quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Episódios da IIª Grande Guerra Mundial - 2


A batalha do Cabo do Norte
2ª Parte

Do ponto de vista das probabilidades tudo concorria, pois, para tornar desigual o combate iminente. Contudo os três cruzadores precipitaram-se contra o “Scarnhorst”. À luz mortiça dessa manhã árctica, pois o sol não aparecia acima do horizonte durante todo o dia, podia ver-se a vaga de espuma branca levantada pela proa do navio nazi, embora a massa cinzenta das suas obras mortas se conservasse invisível.
De súbito um dos canhões ingleses disparou. Uma granada iluminadora, descrevendo uma graciosa trajectória de luz branca, rebentou sobre o couraçado de batalha e iluminou brilhantemente o mar no raio de uma milha. Então enquanto a luz se mantinha no espaço, suspensa do paraquedas, os canhões britânicos abriram fogo. Os projecteis seguiram sibilando na sua missão, e, no preciso instante em que deviam atingir o alvo, o oficial observador de tiro do “Norfolk” viu, com seus binóculos sair uma chama verde-brilhante do casco negro do “Scarnhorst”. Ora, se os outros cruzadores tinham apenas canhões de 150 mm, o “Norfolk” estava armado com canhões de 200 mm. Havia, portanto, uma possibilidade de que o “Scarnhorst” tivesse sido atingido.

Cruzador HMS (C78) ” Norfolk “
1 dos navios da classe “County”
1930-1950

Foto do cruzador "Norfolk" - Imagem Photoship.Uk

Cttor.: Fairfield Shipbuiding & Engineering, Govan, 12.12.1928
Arqueação: Tab 9,925,00 tons - Deslocamento 13.420,00 tons
Dimensões: Ff 192,90 mtrs - Pp 181,40 mtrs - Boca 20,10 mtrs
Máquina: Parsons - 4:Tv - 80.000 Shp - 31,5 m/h
Guarnição: 819 tripulantes
Demolido para sucata em Newport, durante o ano de 1950.

Cruzador HMS (C24) “ Sheffield “
1 de 10 navios da classe “Town”
1937-1967

Foto do cruzador "Sheffield" - Imagem Photoship.Uk

Cttor.: Vickers Armstrong, High Walker, Inglaterra, 23.07.1936
Arqueação: Tab 9.100,00 tons - Std 11.350,00 tons
Dimensões: FF 180,20 mtrs - Pp 170,10 mtrs - Boca 18,80 mtrs
Máquina: Parsons - 4:Tv - 75.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 748 tripulantes
Demolido para sucata em Faslane, durante o ano de 1967.

O navio alemão, porém, fez rapidamente meia volta e a salva seguinte errou o alvo. Depois, saiu do circulo iluminado, e perdeu-se na meia escuridão. O Contra-Almirante Bey morreu quando se afundou o seu barco. Assim, jamais se conhecerão os motivos que o levaram a afastar-se naquele momento. Mas não é provável que um homem possa atingir o posto de Contra-Almirante na armada alemã, se pertenceu à categoria dos que fogem ao perigo. É possível que ele estivesse agindo de acordo com um plano traçado muito antes. O que o interessava era o comboio. Sabia onde se achavam as suas defesas principais e não lhe era difícil calcular, com certa exactidão, a posição dos navios mercantes. Podia afastar-se em circulo, refugiar-se na escuridão e executar novo ataque.

