Na praia de Santo André, ao norte da Póvoa,
um navio panamiano encalha no areal
A praia de Santo André, no limite das freguesias contiguas de
A-Ver-o-Mar e a Aguçadoura, local de grande vocação turística
(ali se situa a moderna estalagem de 60 quartos), foi ontem local
de visitas para uns (os mirones) e de grandes preocupações para
outros (as autoridades marítimas).
Cerca das 4 horas da madrugada, e por motivos que se desconhecem, a que não deve ser estranho o denso nevoeiro que cobriu a costa, o navio “Panda Star”, com bandeira panamiana, mas de armador inglês, com 72 metros e de 1.434 toneladas, encalhou na areia daquela praia, ficando totalmente atravessado.
Dado o alerta, foram solicitados os socorros dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, que, por não disporem de material de socorros a náufragos, não chegaram a sair, cabendo aos seus congéneres de Esposende montar um cabo de vai-vem, com cesta para salvamentos. Igualmente se deslocaram o capitão do porto, capitão-tenente Vidigal Aragão e o comandante da Guarda-fiscal na cidade, tenente Alves Pereira, acompanhado por alguns subordinados, que actuaram de conformidade com a situação do navio.
A tripulação é constituída por três portugueses, dois cabo-verdianos, um espanhol, um tanzaniano (maquinista), um oficial e o comandante, ingleses. A bordo viaja ainda a esposa do comandante.
O navio, na maré-vaza, ficou com fácil acesso desde o areal da praia, por escada de «quebra-costas», tendo por ela saído os tripulantes portugueses José Fernando Gomes da Silva, Zacarias Gomes Bastos e seu sobrinho Fernando Cação Gomes Bastos, todos de Matosinhos, que, cerca das 11 horas se dirigiram à Estalagem de Santo André para fazerem um telefonema, voltando para bordo.
Pouco depois, o José Fernando e o Fernando Cação, acompanhados do cabo-verdiano Vitorino Fortes e do espanhol Manuel Piñero Ribas, munidos das suas malas abandonaram o navio, regressando a casa e declarando que aguardariam por ele em Leixões, se conseguisse safar-se da areia. Caso contrário, procurariam outro local de trabalho. O José Fernando era a primeira vez que embarcava no “Panda Star”.
O capitão do porto ouviu o comandante do navio, que declarou ter a bordo 900 toneladas de madeira, em toros, 40 toneladas de gasóleo, ter saído de Villagarcia (Espanha) e dirigir-se para a Argélia. Recusou auxílios de rebocador, informando que iria tentar safar o navio pelos próprios meios, na maré cheia, portanto entre as 15 e as 16 horas.
Confirmando as previsões dos pescadores da Aguçadoura, a tentativa não surtiu efeito, pese embora todos os esforços da tripulação que restou. O motor foi posto a funcionar em marcha-à-ré, para arrancar o navio da areia, quando já estava totalmente a flutuar, mas sem êxito.
Entretanto, os Voluntários de Esposende montaram preventivamente os lança foguetes para a hipótese do navio se afastar e bater nos rochedos que o ladeavam à proa e à ré. Refira-se que os pescadores sublinhavam a sorte do comandante, por ter conseguido entrar pelo «buraco da agulha», o canal, como lhe chamam, a uma nesga de mar de escassos cem metros de largo, entre maciços de penedia.
As autoridades receavam que, na tentativa de salvamento, o navio pudesse abrir um rombo, derramando o gasóleo, se por acaso batesse nos penedos. Daí a vigilância permanente do capitão do porto.
Ao fim da tarde, o comandante do navio, em face do fracasso da tentativa feita pelos seus próprios meios, acedeu à intervenção de rebocadores em próximas tentativas.
Dado o alerta, foram solicitados os socorros dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, que, por não disporem de material de socorros a náufragos, não chegaram a sair, cabendo aos seus congéneres de Esposende montar um cabo de vai-vem, com cesta para salvamentos. Igualmente se deslocaram o capitão do porto, capitão-tenente Vidigal Aragão e o comandante da Guarda-fiscal na cidade, tenente Alves Pereira, acompanhado por alguns subordinados, que actuaram de conformidade com a situação do navio.
