Lei é lei, mas...
Navio em perigo
O brigue francês “Louise & Marie”, procedente de Rio Pungo para Marselha, com carga de cacau e outros géneros, apareceu ontem de manhã à barra do rio Douro com bandeiras colhidas, à proa e ré, pedindo socorro. Traz 79 dias de viagem e veio acossado pelo temporal.
O capitão declarou, por meio de sinais, que não tinha pano, nem água, nem mantimentos. Pediu para que lhe prestassem todo o socorro possível, e sem demora, porque de contrário se via obrigado a meter o navio à costa.
Hoje às 7 horas da manhã estava fundeado em Carreiros.
Às 10 horas e 15 minutos, andando com o ferro à garra, estava em grande perigo.
Não foi levado socorro ao navio por vir de porto suspeito!!
O navio traz 79 dias de viagem, e se não tem doença a bordo não se sabe como justificar-se um acto de desumanidade, que a civilização em caso algum pode desculpar.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 12 de Março de 1862)
O capitão declarou, por meio de sinais, que não tinha pano, nem água, nem mantimentos. Pediu para que lhe prestassem todo o socorro possível, e sem demora, porque de contrário se via obrigado a meter o navio à costa.
Hoje às 7 horas da manhã estava fundeado em Carreiros.
Às 10 horas e 15 minutos, andando com o ferro à garra, estava em grande perigo.
Não foi levado socorro ao navio por vir de porto suspeito!!
O navio traz 79 dias de viagem, e se não tem doença a bordo não se sabe como justificar-se um acto de desumanidade, que a civilização em caso algum pode desculpar.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 12 de Março de 1862)
Navio francês em perigo
O brigue francês “Louise & Marie”, que aí esteve em iminente risco próximo de Carreiros, foi salvo pelo vapor “Lisboa” que o rebocou para o largo, livrando-o assim de se despedaçar sobre as pedras.
Do vapor foram prestados todos os socorros de que o brigue carecia, pelo que se torna digno de todo o elogio o comandante daquele navio, cujo procedimento contrasta bem com o da autoridade sanitária.
Se por acaso não estivesse aí fora o vapor “Lisboa”, quem sabe se agora não teríamos a lamentar a perda de umas poucas vidas e da embarcação?
É verdade que o estado do mar não permitiu ontem que de terra se levassem socorros ao brigue, mas tinha-o permitido no dia antecedente, e nesse dia tudo foram dificuldades da parte da saúde, não obstante todas as diligências empregadas pelo sr. Francisco José de Souza Pereira, vice-cônsul francês na Foz, o qual, não tendo o navio consignatário nesta cidade, fez tudo quanto foi possível para que se não deixasse o brigue ao abandono.
Do vapor “Lisboa”, participou-se hoje para terra que o brigue navegara para oeste, mas que ao romper do dia estaria outra vez à vista da barra. Até agora, porém, que são 10 horas, ainda não apareceu; é por isso provável que se achasse habilitado a continuar a viagem.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 13 de Março de 1862)
Do vapor foram prestados todos os socorros de que o brigue carecia, pelo que se torna digno de todo o elogio o comandante daquele navio, cujo procedimento contrasta bem com o da autoridade sanitária.
Se por acaso não estivesse aí fora o vapor “Lisboa”, quem sabe se agora não teríamos a lamentar a perda de umas poucas vidas e da embarcação?
É verdade que o estado do mar não permitiu ontem que de terra se levassem socorros ao brigue, mas tinha-o permitido no dia antecedente, e nesse dia tudo foram dificuldades da parte da saúde, não obstante todas as diligências empregadas pelo sr. Francisco José de Souza Pereira, vice-cônsul francês na Foz, o qual, não tendo o navio consignatário nesta cidade, fez tudo quanto foi possível para que se não deixasse o brigue ao abandono.
Do vapor “Lisboa”, participou-se hoje para terra que o brigue navegara para oeste, mas que ao romper do dia estaria outra vez à vista da barra. Até agora, porém, que são 10 horas, ainda não apareceu; é por isso provável que se achasse habilitado a continuar a viagem.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 13 de Março de 1862)
Notícia do movimento marítimo na barra do rio Douro
Curiosa a preocupação de informar que o brigue francês que esteve em perigo próximo da barra do rio Douro, e cuja entrada no porto lhe foi negada pelas autoridades sanitárias, tinha entrado no rio Tejo e eventualmente encontrando ancoradouro em Lisboa, para receber os necessários socorros, depois de seguramente ter sido apreciada a condição sanitária dos tripulantes, de acordo com a legislação vigente no país. O que nunca vou entender, é porque no país que se rege pelas mesmas leis, há desde sempre dois pesos e duas medidas...
Curiosa a preocupação de informar que o brigue francês que esteve em perigo próximo da barra do rio Douro, e cuja entrada no porto lhe foi negada pelas autoridades sanitárias, tinha entrado no rio Tejo e eventualmente encontrando ancoradouro em Lisboa, para receber os necessários socorros, depois de seguramente ter sido apreciada a condição sanitária dos tripulantes, de acordo com a legislação vigente no país. O que nunca vou entender, é porque no país que se rege pelas mesmas leis, há desde sempre dois pesos e duas medidas...
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