domingo, 24 de dezembro de 2017
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
terça-feira, 14 de novembro de 2017
Leixões na rota do turismo! (16/2017)
Escala de navios em Leixões na 4ª semana de Setembro
O mês de (quase) todos os navios!
No dia 24, o navio de passageiros "National Geographic Orion"
Chegado procedente de Lisboa, saiu com destino a Vilagarcia de Arosa
Chegado procedente de Lisboa, saiu com destino a Vilagarcia de Arosa
No dia 27, o veleiro holandês "Gulden Leeuw", no rio Douro
Em viagem de treino de mar com estudantes canadianos
Chegou ao Porto procedente de Beverwijk, saiu para Porto Cervo
Também no dia 27, o navio de passageiros "Nautica"
Vindo procedente da Corunha. tendo saído com destino a Lisboa
No dia 28, o navio de passageiros "Fram"
Também chegado proveniente da Corunha, em viagem para Lisboa
Em viagem de treino de mar com estudantes canadianos
Chegou ao Porto procedente de Beverwijk, saiu para Porto Cervo
Também no dia 27, o navio de passageiros "Nautica"
Vindo procedente da Corunha. tendo saído com destino a Lisboa
No dia 28, o navio de passageiros "Fram"
Também chegado proveniente da Corunha, em viagem para Lisboa
No dia 30, o navio de passageiros "Aurora"
Foto de autor desconhecido, imagem Pinterest
Chegado do porto do Ferrol, sáiu com destino a Cherbourg
Foto de autor desconhecido, imagem Pinterest
Chegado do porto do Ferrol, sáiu com destino a Cherbourg
Ainda no dia 30, o navio de passageiros "Seven Seas Explorer"
Chegado procedente da Corunha, continou a viagem para Lisboa
Chegado procedente da Corunha, continou a viagem para Lisboa
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
sábado, 4 de novembro de 2017
O futuro começou há 125 anos
Marinha de Guerra Portuguesa
A primeira grande reforma das Capitanias
O pequeno período da história, que distou dez anos, entre 1882 e 1892, revolucionou completamente o país, obrigando a repensar métodos e processos em curso, sobre os departamentos marítimos, capitanias dos portos e respectivas delegações.
Nesses 10 anos verificou-se um enorme desenvolvimento, com base na construção naval em madeira, de excelente qualidade, para a marinha de comércio, quer para os serviços de cabotagem como para o longo curso, mas principalmente para a pesca.
De tal forma, que o Governo do reino viu-se na iminência imperativa de reorganizar a legislação vigente nestas áreas, modernizando modelos ultrapassados, por norma sujeitos a reclamações de diversas associações, cujo atendimento e concordância vieram a merecer justo reconhecimento.
Nesse sentido, foi apresentada pelo Governo ao Rei, uma proposta de alteração da legislação, que depois de discutida no plenário nacional, viria a ser aprovada no dia 1 de Dezembro de 1892, e publicada no Diário do Governo no dia 13 do mesmo ano e mês.
Porque partes do texto em questão são dignos de serem recordados, transcreve-se pontos de significativo valor histórico, como segue:
«A jurisdição marítima no litoral e águas territoriais abrange condições importantíssimas de serviço público, que, por sua natureza especial e técnica, têm de ser confiadas aos chefes dos departamentos marítimos e repartições suas dependentes.
É a carta de lei de 27 de Julho de 1882 que até hoje tem regulado o exercício daquela jurisdição; a prática, porém, da sua execução tem demonstrado a urgência de preencher algumas lacunas nela existentes, perfeitamente explicáveis numa legislação, que tem de ser muito complexa para poder prever a maioria das hipóteses.
Não menos se tem afirmado a necessidade de alterar algumas disposições do diploma citado no sentido de conciliar os interesses do Estado com os das populações marítimas e do comércio, que pela voz autorizada das suas associações têm reclamado insistentemente a reforma da lei vigente, e do seu regulamento.
Alguns serviços especiais que representam elementos de administração devidamente atendidos nos portos estrangeiros, não são atendidos na actual legislação, que aliás, é forçoso não esquecê-lo e fazer a devida justiça, lançou as bases de uma organização definida, e preparou a evolução para o que agora temos a honra de propôr.
