederão ao assentamento da quilha e cravação do primeiro rebite do navio-motor “Conceição Maria”, o segundo da mesma série.
Estes navios tem de comprimento entre perpendiculares 86 metros, deslocam 4.518 toneladas e possuem seis anteparas estanques. Dispõem de dois amplos porões e de duas cobertas, têm bons alojamentos para a tripulação e camarotes para oito passageiros.
A Sociedade Geral de Transportes vai mandar construir, ainda, quatro unidades de 3.800 unidades cada, com a velocidade de 15 nós.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 26 de Julho de 1946)

Postal ilustrado com a imagem do navio-motor "António Carlos"
Edição da empresa proprietária - minha colecção

Características do navio-motor “António Carlos”
Registo na capitania de Lisboa, em 6 de Janeiro de 1948

Armador: Soc. Geral, de Comércio, Indústria e Transportes, Lisboa
Nº Oficial: G-493 - Iic: C.S.J.O - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Companhia União Fabril, Lisboa, 1946
Arqueação: Tab 1.735,64 tons - Tal 931,59 tons
Dimensões: Ff 93,32 mts - Pp 86,40 mts - Bc 12,84 mts - Ptl 4,55 mts
Propulsão: Burmeister & Wain - 1:Di - 7:Ci - 2.500 Bhp - Veloc. 13 m/h
Equipagem: 26 tripulantes – acomodações para 8 passageiros

O lançamento à água do novo navio-motor “António Carlos”
Foi, ontem, lançado à água o terceiro navio compreendido no programa de renovação da nossa frota mercante. O novo navio desceu a carreira do estaleiro naval da C.U.F., na presença do Chefe do Estado, membros do Governo e outras altas personalidades.
O primeiro lançado foi o “Benguela”, de 9.000 toneladas, construído na Suécia e destinado à frota da Companhia Colonial de Navegação, navio que deve ser entregue dentro de poucas semanas.
Realizaram-se, ontem, duas cerimónias de lançamento: uma em Inglaterra, a do navio “Rovuma”, de 9.500 toneladas, com a assistência do embaixador de Portugal e outras entidades, e, quase à mesma hora, a do navio-motor “António Carlos”, construído nos estaleiros da Administração Geral do porto de Lisboa, pela Companhia União Fabril, para a Sociedade Geral de Transportes.
Assistiram o Srs. Presidente da República, ministros da Marinha e Obras Públicas, sub-secretário das Comunicações, adidos navais americano, inglês, francês e espanhol e muitas outras entidades, além de grande número de outros convidados, entre os quais senhoras.
Numa tribuna, construída junto da proa do navio, e no momento da cerimónia, o Sr. D. Manuel de Melo, administrador da C.U.F., agradeceu a presença do Chefe do Estado, dos ministros e das outras pessoas, afirmando que o lançamento à água de uma nova unidade para a Marinha Mercante não é um acto banal, porque representa - disse - mais um elemento de trabalho ao serviço da economia nacional.
Após ter feito referência ao apelo, que em tempo fez, no sentido de ser dedicada a necessária atenção ao problema da Marinha Mercante, afirmou da sua satisfação por ter verificado que o Governo começou a dispensar desvelado estudo a este assunto.
O Sr. D. Manuel de Melo referiu-se ao despacho do Sr. ministro da Marinha, que estabelece o programa de reconstrução da Marinha Mercante portuguesa, e disse que o “António Carlos” era o primeiro navio, em execução do plano de renovação da frota nacional, lançado à água e feito por operários portugueses. Por isso, disse, este lançamento tem maior significado, visto constituir a execução de um programa oficialmente estudado e estabelecido, com o cuidado, a ponderação, e o desejo de bem servir, contribuindo para o engrandecimento do país.
O Sr. general Carmona felicitou, o Sr. engº D. Manuel de Melo pela ampliação da frota da sua empresa e pelo trabalho dos seus estaleiros.
Em seguida, realizou-se a cerimónia do assentamento da quilha e cravação do primeiro rebite do navio-motor “Conceição Maria”, o segundo navio da mesma série, a ser construído imediatamente.
Estudam-se agora os projectos de uma série de mais quatro navios, de 3.800 toneladas, com a velocidade de 15 nós, a construir depois.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 28 de Julho de 1946)

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