quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

História trágico-marítima (CLXXX)


Portugal e a guerra
O afundamento do vapor “Barreiro”

Nota oficiosa do ministério da Marinha:
«Informações recebidas no ministério da Marinha dizem que foi afundado por um submarino inimigo, nas proximidades da costa espanhola, o vapor “Barreiro”, há poucos dias saído do Tejo, com um carregamento de vinho para França. Houve uma vítima, o criado Martinho. A restante tripulação desembarcou em Espanha.»
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 3 de Maio de 1917)

O vapor "Barreiro"
Desenho de Luís Filipe Silva

Características do vapor “Barreiro”
1916-1917
Nº Oficial: N/s - Iic: H.B.A.R. - Porto de registo: Lisboa
Armador: Transportes Marítimos do Estado, Lisboa
Construtor: Schiffswerft Henry Koch A.G., Lubeca, 08.1911
ex “Lubeck”, O.P.D.R., Oldemburgo, Alemanha, 1911-1916
Arqueação: Tab 1.737,96 tons - Tal 1.054,75 tons
Dimensões: Pp 84,60 mts - Boca 12,00 mts
Propulsão: Henry Koch A.G., 1911 - 1:Te - 9,5 m/h
Equipagem: 37 tripulantes
Capitão embarcado: José Gomes de Pina

Na Espanha – Náufragos portugueses
Santander, 1 – Chegaram 17 náufragos portugueses do vapor “Barreiro”, ex “Lubeck”, torpedeado no dia 29 do corrente. Três dos náufragos foram transportados para o hospital por terem sido feridos por tiros de canhão do submarino.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 3 de Maio de 1917)

Na Espanha – A guerra submarina
Santander, 2 – Os náufragos do vapor “Lubeck” declaram que o torpedeamento se deu no dia 1 do corrente há 1:30 horas da tarde.
O submarino apareceu a 50 metros do navio e fez fogo várias vezes sobre o “Lubeck”, matando um homem da tripulação, chamado Inácio Martins.
O capitão e a tripulação embarcaram e foram ao submarino, a fim de visarem os papéis de bordo. Os alemães perguntaram nessa ocasião, em português, pela carga, declarando estes que era cacau e vinhos. Os alemães transportaram para o submarino as provisões, metendo então o navio no fundo, por meio de bombas.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 3 de Maio de 1917)

Vítimas de torpedeamentos
São esperados amanhã em Lisboa os náufragos do vapor “Barreiro”, torpedeado na costa norte de Espanha.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 6 de Maio de 1917)

Portugal e a guerra - Os náufragos do “Barreiro”
Chegaram esta manhã a Lisboa os náufragos do vapor “Barreiro”, torpedeado na costa espanhola, a 4 milhas de terra.
No hospital de S. Rafael, em Santander, ficaram em estado pouco satisfatório João Manoel Miranda, Herminio Agostinho e José Libório. Como se sabe, um tripulante morreu. Eram ao todo 37.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 8 de Maio de 1917)

O comandante do vapor “Barreiro”
Ao contrário do que constou, o capitão do navio ultimamente torpedeado, não ficou prisioneiro a bordo do submarino alemão. O sr. José Gomes de Pina encontra-se já em Lisboa.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 11 de Maio de 1917)

O vapor “Barreiro” foi afundado no dia 1 de Maio de 1917, de acordo com o processo descrito no texto, pelo submarino alemão UC-69, que se encontrava sob o comando do capitão Erwin Wassner, a cerca de 4 milhas náuticas de Suances, costa espanhola da Cantábria, quando o navio se encontrava em viagem de Lisboa para Rouen, França.

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