terça-feira, 19 de março de 2019

Histórias do mar português!


Há salva-vidas, falta a tripulação (1)

Foto do barco salva-vidas "Patrão César Martins"
Imagem da colecção de Rui Picarote Amaro / I.S.N.

Chegou à Póvoa de Varzim, vindo de Aveiro, dos estaleiros Mónica, o novo salva-vidas “Patrão César Martins”, construído especialmente com destino ao porto de pesca. O barco foi tripulado pelos patrões, Augusto do Monte, João Bompastor e Manuel Viana, da Póvoa de Varzim, Caxinas e Vila do Conde, respectivamente.
Recorde-se que este salva-vidas encalhou na praia de Mira quando, em Agosto passado, vinha em viagem para a Póvoa. Os estragos então produzidos foram reparados nos estaleiros onde havia sido construído, levando cerca de três meses (com demora provocada também pelo mau tempo que ultimamente tem assolado o Norte).
Agora já há salva-vidas, mas não tem tripulação, uma vez que terminou o serviço da anterior e actualmente não há voluntários. Também o patrão, Augusto do Monte, está demissionário, por razões de ordem económica (escassa remuneração para tão arriscada profissão). O novo barco necessita de, pelo menos, seis tripulantes – para o que está aberto concurso.
Entretanto, foi sugerido ser revisto o nome do salva-vidas, substituindo-o pelo nome de um herói poveiro, pois o actual nome, atribuído em Aveiro, nada diz à gente desta praia.
O nome do “Cego do Maio”, uma vez destruído o velho barco que ostentava o do herói máximo da Póvoa, seria o mais indicado para o novo salva-vidas. Há esperança que tal possa suceder, sem desprestigio para o “Patrão César Martins”, certamente merecedor da homenagem, mas na parcela da costa onde se notabilizou (mestre de um rebocador de Viana do Castelo, que morreu em serviço no seu posto).

Notícia publicada no jornal “Comércio do Porto”, em: (1) Quinta-feira, 18 de Novembro de 1976

Foto do salva-vidas "Cego do Maio", no Museu Municipal
Imagem da minha colecção

A notícia em si tem contornos interessantes, mas é questionável, sem haver o mínimo conhecimento in loco das condições, que se apresentavam na estação do I.S.N. poveiro.
Posto isto, como se entende a presença do arrais local na condução do salva-vidas de Aveiro para a Póvoa? E, se é verdade que o salva-vidas “Cego do Maio” apresentava sinais de enorme degradação, é vê-lo agora totalmente reparado e recuperado, em exposição no Museu Municipal, memória inesquecível pelos muitos salvamentos que realizou ao longo dos anos.

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