segunda-feira, 11 de abril de 2016

Casos da história, 1807


Portugal fecha os portos aos navios ingleses

O desgraçadíssimo sistema, adoptado pelo príncipe regente D. João (depois D. João VI) nas críticas circunstâncias em que Portugal se viu, perante as ambições de Napoleão, teve as mais perniciosas consequências.
Sempre hesitante, sempre duvidoso, sem abraçar, francamente, o partido da França, ou da Inglaterra, o único proveito que houve, das suas incertezas e dos seus expedientes de ocasião, foi ver-se Portugal isolado e por todos desprezado, no momento em que rebentou a crise.
Quando o Imperador exigiu do nosso Governo que aderisse à causa continental, foi dito, para França, que não teríamos dúvidas em fechar os portos aos navios ingleses, mas que não sequestraríamos as propriedades ou prenderíamos os súbditos da Grã-Bretanha, e, na mesma data pedíamos à Inglaterra que nos fizesse uma guerra aparente, que levasse a fecharmos os nossos portos à sua marinha.
Como bem se presumirá, semelhante processo não agradou a Napoleão, que mais rapidamente se apressou a ordenar a marcha das suas tropas, para a nossa fronteira, sendo Junot o primeiro incumbido de nos fazer pagar caro por uma tal desgovernação.
O decreto que prescreveu a proibição de entrada nos nossos portos, aos navios da nossa aliada, tornou-se público por um aviso da Junta de Comércio de 22 de Outubro de 1807.
Como represália, mais do que esperada, a Inglaterra ordenou às suas esquadras que apresassem os navios portugueses que encontrassem, e, assim, a nossa marinha mercante foi hostilizada, simultaneamente, pela França e pela Inglaterra.

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