domingo, 1 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1900-1910


Na rota da pesca,
ao encontro da frota Vianense

O porto de Viana do Castelo no inicío do séc. XX, tinha matriculados 12 navios, de tonelagem superior a 50 toneladas, quase todos eles empregues no serviço de cabotagem. Constavam dessa frota os seguintes navios :

Lugre “Castor”, ex “Louise”, de madeira, construído em 1877 em St. Servan, França, e adquirido em 1900 (António de Magalhães e outros – capitão Joaquim Fernandes Batata), escuna “Maria Augusta”, ex “Adelaar”, de aço, construída em 1897 em Martinshock, Holanda, igualmente comprada em 1900 (Magalhães, Filho, Lda. – capitão Manoel Vaz), palhabote “Santa Luzia”, ex “Teiga & Companhia”, de madeira, construído em 1897 em Aveiro (Manoel José Vivo e outros – capitão Luiz Maria Martins), iate “Gomes 1º”, de madeira, construído em 1889, no estaleiro de Fão (Francisco Fernandes Gaiféro e outros), iate “Boa Hora”, de madeira, construído em 1897 em Fão (Manoel dos Santos Ramos e outros), iate “Pimpão”, de madeira, construído em 1885, num estaleiro de Viana do Castelo (José Martins de Mattos e outros), iate “Pimpão 2º”, de madeira, construído em 1898, em estaleiros de Fão (José Martins de Mattos e outros), iate “Rodolpho”, de madeira, construído em Viana do Castelo (Magalhães, Filho, Lda.), chalupa “Izaura”, de madeira, construída em 1899, no estaleiro de Fão (Magalhães, Filho, Lda.), chalupa “D. Rosa”, de madeira, também construída em 1899, no estaleiro de Fão (José Manoel Vivo e outros), chalupa “Mensageira”, de madeira, construída em Fão (Magalhães, Filho, Lda.) e a chalupa “Ventura de Deus 2º”, de madeira, construída em Fão por António Dias dos Santos, ainda em 1900 (José António Affonso Fontaínhas).

Entre 1899 e 1900 o porto de Viana perde dois dos seus melhores navios; a barca “Adelina” de 551 toneladas (Magalhães & Filho, Lda), empregue em viagens de longo curso, na barra do porto de Lisboa e o lugre “União” de 248 toneladas (Joaquim Gomes Soares), que a partir deste ano embandeirou em Brasileiro. E dois anos decorridos (1902) acontece o naufrágio do lugre “Castor”, (298 toneladas), quando em viagem de Trinidade para a Inglaterra e da chalupa “Izaura” (63 toneladas), ao Sul de Viana do Castelo, abalroada pelo vapor francês “Brésil”.

Ainda para o serviço de cabotagem, foi construído o iate “S. Pedro”, por José Martins de Araújo Júnior, em Vila do Conde, lançado à água a 30.10.1902, sob encomenda do armador José Gomes da Silva. Por sua vez dá-se o naufrágio do iate “Boa Hora” (108 toneladas), que se desfez por acção do mar, depois de encalhar em Viana do Castelo.

No ano de 1908 o porto de Viana do Castelo aponta 2 novas alterações, com a perda de 2 navios, o iate “Gomes 1º” (96 toneladas), que alterou o registo para a praça de Esposende e o iate “S. Pedro” (67 toneladas), que foi vendido para o Algarve, ficando lá matriculado. No ano seguinte deu-se o naufrágio do iate “Pimpão 2º” (151 toneladas), próximo a Marbella (Sul de Espanha), por ter sido abalroado pelo vapor Italiano “Luisiana”, no dia 01.07.1909.

Chegados a 1910, não se vislumbrou qualquer alteração ou investimento, com vista ao posicionamento de navios para a pesca. Quanto ao serviço comercial entraram no registo local 3 novas embarcações; o iate “D. Joaquina” (114 toneladas), de madeira, construído por António Dias dos Santos, em Fão e lançado à água a 12.06.1903. Este navio adquirido por Magalhães, Filho, Lda., pertencia a João Carneiro de Abreu, encontrando-se registado no Porto. Foram igualmente registados em Viana do Castelo para o mesmo armador, as chalupas “Valladares” (118 toneladas) e “Valladares 2º” (76 toneladas). A chalupa “Valladares”, de madeira, foi construída em Fão, por António Dias dos Santos Borda e lançada à água em Novembro de 1899. A chalupa “Valladares 2º”, de madeira, fora construída em Esposende, em 1902, sendo que ambos os navios pertenciam a José Maria Valladares, estando matriculados no porto de Caminha. Também em 1910 se regista novo acidente, agora com o iate “Rodolpho” (101 toneladas), naufragado à entrada da barra de Viana, por motivo de agitação do mar e escassez de vento, no dia 21 de Janeiro.

Nesta época relativamente à pesca do bacalhau, podemos admitir (sem a necessária confirmação), que apenas o palhabote “Santa Luzia” pode ter navegado até aos bancos e participado na pesca longínqua. Isto devido ao esforço de modernização do navio, em 1904, aparelhando desde então em iate. Não restam dúvidas que os armadores locais, estavam muito mais vocacionados para o serviço comercial, apesar da grande influência e importância que o porto teve na actividade piscatória, ao longo dos períodos históricos destas navegações.

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