Assim, por exemplo, o que diz respeito à inscrição marítima, aos processos por transgressões, à concessão de amarrações fixas, ao determinado quanto ao alojamento para passageiros, as disposições para as cargas de grão, para as do convés, e outros assuntos de igual importância, têm de ser regulados, pois que pela legislação até agora vigente não o são. Tem isto de fazer-se de forma semelhante ao que acontece nos portos estrangeiros, porquanto a natureza de tais serviços impõe para eles uma legislação, quanto possível cosmopolita, para evitar resistências e dificuldades comerciais e variedade de disposições onde os intuitos e o objectivo são um e único, e a lei tem de atingir súbditos de todas as nacionalidades.
A indústria da pesca, quando devidamente desenvolvida em Portugal, deve representar um dos elementos de riqueza pública mais importante, não só como auxiliar quase indispensável da alimentação de todas as classes sociais no país, mas ainda como emprego da sua população menos abastada, e como meio de obter pela exportação de um produto de valor seguro uma forma – e não pode ela desprezar-se onde tão pouco abundam, - de, na balança comercial, atenuarmos os nossos deficits económicos.
Tem a indústria piscatória passado ultimamente entre nós por uma tal transformação de processos de exploração, que tem de ser acompanhada por uma legislação que sirva de auxiliar a essa transformação progressiva, e a considere na sua nova fase menos tradicional e rotineira.
Assim, por exemplo, as armações de sardinha com copo à valenciana, galeões e cercos americanos, que foram entre nós iniciados em 1884, e que representam, com respeito aos antigos processos, aparelhos aperfeiçoados de exploração, aumentaram, em milhares de indivíduos, o pessoal empregado na indústria respectiva, o que, como é evidente, trouxe, na sua relação com as capitanias, considerável acréscimo de trabalho e expediente, comparado com o que era normal antes de tais processos serem no país conhecidos ou empregados.
Sob o ponto de vista estatístico, e ainda como auxiliar insubstituível na formação das tripulações da marinha mercante, e nas das embarcações de pesca, há muito se faz notar a falta de inscrição marítima, feita por pessoas competentes e conhecedoras, e que traduza por um consciencioso e apurado arrolamento da tripulação, que explora o mar nos seus diversos elementos remuneradores, a verdade dos factos, e as condições da sua existência positiva.
Analisando outras circunstâncias peculiares da exploração marítima, é mister ter em vista o que se passa nos portos da Europa, não só como meio de receita para o Estado, que em nada afecta os interesses comerciais, mas ainda como forma de policiá-los o assegurar nos ancoradouros uma regular fiscalização das amarrações fixas, cujo número e necessidade, dada a quase exclusiva navegação por vapor, trazem como natural exigência não continuarem sem uma regulamentação adequada e eficaz e sem uma fiscalização que seja garantia segura de vidas e propriedade e de arrumação dos navios nos ancoradouros.
Ao que fica dito satisfaz o regímen que propomos, estabelecendo para as amarrações fixas com bóia vistorias periódicas e uma licença anual com pagamento de emolumentos, tudo amplamente justificado pelos lucros consideráveis que os seus proprietários auferem ou vantagens que dela resultem para os armadores e pela necessidade de obter para o tesouro público meios de compensar a despesa inevitável com a organização de serviços, que são imprescindíveis em face da existência de novos portos artificiais, e do desenvolvimento que em alguns dos naturais tem tido o seu comércio e larga exploração das águas territoriais.
Novas capitanias ou delegações
Em face do desenvolvimento comercial de algumas das povoações do litoral, tais como Leixões, Nazaré, Vila Nova de Milfontes e Fuzeta, uma necessidade se impõe absoluta e impreterível, e teve ela de ser considerada no regímen proposto. Referi-mo-nos à urgência de prover aquelas localidades com delegados das capitanias que ali possam representar e exercer condignamente os deveres respectivos, o que não trará aumento de despesa, que não seja compensado pelas receitas correlativas, e o que não exigirá nomeação de novos empregados, pois que estão as coisas dispostas de forma a só se utilizarem os já existentes.
No porto de Leixões não pode, em face da sua importância como porto artificial, deixar de haver um delegado da capitania oficial da Armada; têm a este respeito sido instantes as reclamações das estações competentes, e não menos do comércio portuense e ainda do estrangeiro que ali tanto aflui.