A tripulação é constituída por três portugueses, dois cabo-verdianos, um espanhol, um tanzaniano (maquinista), um oficial e o comandante, ingleses. A bordo viaja ainda a esposa do comandante.
O navio, na maré-vaza, ficou com fácil acesso desde o areal da praia, por escada de «quebra-costas», tendo por ela saído os tripulantes portugueses José Fernando Gomes da Silva, Zacarias Gomes Bastos e seu sobrinho Fernando Cação Gomes Bastos, todos de Matosinhos, que, cerca das 11 horas se dirigiram à Estalagem de Santo André para fazerem um telefonema, voltando para bordo.
Pouco depois, o José Fernando e o Fernando Cação, acompanhados do cabo-verdiano Vitorino Fortes e do espanhol Manuel Piñero Ribas, munidos das suas malas abandonaram o navio, regressando a casa e declarando que aguardariam por ele em Leixões, se conseguisse safar-se da areia. Caso contrário, procurariam outro local de trabalho. O José Fernando era a primeira vez que embarcava no “Panda Star”.
O capitão do porto ouviu o comandante do navio, que declarou ter a bordo 900 toneladas de madeira, em toros, 40 toneladas de gasóleo, ter saído de Villagarcia (Espanha) e dirigir-se para a Argélia. Recusou auxílios de rebocador, informando que iria tentar safar o navio pelos próprios meios, na maré cheia, portanto entre as 15 e as 16 horas.
Confirmando as previsões dos pescadores da Aguçadoura, a tentativa não surtiu efeito, pese embora todos os esforços da tripulação que restou. O motor foi posto a funcionar em marcha-à-ré, para arrancar o navio da areia, quando já estava totalmente a flutuar, mas sem êxito.
Entretanto, os Voluntários de Esposende montaram preventivamente os lança foguetes para a hipótese do navio se afastar e bater nos rochedos que o ladeavam à proa e à ré. Refira-se que os pescadores sublinhavam a sorte do comandante, por ter conseguido entrar pelo «buraco da agulha», o canal, como lhe chamam, a uma nesga de mar de escassos cem metros de largo, entre maciços de penedia.
As autoridades receavam que, na tentativa de salvamento, o navio pudesse abrir um rombo, derramando o gasóleo, se por acaso batesse nos penedos. Daí a vigilância permanente do capitão do porto.
Ao fim da tarde, o comandante do navio, em face do fracasso da tentativa feita pelos seus próprios meios, acedeu à intervenção de rebocadores em próximas tentativas.
Hoje de tarde nova tentativa de desencalhe
Para tanto, estarão hoje reunidos, às 9 horas da manhã, com o comandante do navio, o capitão do porto da Póvoa, um representante do armador, a empresa «Cotandre», do Porto, um mestre de rebocadores e um oficial da APDL. Só depois desta reunião será decidida a forma como irá ser feita nova tentativa de desencalhe, o que virá a ter lugar, em caso de se ter de fazer na preia-mar, às 16,30 horas.
Entretanto, o navio está já a ser aliviado de parte da carga (a que se encontrava no convés), cerca de 2.500 toneladas de toros de madeira de razoável porte, pelo que foi feito aviso à navegação deste facto.
Porque é lícito recear um provável arrombamento de fundos, foi solicitada a colaboração dos Bombeiros Sapadores do Porto para procederem à trasfega das 40 toneladas de gasóleo que se encontram no navio, para evitar risco de poluição nas praias da costa poveira.
A Câmara Municipal, preocupada com a defesa das suas praias, mobilizou todos os meios que ali chegaram vindos do Sul para Norte. Também naquela tarde teriam sido vistas sair grandes nuvens de fumo negro de bordo. Outras testemunhas afirmam que, já depois da meia-noite, o navio, iluminado, mantinha a proximidade da costa.
