quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

" Pourquoi pas? " - A história e o navio


Jean-Baptiste Charcot
1867 – 1936
Médico, armador, explorador, cientista, oceanógrafo e navegador

Nascido em Neuilly-sur-Seine, Jean-Baptiste é um dos filhos do celebre médico Charcot, conhecido universalmente pelas suas aulas na Universidade de Salpêtrière. Para agradar ao pai, também ele terminará os seus estudos com uma formatura em medicina, mas depressa persegue outro caminho, outro destino. Sem antepassados ou qualquer elo que o ligue ao mar, sonha desde a mais tenra infância com navios, tal como os imaginava e desenhava na escola, em todos os seus cadernos.

A vocação marítima confirma-se através da compra do seu primeiro navio aos 25 anos e decide uma orientação que o vai levar à exploração e à oceanografia. Em 1902 visita a Ilha de Jan Mayen. Duas expedições a bordo do navio “Français” (1905), depois a bordo do “Pourquoi pas?”. Entre 1908 a 1910 efectua a primeira pesquisa na região Antártica. Nessa viagem percorre o rumo pela carta marítima da costa da Terra de Graham e efectua um reconhecimento mais a Sul, preparando desde então um regresso, com a intenção de efectuar o reconhecimento visual, que lhe vai permitir completar os seus documentos cartográficos, tendo por ali descoberto uma ilha, que baptizou com o seu próprio nome.

No regresso publica uma série de relatórios com os resultados científicos das suas expedições, notabilizando-se a nível internacional. Depois de trabalhar para o governo Inglês, durante a primeira guerra mundial, reúne diversos especialistas para em conjunto continuarem as pesquisas no Atlântico Norte. Com efeito, de 1920 a 1936 efectuou um considerável número de cruzeiros científicos, que o levarão desde a costa das Ilhas Hébridas até à costa oriental da Gronelândia. Na manhã do dia 16 de Setembro de 1936, após 12 horas de tempestade, o “Pourquoi pas?” cai sobre os recifes no interior de Faxafjord. Nesse local, Jean-Baptiste e todos os seus companheiros, com a excepção de um único sobrevivente, são tragados pelo mar.

Como resultado da sua larga actividade, muito além do comando do navio, deixou diversos escritos referentes às suas explorações; O “Français”, no Polo Sul (1906), O “Pourquoi pas?” na Antártica” (1911), Ao redor do Polo Sul (2 vlms., 1912), Cristovão Colombo visto por um marinheiro (1928) e o Mar da Gronelândia (1929).
(Tradução livre conforme “Gabierschimeriques.free.fr”/net)

O navio oceanográfico “ Pourquoi pas? “
1908 – 1936


Armador : Dr. Jean-Baptiste Charcot, St. Malo
Construtor : Estal. de Ed. Gautier, St. Malo, França, 1908
Tonelagens : Tab 499,00 to > Tal 108,00 to
Cpmts.: Pp 42,58 mt > Boca 9,51 mt > Pontal 4,69 mt
Máq.: De la Brosse & Fouché, Nantes > 1:St > 40 Nhp
Equipagem : 38 tripulantes

Em 15 de Setembro de 1936, pelas 13 horas, o ”Pourquoi pas?” parte de Reykjavik, na Islandia, com destino ao porto de Copenhaga, com tempo bom e mar calmo. Pelas 16 horas irrompem alguns aguaceiros, levantando algum vento. Poucas horas depois o barómetro desce, o mar cresce e o vento dobra de intensidade. Às 18 horas decidiram continuar a viagem. Cai a noite e o vento sopra violento, antecipando a tempestade, que haveria a curto prazo de se transformar em furacão (ventos de força 12 –Beaufort- pelas 3 horas da madrugada).

O “Pourquoi pas?“ descontrolado, fica à deriva devido às avarias que o navio sofre em cadeia. Às 5 horas e 15 minutos as vagas arrastam a embarcação que se aproxima perigosamente da costa, tocando já alguns escolhos. A máquina tenta o recúo na pressão máxima das caldeiras. A costa não está a mais de 2 milhas, mas o navio entra numa barreira de recifes, dificultando todas as tentativas de manobra.

A bordo ninguém se resigna, tentando levantar velame para conseguir qualquer hipótese de manobra. Em vão. Uma onda mais violenta projecta o navio sobre os recifes, partindo-lhe o casco na colisão. Numa breve meia-hora o navio está perdido. Jean-Baptiste assiste desde a coberta do navio à morte da sua tripulação. Ele que pouco depois seria também engolido pelo mar. Dos 38 tripulantes ficou um sobrevivente para contar a história. O cadáver de Jean-Baptiste Charcot foi o primeiro a chegar à costa. 17 dos seus companheiros desapareceram para sempre.

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