A Nazaré tem actualmente empregados na pesca mais de 5.000 indivíduos de ambos os sexos e 350 barcos, que pagam de impostos 10:000$00 a 12:000$00 réis.
A Fuzeta além de muito frequentada pelos galeões espanhóis, que para regular execução de convénio de pesca com a Espanha é preciso vigiar, tem 900 pescadores permanentes; mais 300 em determinadas épocas, e ao todo 74 barcos.
A distância relativamente considerável de Vila Nova de Milfontes a Setúbal, onde se acha a sede da capitania, é um obstáculo grave ao comércio daquele porto e à acção fiscal da autoridade marítima. Preciso é, portanto, que uma delegação da capitania ali satisfaça de pronto a todas as exigências policiais e do comércio.»
No porto de Leixões não pode, em face da sua importância como porto artificial, deixar de haver um delegado da capitania oficial da Armada; têm a este respeito sido instantes as reclamações das estações competentes, e não menos do comércio portuense e ainda do estrangeiro que ali tanto aflui.
A Nazaré tem actualmente empregados na pesca mais de 5.000 indivíduos de ambos os sexos e 350 barcos, que pagam de impostos 10:000$00 a 12:000$00 réis.
A Fuzeta além de muito frequentada pelos galeões espanhóis, que para regular execução de convénio de pesca com a Espanha é preciso vigiar, tem 900 pescadores permanentes; mais 300 em determinadas épocas, e ao todo 74 barcos.
A distância relativamente considerável de Vila Nova de Milfontes a Setúbal, onde se acha a sede da capitania, é um obstáculo grave ao comércio daquele porto e à acção fiscal da autoridade marítima. Preciso é, portanto, que uma delegação da capitania ali satisfaça de pronto a todas as exigências policiais e do comércio.»
……………………………………………
«Largamente indicados, como temos feito, não só os princípios da administração em que se funda o regímen proposto, mas ainda a sua feição económica, temos a honra de pedir a aprovação de Vossa Majestade para o seguinte projecto de decreto, que, não só pela opinião do Governo, mas segundo a opinião de pessoas autorizadas que nele colaboraram, tem a subida vantagem de aperfeiçoar e organizar serviços importantes, no sentido que a experiência de há muito aconselha, e o interesse público insistentemente reclama.».
«Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, 1 de Dezembro de 1892 = José Dias Ferreira = António Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel = Jorge Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado = Francisco Joaquim Ferreira do Amaral = António Ayres de Gouvêa = Pedro Victor da Costa Sequeira».
Lamentavelmente os 10 anos que se seguiram mostraram um Governo incapaz de argumentar com a exigível diplomacia ao “Ultimato” britânico de 1890, situação agravada por levantamentos militares, causando imensa instabilidade no país. Isto porque a concessão exclusiva da construção naval à Inglaterra nesse período e a proibição de algumas artes de pesca, apenas serviram para vitimar um largo número de marinheiros e pescadores.
Porém, a entrada no século XX proporcionou a normalização das actividades marítimas, e só não foi possível chegar mais longe, porque o país não dispunha de aço, carvão e técnicos para modernizar a construção naval.
De resto, é fundamental concluir que o documento apresentado foi lei durante muitos anos e a aprendizagem que dele se retira, após 125 anos de história, remete-nos agora ao cumprimento de algumas efemérides.
Porque é também o caso do Instituto de Socorros a Náufragos, que por coincidência também viu ser oficializado o seu início da actividade há 125 anos, urge compreender que desde então até aos dias de hoje, no imenso mar português, muito evoluiu, estando os responsáveis pela A.M.N. (Autoridade Marítima Nacional) a acompanhar em proximidade as alterações impostas pelo progresso, na rota segura dum futuro melhor.
«Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, 1 de Dezembro de 1892 = José Dias Ferreira = António Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel = Jorge Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado = Francisco Joaquim Ferreira do Amaral = António Ayres de Gouvêa = Pedro Victor da Costa Sequeira».
Lamentavelmente os 10 anos que se seguiram mostraram um Governo incapaz de argumentar com a exigível diplomacia ao “Ultimato” britânico de 1890, situação agravada por levantamentos militares, causando imensa instabilidade no país. Isto porque a concessão exclusiva da construção naval à Inglaterra nesse período e a proibição de algumas artes de pesca, apenas serviram para vitimar um largo número de marinheiros e pescadores.