Entretanto, um outro navio, do tipo butaneiro, mantém-se estacionado ao largo, desde a madrugada, desconhecendo-se os motivos.
Enfim, há assunto de sobra para as autoridades averiguarem.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 10 de Agosto de 1979)
O encalhe do “Panda Star”
O navio sé deverá safar-se com as marés vivas do fim do mês
Entretanto, o navio está já a ser aliviado de parte da carga (a que se encontrava no convés), cerca de 2.500 toneladas de toros de madeira de razoável porte, pelo que foi feito aviso à navegação deste facto.
Porque é lícito recear um provável arrombamento de fundos, foi solicitada a colaboração dos Bombeiros Sapadores do Porto para procederem à trasfega das 40 toneladas de gasóleo que se encontram no navio, para evitar risco de poluição nas praias da costa poveira.
A Câmara Municipal, preocupada com a defesa das suas praias, mobilizou todos os meios que ali chegaram vindos do Sul para Norte. Também naquela tarde teriam sido vistas sair grandes nuvens de fumo negro de bordo. Outras testemunhas afirmam que, já depois da meia-noite, o navio, iluminado, mantinha a proximidade da costa.
Entretanto, um outro navio, do tipo butaneiro, mantém-se estacionado ao largo, desde a madrugada, desconhecendo-se os motivos.
Enfim, há assunto de sobra para as autoridades averiguarem.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 10 de Agosto de 1979)
Imagem do navio "Panda Star" encalhado sobre a areia da praia
(minha colecção)
(minha colecção)
O encalhe do “Panda Star”
O navio sé deverá safar-se com as marés vivas do fim do mês
O cargueiro “Panda Star”, encalhado na praia de Santo André, na Aguçadoura, a 6 quilómetros a Norte da cidade da Póvoa de Varzim, mantém-se em situação estável e ali deve permanecer talvez até ao dia 23 do corrente, na melhor das hipóteses, pois a partir dessa data e até ao dia 29 se verificarão as maiores marés-vivas do mês. A esta conclusão chegaram os técnicos da APDL e dos rebocadores, o capitão do porto da Póvoa, o comandante do navio encalhado e o representante dos armadores, em reunião realizada no local, na manhã de ontem.
Porque o navio, embora mais adornado para o lado do mar, os seus ocupantes não correm perigo imediato. Os Bombeiros Voluntários de Esposende desmontaram o cabo de vai-vem e o lança foguetões e retiraram. Entretanto, mantém-se no local elementos da Guarda-fiscal e da Capitania do porto da Póvoa de Varzim, para tomar quaisquer atitudes, que sejam recomendadas em caso de emergência.
O capitão do porto da Póvoa de Varzim recomendou que o “Panda Star” seja escorado na borda do lado do mar, do que se encarregará o gasoleiro “S. Bonifácio”, do porto da Póvoa.
Ontem, ao fim da tarde, chegou ao Porto, de avião, vindo de Londres, um representante dos armadores ingleses, para tomar decisões quanto ao destino do navio. Assim, ou o navio é descarregado da totalidade da sua carga, composta por 975 toneladas de madeira em toros e 40 de gasóleo, e posteriormente será feita nova tentativa de o safar, já com ajuda de rebocador; ou então será dado como perdido e competirá às autoridades portuguesas decidir do seu destino.
Porque o navio, embora mais adornado para o lado do mar, os seus ocupantes não correm perigo imediato. Os Bombeiros Voluntários de Esposende desmontaram o cabo de vai-vem e o lança foguetões e retiraram. Entretanto, mantém-se no local elementos da Guarda-fiscal e da Capitania do porto da Póvoa de Varzim, para tomar quaisquer atitudes, que sejam recomendadas em caso de emergência.
O capitão do porto da Póvoa de Varzim recomendou que o “Panda Star” seja escorado na borda do lado do mar, do que se encarregará o gasoleiro “S. Bonifácio”, do porto da Póvoa.
