quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Na era dos gigantes!


Um colosso do mar – o navio “Britannic”

Desenho postal do navio em www.learning-history.com

Sepultado o “Titanic” nas profundezas do oceano, a White Star Line, a que pertencia aquele sumptuoso navio, activa a construção de outro paquete de maiores dimensões, que se intitulará “Gigantic”. Nunca o esforço humano chegou a culminâncias tais na construção naval.
Refere o jornal «Boston American» que o comprimento do novo transatlântico medirá mil pés ou sejam 305 metros, comportando comodamente 4.000 passageiros e 1.000 tripulantes.
Conterá jardins e passeios, teatros de opera, comédia e variedades, cafés, restaurantes, estabelecimentos de comércio e indústria, postos telegráficos e telefónicos, ascensores, etc.
Supondo o navio em direcção vertical, a sua altura seria mais elevada que a do edifício maior do mundo! O seu calado impossibilitá-lo-á de dar ingresso nos portos, pensando-se dotar o de Nova-York de maior profundidade, para o que serão feitas as necessárias dragagens.
Serão estabelecidos a bordo grandes recintos para os jogos de golfe, futebol, cricket, basquetebol, piscinas com capacidade maior que as existentes nas mais populosas capitais europeias e americanas. Porém, o que produzirá verdadeiro assombro, será um aeródromo situado na coberta, onde poderão voar livremente aeroplanos, estabelecendo-se assim comunicações entre o colossal paquete e a costa.
Com respeito ao tipo das máquinas nada está ainda decidido, supondo-se que será empregada uma combinação de turbina e máquina alternativa, que é a forma de propulsão mais económica, sendo fácil que o combustível liquido, o petróleo, substitua o carvão à semelhança do usado já em alguns navios de guerra.
Haverá ainda a bordo um grande diário, que publicará notícias transmitidas de todo o mundo, contendo ainda na coberta um comboio para recreio dos passageiros.
O custo do transatlântico ascenderá a doze mil contos de reis.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 12 de Maio de 1912)

Desenho sobre o naufrágio da autoria de Ken Marshall
Wikipedia

Na realidade, as melhores previsões apontavam no sentido de vir a existir um navio com tanta opulência para a época, tanto mais que já estava em construção desde Novembro de 1911, data que corresponde ao batimento da quilha.
Porém, porque era simultaneamente impensável construir um paquete com as dimensões anunciadas, sem a comparticipação do Estado, e sabendo-se estar obviamente sujeito a ser requisitado pela marinha britânica, até porque a construção decorre durante os anos da Iª Grande Guerra, o “Gigantic” teve alteradas as características previamente imaginadas, sendo por esses motivos equipado e preparado para navegar como navio-hospital.
Terminada a construção nos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast, em 12 de Dezembro de 1915, o navio era baptizado com o nome “Britannic”, apresentava umas notáveis 48.158 toneladas de arqueação bruta, 269,06 metros de comprimento, 28,70 metros de boca, sendo propulsionado por 2 hélices acopladas a duas turbinas a vapor, que lhe asseguravam em média cerca de 21 nós de velocidade.
Terminadas as provas de mar em inícios de 1916, o almirantado britânico mandou o navio viajar para o Mediterrâneo, para que fosse garantida a necessária assistência às tropas em conflito nessa área. No dia 21 de Novembro de 1916, o maior de todos os navios ingleses, em pleno mar Egeu, durante a viagem que o levaria a Modros, chocou com uma mina, seguindo-se o afundamento num curto espaço de tempo, resultando do naufrágio 21 vitimas mortais.
O que há de curioso nesta ocorrência, prende-se ao facto do campo de minas por onde o navio se deslocava, ter sido plantado por um submarino alemão, apenas uma hora antes do trágico sinistro.

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