Cruzador HMS (C-35) “ Belfast “
1 de 10 navios da classe “Town”
1939-1971

Foto do cruzador "Belfast" - Imagem Photoship.Uk

Cttor.: Harland & Wolff, Belfast, Escócia, 17.03.1938
Arqueação: Tab 8.550,00 tons - Std 10.550,00 tons
Dimensões: FF 187,00 mtrs - Pp 176,50 mtrs - Boca 19,60 mtrs
Máquina: Parsons - 4:Tv - 80.000 Shp - 32 m/h
Guarnição: 748 tripulantes
Navio museu ancorado no Tamisa, Londres, desde 21.10.1971

A bordo do “Belfast” o Almirante Burnett tinha de prever aquilo que o Contra-Almirante Bey iria fazer em seguida: onde e quando voltaria para atacar o comboio. No espaço de uma hora, um couraçado a navegar a quase 30 nós podia descrever um circulo em volta do comboio, para surgir de qualquer lado e afundar muitos navios mercantes em dez minutos. Não havia, pois, margem para erros de calculo da parte de Burnett, de pé na ponte de comando do “Belfast”, acanhada e exposta ao tempo, com a proa do cruzador varrida pela água que levantava ao cortar as vagas a toda a velocidade.
Às 12 e 30, três horas depois da sua primeira aparição pelo lado sueste, o “Scarnhorst” voltou a aparecer por nordeste. Burnett e os outros cruzadores já lá estavam, porém, no seu caminho. Da parte de Burnett, isto foi um feito extraordinário. O que Bey pensou da inesperada aparição dos cruzadores, que, segundo todas as probabilidades, deviam estar ainda a umas vinte milhas de distancia, pode depreender-se das suas acções. Houve uma brusca serie de salvas. Um projéctil rebentou na popa do “Norfolk”, e Bey mudou mais uma vez de rumo, dirigindo-se para o seu abrigo.
Ele não duvidava que sua presença tivesse sido comunicada três horas antes, em radiogramas urgentes ao Almirantado Britânico e ao grosso da esquadra inglesa. Também não podia duvidar que os ingleses fariam o impossível para mandar navios e aviões no encalço de uma unidade tão valiosa como o “Scarnhorst”.

Couraçado HMS (17) “ Duke of York “
1 de 5 navios da classe “King George V”
1941-1951

Foto do couraçado "Duke of York" - Imagem Photoship.Uk

Cttor.: John Brown & Co., Clydebank, Escócia, 28.02.1940
ex “Anson”, nome previsto mas substituído durante a construção
Arqueação: Tab 36.750,00 tons - Deslocamento 42.500,00 tons
Dimensões: Ff 227,10 mtrs - Pp 225,58 mtrs - Boca 31,45 mtrs
Máquina: Parsons - 4:Tv - 110.300 Shp - 28,3 m/h
Guarnição: 1.556 tripulantes
Demolido para sucata na Escócia, durante o ano de 1957.

Cruzador HMS (C-44) “ Jamaica “
1 dos navios da classe “Crown Colony”
1942-1957

Foto do cruzador "Jamaica" - Imagem Photoship.Uk

Cttor.: Vickers Armstrong, Barrow, Inglaterra, 16.11.1940
Arqueação: Tab 8.000,00 tons - Std 8.530,00 tons
Dimensões: FF 169,30 mtrs - Pp 164,00 mtrs - Boca 18,90 mtrs
Máquina: Parsons - 4:Tv - 72.500 Shp - 32 m/h
Guarnição: 730 tripulantes
Demolido para sucata em Dalmuir, durante o ano de 1967.

Mas a verdade é que o perigo era ainda maior do que ele supunha. A cerca de 150 milhas a sudoeste do ponto em que se encontrava, navegando a toda a velocidade para lhe cortar a retirada, encontrava-se uma força que podia reduzir o seu navio a sucata. Era o “Duke of York”, com o seu cruzador de protecção, o “Jamaica”, e uma cortina de quatro contra-torpedeiros. No alto do mastro adejava a cruz de S. Jorge de um Almirante - nem mais nem menos que Sir Bruce Fraser, comandante da Home Fleet.
Com excepção de um pequeno número de iniciados, ninguém sabe quantas vezes a esquadra inglesa preparara idêntica armadilha; quantas vezes uma força de couraçados seguira esforçadamente a caminho da Rússia numa rota paralela, embora afastada da dos comboios, na esperança de interceptar qualquer força nazi enviada da Noruega. Esta era a primeira vez em que a paciência e a resolução iam ser recompensadas.
Continua…

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