Ontem, ao fim da tarde, chegou ao Porto, de avião, vindo de Londres, um representante dos armadores ingleses, para tomar decisões quanto ao destino do navio. Assim, ou o navio é descarregado da totalidade da sua carga, composta por 975 toneladas de madeira em toros e 40 de gasóleo, e posteriormente será feita nova tentativa de o safar, já com ajuda de rebocador; ou então será dado como perdido e competirá às autoridades portuguesas decidir do seu destino.
- - - - - -
A propósito das declarações de algumas testemunhas, pode desde já ficar esclarecido que o navio que se encontrava estacionado ao largo era o butaneiro “Cidla”, com avaria na casa das máquinas, o qual terá tido um princípio de incêndio que provocou os fumos que as testemunhas afirmavam ter visto de terra. O navio, já depois de reparada a avaria e já depois, também, de ter sido contactado por um navio-patrulha da Marinha de Guerra Portuguesa, que fiscalizava a área, pôde prosseguir viagem cerca das 3 horas da madrugada.
- - - - - -
O dia de ontem foi de verdadeira romaria para a praia de Santo André, depois que a população tomou conhecimento do que estava a acontecer. Muitos dos condutores, imprevidentemente, estacionaram as suas viaturas ao longo da estreita estrada de acesso, impedindo a livre circulação das viaturas dos bombeiros e das autoridades.
Numa emergência será difícil prestar socorro, se as viaturas continuarem a entupir a estrada. O capitão do porto, comandante Vidigal Aragão, que tem acompanhado esta ocorrência com a maior eficiência e usado de toda a ponderação, sem abdicar da necessária firmeza, apela aos automobilistas que pretendam dirigir-se a Santo André, para que estacionem os seus carros fora da estrada, evitando, assim, impedir o livre acesso às viaturas de socorro.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 11 de Agosto de 1979)
Numa emergência será difícil prestar socorro, se as viaturas continuarem a entupir a estrada. O capitão do porto, comandante Vidigal Aragão, que tem acompanhado esta ocorrência com a maior eficiência e usado de toda a ponderação, sem abdicar da necessária firmeza, apela aos automobilistas que pretendam dirigir-se a Santo André, para que estacionem os seus carros fora da estrada, evitando, assim, impedir o livre acesso às viaturas de socorro.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 11 de Agosto de 1979)
Ainda sobre o encalhe do “Panda Star”
Como que ainda a «fazer praia» no acolhedor areal da Póvoa de Varzim, o navio “Panda Star”, arvorando bandeira do Panamá, mantém-se «pousado» a aguardar maré que o possa safar.
Ontem, milhares de pessoas estiveram a vê-lo e a tecer, à volta do caso as mais díspares opiniões, não faltando, entre a multidão, os que eram «capazes de o safar dali num abrir e fechar de olhos»; enfim, talentos perdidos… Estiveram a bordo, dois peritos ingleses. À boa maneira britânica, viram, apreciaram, mas nada disseram que se ouvisse.
Diz-se que só lá para fins de Setembro haverá maré capaz de permitir a reflutuação do navio. Diz-se também, que rebocadores virão, antes disso, tentar safar o navio, para já assente na areia que as ondas, aos poucos, vão cavando do lado do mar.
Será isto uma ameaça para o “Panda Star”?
Haverá, realmente, interesse em recuperá-lo?
São perguntas que andam no ar, enquanto o navio está bem assente no chão, ou melhor, na areia.
(Jornal “Comercio do Porto”, segunda-feira, 13 de Agosto de 1979)
Ontem, milhares de pessoas estiveram a vê-lo e a tecer, à volta do caso as mais díspares opiniões, não faltando, entre a multidão, os que eram «capazes de o safar dali num abrir e fechar de olhos»; enfim, talentos perdidos… Estiveram a bordo, dois peritos ingleses. À boa maneira britânica, viram, apreciaram, mas nada disseram que se ouvisse.
Diz-se que só lá para fins de Setembro haverá maré capaz de permitir a reflutuação do navio. Diz-se também, que rebocadores virão, antes disso, tentar safar o navio, para já assente na areia que as ondas, aos poucos, vão cavando do lado do mar.
Será isto uma ameaça para o “Panda Star”?