Porém, a entrada no século XX proporcionou a normalização das actividades marítimas, e só não foi possível chegar mais longe, porque o país não dispunha de aço, carvão e técnicos para modernizar a construção naval.
De resto, é fundamental concluir que o documento apresentado foi lei durante muitos anos e a aprendizagem que dele se retira, após 125 anos de história, remete-nos agora ao cumprimento de algumas efemérides.
Porque é também o caso do Instituto de Socorros a Náufragos, que por coincidência também viu ser oficializado o seu início da actividade há 125 anos, urge compreender que desde então até aos dias de hoje, no imenso mar português, muito evoluiu, estando os responsáveis pela A.M.N. (Autoridade Marítima Nacional) a acompanhar em proximidade as alterações impostas pelo progresso, na rota segura dum futuro melhor.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Leixões na rota do turismo! (15/2017)
Escala de navios em Leixões na 3ª semana de Setembro
No dia 16, o navio-escola "Sagres"
A participar na festa de comemoração do aniversário do porto
A participar na festa de comemoração do aniversário do porto
No dia 17, o navio de passageiros "Serenissima"
Chegou procedente de Vigo, tendo saído com destino a Lisboa
Chegou procedente de Vigo, tendo saído com destino a Lisboa
Ainda no dia 17, o navio de passageiros "Wind Surf"
Tal como o navio anterior, veio de Vigo e saiu para Lisboa
Tal como o navio anterior, veio de Vigo e saiu para Lisboa
No dia 18, o navio de passageiros "Clio"
A copiar o percurso dos anteriores, veio de Vigo para Lisboa
No dia 20, o navio de passageiros "Tui Discovery 2"
E mais uma vez, chegou procedente de Vigo e saiu para Lisboa
Também no dia 20, o navio de passageiros "Midnatsol"
Chegou procedente da Corunha, tendo saído com destino a Lisboa
A copiar o percurso dos anteriores, veio de Vigo para Lisboa
No dia 20, o navio de passageiros "Tui Discovery 2"
E mais uma vez, chegou procedente de Vigo e saiu para Lisboa
Também no dia 20, o navio de passageiros "Midnatsol"
Chegou procedente da Corunha, tendo saído com destino a Lisboa
Ainda no dia 20, o navio de passageiros "Island Sky"
A acompanhar o navio anterior, desde a Corunha até Lisboa
A acompanhar o navio anterior, desde a Corunha até Lisboa
No dia 22, o navio de passageiros "Corinthian"
Vindo procedente de Vigo, saindo também para Lisboa
Vindo procedente de Vigo, saindo também para Lisboa
Também no dia 22, o navio "National Geographic Orion"
Chegado procedente de Vila Garcia de Arosa, tendo saído para Lisboa
Também chegado procedente da Corunha, e saído com rumo a Lisboa
Chegado procedente de Vila Garcia de Arosa, tendo saído para Lisboa
Ainda no dia 22, o navio de passageiros "Silver Wind"
Vindo procedente da Corunha, e saído rumo a Lisboa
A semana termina com uma quarta escala no dia 22, o "Koningsdam",Vindo procedente da Corunha, e saído rumo a Lisboa
Também chegado procedente da Corunha, e saído com rumo a Lisboa
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Leixões na rota do turismo! (14/2017)
Escalas de navios em porto na primeira quinzena de Setembro
A última quinzena esteve animada com as escalas de diversos navios, salientando-se a primeira visita ao porto do iate de luxo "Variety Voyager", a operar como navio de passageiros no mercado de cruzeiros. Foram praticamente cumpridas as visitas previstas neste período, à excepção do navio "Sea Cloud II", por motivos não conhecidos.
No dia 1, o navio de passageiros "Silver Muse"
Chegou procedente de Lisboa, tendo saído com destino à Corunha.
Chegou procedente de Lisboa, tendo saído com destino à Corunha.
