terça-feira, 26 de julho de 2016

História trágico-marítima (CXCV)


O abalroamento e naufrágio do vapor "Cyril", no rio Amazonas

O naufrágio do vapor “Cyril”
Notícias telegráficas ultimamente recebidas pelos Srs. Garland, Laidley & Cª., agentes no Porto da Booth Steam Ship Company, dão como totalmente perdido o vapor inglês “Cyril”, que naufragou no rio Amazonas, no dia 6 do corrente, por ter abalroado com o paquete “Anselm”, ambos pertencentes àquela Companhia.
O “Cyril” acha-se submergido naquele rio, a uma profundidade de 15 braças, ou 90 pés, sendo por conseguinte impossível salvá-lo.
Segundo consta, o paquete “Anselm” retrocedeu para o Pará, a fim de que a tripulação, passageiros e mala do correio, salvos do “Cyril”, possam seguir dali noutro vapor, para Manaus.
O “Anselm” é esperado em Lisboa no dia 28 do corrente, devendo depois ir reparar as avarias sofridas, nos estaleiros de Inglaterra.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 9 de Setembro de 1905)

O naufrágio do vapor “Cyril”
Está confirmada, infelizmente, a notícia de ter naufragado, na quarta-feira da semana passada, nos estreitos de Breves, no rio Amazonas, o vapor inglês “Cyril”, por haver abalroado com o paquete inglês “Anselm”, que saíra de Leixões no dia 16 de Agosto, com destino a Pará e Manaus, para onde levava 15 passageiros, 700 toneladas de paralelepípedos e 280 de carga geral (vinho, feijão, etc.). Em Lisboa, porém, embarcaram nele mais passageiros para diferentes portos do Brasil.
O “Cyril”, que saíra de Leixões em 6 daquele mês, também com igual rumo, partira de Manaus em 3 do corrente e era esperado em Lisboa no dia 19 deste mês, tendo sido substituído o respectivo comandante, Sr. Thompson, que ficara doente em Liverpool, pelo capitão Dean. O “Anselm”, que é comandado pelo capitão Kamptorn, devia ter chegado ontem a Manaus.
Segundo consta, a carga do “Cyril”, no valor de cerca de 600.000$000 (francos), era na maior parte borracha. Estava segura em companhias inglesas.
Tanto a tripulação, composta de 102 pessoas, como passageiros e mala do correio foram salvos e recolhidos a bordo do “Anselm”. Ambos os vapores, de grande tonelagem e magnifica construção, pertencem à Booth Steam Ship Company, de que são agentes no Porto os comerciantes Srs. Garland, Laidley & Cª.
Estes senhores aguardam telegramas com pormenores do sinistro.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 10 de Setembro de 1905)

O naufrágio do vapor “Cyril”
Por telegrama recebido pelos Srs. Garland, Laidley & Cª., agentes no Porto da Booth Steam Ship Company, a quem pertencia o vapor inglês “Cyril”, naufragado na quarta-feira da semana passada, no rio Amazonas, entre o Pará e Manaus, sabe-se que o paquete inglês “Anselm”, que abalroara com o “Cyril”, sofreu apenas avarias insignificantes, que não alteraram a sua marcha, devendo sair de Manaus no dia 13 e chegar a Lisboa a 28 do corrente mês.
A fim de se não interromper o serviço regular de navegação, a referida Companhia fez substituir o “Cyril” pelo vapor inglês “Augustin”, que deve partir do Pará no dia 12 e chegar a Lisboa no dia 23 do corrente.
Consequentemente, o paquete inglês “Dominic”, que faz a carreira de Nova Iorque para o Pará e Manaus, vem em lugar do “Augustin”, saindo do Pará em 28 do corrente e esperando-se em Lisboa em 9 de Outubro próximo.
O “Cyril” havia sido construído em Glasgow, em 1883, nos estaleiros de J. Elder & Cª., sendo adquirido, há quatro anos, pela Booth Steam Company, que lhe introduziu importantes melhoramentos, de forma a equipará-lo aos melhores paquetes. Desde então fez quinze viagens entre Liverpool, Havre, Porto, Lisboa e Madeira, para o norte do Brasil, incluindo a última, em que naufragou. Tinha 4.380 toneladas de registo bruto.
Durante a guerra do Transval, de 1900-1902, o “Cyril” foi o vapor preferido para o serviço do governo, conduzindo os oficiais do exército inglês, para a África, sendo então denominado “Hawarden Castle”.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 12 de Setembro de 1905)

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