Haverá, realmente, interesse em recuperá-lo?
São perguntas que andam no ar, enquanto o navio está bem assente no chão, ou melhor, na areia.
(Jornal “Comercio do Porto”, segunda-feira, 13 de Agosto de 1979)
Foto do navio "Panda Star" a entrar no porto de Leixões
(Imagem da Fotomar, Matosinhos)
Encalhado na Póvoa há 25 dias - Longo trabalho de
especialistas consegue salvar o navio “Panda Star”
(Imagem da Fotomar, Matosinhos)
Encalhado na Póvoa há 25 dias - Longo trabalho de
especialistas consegue salvar o navio “Panda Star”
Eram 4 horas e meia da tarde de ontem quando o navio panamiano “Panda Star” entrou no porto de Leixões, depois de ter conseguido «safar-se» das areias da praia da Aguçadoura, na Póvoa de Varzim, onde encalhara na madrugada do dia 8 do mês passado. Tendo acostado ao cais novo de contentores, o navio esperará agora que a Capitania lhe faça uma vistoria ao casco, passando-lhe o respectivo certificado de segurança, seguindo tão cedo quanto possa à sua vida.
A «história» do “Panda Star”, propriedade de um armador inglês, que tem os seus navios sob a nacionalidade panamiana, começou quando os habitantes das freguesias de A-Ver-o-Mar e Aguçadoura viram sair do denso nevoeiro, que fazia na referida madrugada do dia 8 de Agosto passado, um enorme navio que iria encalhar na areia, e que o mar colocaria paralelamente à praia. Os motivos deste acidente, mais um dos têm feito das costas nortenhas um verdadeiro cemitério de navios, não se conseguiram apurar, sendo porém provável que se tenha devido exactamente ao denso nevoeiro que se fazia sentir.
Depois de repetidas tentativas falhadas para desencalhar o navio, com o auxílio das marés-altas, o proprietário fez um acordo com a empresa holandesa Wijsmuller B.v., especialista nestas operações, e representada em Portugal pela agência de navegação Jervell & Knudsen, segundo o qual o proprietário só pagaria a tentativa de desencalhar o navio caso esta resultasse.
Foi assim que há cerca de 15 dias o capitão A. Christiaans tomou conta do “Panda Star”, com a missão de o retirar da praia da Aguçadoura, onde parecia estar de «pedra e cal».
A «história» do “Panda Star”, propriedade de um armador inglês, que tem os seus navios sob a nacionalidade panamiana, começou quando os habitantes das freguesias de A-Ver-o-Mar e Aguçadoura viram sair do denso nevoeiro, que fazia na referida madrugada do dia 8 de Agosto passado, um enorme navio que iria encalhar na areia, e que o mar colocaria paralelamente à praia. Os motivos deste acidente, mais um dos têm feito das costas nortenhas um verdadeiro cemitério de navios, não se conseguiram apurar, sendo porém provável que se tenha devido exactamente ao denso nevoeiro que se fazia sentir.
Depois de repetidas tentativas falhadas para desencalhar o navio, com o auxílio das marés-altas, o proprietário fez um acordo com a empresa holandesa Wijsmuller B.v., especialista nestas operações, e representada em Portugal pela agência de navegação Jervell & Knudsen, segundo o qual o proprietário só pagaria a tentativa de desencalhar o navio caso esta resultasse.
Foi assim que há cerca de 15 dias o capitão A. Christiaans tomou conta do “Panda Star”, com a missão de o retirar da praia da Aguçadoura, onde parecia estar de «pedra e cal».
Ninguém acreditava que o salvamento do navio fosse possível
Foi exactamente com o capitão Christiaans que a reportagem falou, depois de ter sido possível subir a bordo do “Panda Star”, ainda a manobra de atracação não tinha terminado. Visivelmente satisfeito, e num inglês cuja pronúncia possivelmente flamenga se tornava de difícil entendimento, este especialista da Wijsmuller em operações de desencalhe, começaria por dizer que «ninguém na Póvoa acreditava que fosse possível salvar o navio», mas que a operação «correu maravilhosamente», não tendo acontecido nenhuma avaria.