No dia 2, o navio de passageiros "Aegean Odyssey"
Chegou procedente da Corunha, saiu com destino a Lisboa
Chegou procedente da Corunha, saiu com destino a Lisboa
No dia 5, o navio de passageiros "Mein Schiff 4"
Chegou procedente da Corunha, tendo saído com destino a Lisboa
No dia 6, o navio de passageiros "Tuy Discovery 2"
Veio proveniente de Vigo, tendo saído com destino a Lisboa
Chegou procedente da Corunha, tendo saído com destino a Lisboa
No dia 6, o navio de passageiros "Tuy Discovery 2"
Veio proveniente de Vigo, tendo saído com destino a Lisboa
No dia 7, o navio de passageiros "Hebridean Sky"
Chegou procedente da Corunha, saiu com destino a Lisboa
Chegou procedente da Corunha, saiu com destino a Lisboa
No dia 8, o navio de passageiros "Star Pride"
Chegou proveniente de Vigo, tendo saído para Lisboa
No dia 13, o iate de luxo com passageiros "Variety Voyager"
Chegado procedente de Vigo, saiu também com destino a Lisboa
Chegou proveniente de Vigo, tendo saído para Lisboa
No dia 13, o iate de luxo com passageiros "Variety Voyager"
Chegado procedente de Vigo, saiu também com destino a Lisboa
No dia 13, o navio de passageiros "Costa Magica"
Chegou procedente da Corunha, continuou viagem rumo a Lisboa
No dia 14, o navio de passageiros "Azamara Journey"
Chegou procedente de Bilbao, saindo com destino a Lisboa
No rio Douro
Chegou procedente da Corunha, continuou viagem rumo a Lisboa
No dia 14, o navio de passageiros "Azamara Journey"
Chegou procedente de Bilbao, saindo com destino a Lisboa
No rio Douro
Lugre "Santa Maria Manuela"
O navio pela primeira vez, depois da mudança de proprietário, esteve de regresso ao rio Douro, entre os dias 9 a 14, tendo atracado no cais de Gaia. Chegou procedente do Havre e saiu com destino a Lisboa.
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Divulgação
Dia do porto de Leixões 2017
É já no próximo sábado que o porto de Leixões abre as portas, para animadamente celebrar a passagem de mais um dia festivo.
O programa apresentado no respectivo cartaz, sugere praticamente a repetição de eventos apresentados nos anos anteriores, o que de certo modo garante novo sucesso, em termos de exigência e interesse.
Para este ano a administração do porto, em colaboração com a Marinha de Guerra Portuguesa, promovem o regresso a Leixões do navio-escola "Sagres", que atracando no novo terminal de passageiros, vai igualmente possibilitar a visita ao navio entre as 10 horas da manhã e as 7 horas da tarde, decididamente a cereja em cima do bolo.
Pela nossa parte, cabe com imensa satisfação apresentar os nossos votos de parabéns à administração e restante equipa de trabalhadores portuários, por mais este aniversário.
O programa apresentado no respectivo cartaz, sugere praticamente a repetição de eventos apresentados nos anos anteriores, o que de certo modo garante novo sucesso, em termos de exigência e interesse.
Para este ano a administração do porto, em colaboração com a Marinha de Guerra Portuguesa, promovem o regresso a Leixões do navio-escola "Sagres", que atracando no novo terminal de passageiros, vai igualmente possibilitar a visita ao navio entre as 10 horas da manhã e as 7 horas da tarde, decididamente a cereja em cima do bolo.
Pela nossa parte, cabe com imensa satisfação apresentar os nossos votos de parabéns à administração e restante equipa de trabalhadores portuários, por mais este aniversário.
sábado, 9 de setembro de 2017
História trágico-marítima (CCXXXVII)
O naufrágio do lugre "Britónia"
Viana, 25 – Naufragou o lugre “Britónia”, na Ponta Tornada.
Espera-se ser possível salvar a tripulação.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 26 de Abril de 1924)
Espera-se ser possível salvar a tripulação.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 26 de Abril de 1924)
Desenho de um lugre, sem correspondência ao texto
Características do lugre “Britónia”
1923-1924
Características do lugre “Britónia”
1923-1924
Armador: Bernardo Pinto Abrunhosa, Viana do Castelo
Nº Oficial: 80 - Iic: H.B.R.O. – Porto de registo; Viana do Castelo
Construtor: M. Leis Hermida, Noya-Obrés, Espanha, 1917
ex “Manuel”, (Proprietário espanhol não identificado)
ex “Arosa”, Enrique Lorenza Gil, Vigo, Espanha
Arqueação: Tab 120,98 tons - Tal 104,21 tons
Dimensões: Pp 26,29 mts - Boca 7,11 mts - Pontal 2,79 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 7 tripulantes
Nº Oficial: 80 - Iic: H.B.R.O. – Porto de registo; Viana do Castelo
Construtor: M. Leis Hermida, Noya-Obrés, Espanha, 1917
ex “Manuel”, (Proprietário espanhol não identificado)
ex “Arosa”, Enrique Lorenza Gil, Vigo, Espanha
Arqueação: Tab 120,98 tons - Tal 104,21 tons
Dimensões: Pp 26,29 mts - Boca 7,11 mts - Pontal 2,79 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 7 tripulantes
No mar de Viana - Viagem tormentosa
Naufrágio - Em perigo - Os socorros - Salvos!
Naufrágio - Em perigo - Os socorros - Salvos!
Viana do Castelo, 26 – A nossa terra assistiu ontem a um emocionante espectáculo – o naufrágio do lugre “Britónia”, propriedade de Bernardo Pinto Abrunhosa.
O vento soprava rijo de sudoeste e o mar, embravecido pelo vendaval, encarreirava o lugre, que navegava com as marcas da barra feitas, ou não viessem a bordo homens experimentados e conhecedores de todos os «petões» que na mesma existem. Na boca da barra, o gasolina com os pilotos fazia sinais ao navio para orçar mais ao mar ou mais à terra, conforme as exigências do seco, que nas últimas cheias fizeram na «Ponta da Tornada», prolongando-o até lá muito fora.
Sobre o castelo da proa vinha um marinheiro, que transmitia ao homem do leme os sinais que recebia do gasolina. E o lugre avançava, velas enfunadas, parecendo orgulhar-se de transpôr as altas montanhas de água que na sua frente se erguiam.
Mais um sinal feito pelo «gasolina» para que o “Britónia” desfizesse de rumo para noroeste; porém, o navio não obedeceu e foi cair sobre a areia acumulada desde a «Tornada» até quase ao «Ladrão».
Não se descreve a emoção que isto trouxe ao espírito das já milhares de pessoas, que nos cais e pontos elevados assistiam ao desenrolar deste drama marítimo. A bordo do “Britónia” começou a azáfama para conseguirem safá-lo e em terra não foi menor a azáfama para tratarem do salvamento da tripulação, que o navio perdido estava.
O salva-vidas foi imediatamente lançado à água e era vê-lo galgar as vagas alterosas, como que a escarnecer da sua indómita bravura, e às catraias dos pilotos não faltaram tripulantes, todos prontos a prestar os socorros que pedissem. Mas nenhuma destas embarcações se podia aproximar do “Britónia”, que as vagas varriam da proa à popa.
Há gritos, lamentos, e o navio, de quando em quando, vai ficando em mais crítica situação. O salva-vidas consegue alcançar uma bóia lançada de bordo, segura a um cabo que é preso no Bugio, para ser estabelecido o cabo de vai-vem, mas como a distância era muita, os náufragos não utilizaram desse meio de salvação, que a meio caminho os poderia recolher, porque estariam sem vida ou gravemente feridos.
Resolveram então levar o aparelho porta-cabos para o Cabedelo; foram feitos cinco tiros, mas os projécteis perderam-se por terem rebentado as linhas que conduziam, para ser estabelecido o serviço. Entretanto, a noite aproximava-se.
No coração de tanta gente que assistia ao tenebroso quadro, havia a dor dilacerante ocasionada pelo receio de que ali tão perto de suas casas, talvez a vê-las branquear, iam morrer sete criaturas tragadas pelo mar que, a espaços, ia desfeiteando aos poucos aquele navio. E essa gente, boa e crente, que rezava pedindo a Deus pela boa sorte e salvação dos navegantes, foi acender as lâmpadas das igrejas.
A uma menina moradora na rua do Loureiro, ouvimos dizer: «tenhamos fé, os marinheiros não morrem, porque a luz que acendi à Virgem está tão linda!». Bendita crença! E hoje de manhã, essa mesma criança, conversando com os vizinhos, disse-lhes: «Viram como a Virgem salvou os marinheiros!...».