O processo usado – explicaria o capitão Christiaans – foi o de retirar com «bulldozers» a areia junto ao navio que se encontrava em paralelo à praia e a ele encostada. Mais, uma âncora ficou presa no mar ligada a um cabo com 900 metros. Isto, evidentemente, depois de ter sido retirada a carga que levava (toros de madeira), assim como quase totalmente esvaziadas as reservas de combustível.
E assim, retirada a areia necessária, o navio esperou pelas marés-vivas que se costumam fazer sentir com mais volume, nos princípios do corrente mês de Setembro. Na manhã de ontem, durante a maré cheia, o navio começou a mover-se para sul, do lado da ré, de forma que, logo que a hélice pôde trabalhar o navio saiu mesmo de ré, fazendo então uma difícil manobra entre os bancos de areia donde tinha saído e os rochedos que mais ao largo abundavam, conseguindo sair de proa evitando-os a todos.
O processo usado – explicaria o capitão Christiaans – foi o de retirar com «bulldozers» a areia junto ao navio que se encontrava em paralelo à praia e a ele encostada. Mais, uma âncora ficou presa no mar ligada a um cabo com 900 metros. Isto, evidentemente, depois de ter sido retirada a carga que levava (toros de madeira), assim como quase totalmente esvaziadas as reservas de combustível.
E assim, retirada a areia necessária, o navio esperou pelas marés-vivas que se costumam fazer sentir com mais volume, nos princípios do corrente mês de Setembro. Na manhã de ontem, durante a maré cheia, o navio começou a mover-se para sul, do lado da ré, de forma que, logo que a hélice pôde trabalhar o navio saiu mesmo de ré, fazendo então uma difícil manobra entre os bancos de areia donde tinha saído e os rochedos que mais ao largo abundavam, conseguindo sair de proa evitando-os a todos.
Há mais de dez anos que nenhum navio
encalhado na costa nortenha conseguia safar-se
encalhado na costa nortenha conseguia safar-se
Esta «operação de salvamento» constituiu uma verdadeira vitória, tanto mais que, para além de possíveis prejuízos de poluição que evitou, foi a primeira vez que, pelo menos nestes dez últimos anos, um navio encalhado na costa a Norte de Espinho consegue safar-se.
O capitão A. Christiaans, responsável por esta proeza, haveria também de agradecer o próximo auxílio da empresa portuguesa Ferrinha, de Leça, que acompanhou toda a operação, assim como ao proprietário da Estalagem de Santo André, que forneceu à tripulação água potável e onde foi lavada a respectiva roupa.
Sobre o preço por que terá ficado ao armador proprietário do “Panda Star” toda esta bem-sucedida operação de salvamento, o capitão Christiaans disse «ser um técnico não sabe essas coisas de dinheiro», sendo no entanto de esperar que, pelo tipo de contrato estabelecido, a verba a receber pela empresa Wijsmuller não seja pequena, tanto mais que o navio se encontra na mesma como quando encalhou.
(Jornal “Comercio do Porto”, segunda-feira, 4 de Setembro de 1979)
O capitão A. Christiaans, responsável por esta proeza, haveria também de agradecer o próximo auxílio da empresa portuguesa Ferrinha, de Leça, que acompanhou toda a operação, assim como ao proprietário da Estalagem de Santo André, que forneceu à tripulação água potável e onde foi lavada a respectiva roupa.
Sobre o preço por que terá ficado ao armador proprietário do “Panda Star” toda esta bem-sucedida operação de salvamento, o capitão Christiaans disse «ser um técnico não sabe essas coisas de dinheiro», sendo no entanto de esperar que, pelo tipo de contrato estabelecido, a verba a receber pela empresa Wijsmuller não seja pequena, tanto mais que o navio se encontra na mesma como quando encalhou.
(Jornal “Comercio do Porto”, segunda-feira, 4 de Setembro de 1979)
Sem comentários:
Enviar um comentário