O lugre, ao escurecer, atravessou ao mar. Tudo, perdido, ouvimos dizer a homens práticos. Que tristeza! E homens do mar, bombeiros voluntários e gente do povo por ali permaneceram até altas horas. O mar rugia e o vento soprava violentamente. Nem uma luz na praia se podia conservar. E para maior infelicidade dos pobres náufragos, a cidade esteve ontem às escuras.
Meia-noite. Ouvimos dizer: «Já estão salvos quatro náufragos».
Fomos procurá-los. Encontramos um na cozinha de sua casa a mudar de roupa e mesmo ali nos recebeu, É um rapaz alto, agradável. Chama-se Manoel Gonçalves Muxaxo, de 19 anos. Depois de mudar de roupa, comeu uma tigela de caldo, pois tinha bastante fome.
Perguntamos-lhe se o navio desgovernou quando do «gasolina» lhe foi feito sinal para mudar de rumo. Respondeu-nos que se lhes havia partido o galdrope.
- Como se salvaram?
- Por um cabo que cinco homens, que praticaram a temeridade de se colocar no perigoso cais de madeira, no Cabedelo, nos jogaram para bordo. Eu já estava disposto a jogar-me à água, quando de terra preveniram que iam lançar um cabo. Efectivamente, poucos momentos depois caía na proa do lugre um cabo, com uma peça de metal na extremidade, daqueles que os bombeiros usam à cinta. Seguro, bem seguro ao mastro da proa, começou o serviço de salvamento. E na graça de Deus, cá estamos em terra firme.
- E se não fosse a resolução de estabelecer esse serviço, não havia outras probabilidades de se salvarem?
- Talvez não nos salvássemos porque o mar saltava sobre o navio de lado a lado.
- A viagem foi tormentosa?
- Bastante. Saímos de Mazagão na quinta-feira Santa e por aí viemos aos trambolhões.
- Os nomes desses cinco homens?
- O Baptista do salva-vidas, o capitão do lugre “Condestável”, e os pescadores Manoel da Silva, Manoel Pacheco e César Martins.
- A que horas foi atirado o cabo para bordo?
- Seriam 11 horas.
- Claro, que vocês ficaram aliviados?
- Não queria. Estávamos empitados até aos ossos. Olhe que se não morrêssemos afogados, morríamos de frio. Despedimo-nos do rapaz, porque o reconhecemos extenuado. Mas antes de sairmos, ainda lhe fizemos esta pergunta:
- Aquele gageiro que subia e descia as enxárcias, o que fazia?
- Era eu e cortava os cabos para prevenirmos qualquer hipótese de precisarmos deles para nos salvarmos.
- Então não tinham outros a bordo?
- Tinhamo-los na câmara; mas ninguém podia lá ir, porque estava completamente inundada.
Retiramo-nos.
O lugre “Britónia” lá está na praia, a desmantelar-se. Parece que ainda há esperanças de salvar a carga, que é gesso. Quanto aos tripulantes, se o mar amainar, ainda esperam salvar as suas roupas e quaisquer utensílios de bordo.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 27 de Abril de 1924)
O vento soprava rijo de sudoeste e o mar, embravecido pelo vendaval, encarreirava o lugre, que navegava com as marcas da barra feitas, ou não viessem a bordo homens experimentados e conhecedores de todos os «petões» que na mesma existem. Na boca da barra, o gasolina com os pilotos fazia sinais ao navio para orçar mais ao mar ou mais à terra, conforme as exigências do seco, que nas últimas cheias fizeram na «Ponta da Tornada», prolongando-o até lá muito fora.
Sobre o castelo da proa vinha um marinheiro, que transmitia ao homem do leme os sinais que recebia do gasolina. E o lugre avançava, velas enfunadas, parecendo orgulhar-se de transpôr as altas montanhas de água que na sua frente se erguiam.
Mais um sinal feito pelo «gasolina» para que o “Britónia” desfizesse de rumo para noroeste; porém, o navio não obedeceu e foi cair sobre a areia acumulada desde a «Tornada» até quase ao «Ladrão».
Não se descreve a emoção que isto trouxe ao espírito das já milhares de pessoas, que nos cais e pontos elevados assistiam ao desenrolar deste drama marítimo. A bordo do “Britónia” começou a azáfama para conseguirem safá-lo e em terra não foi menor a azáfama para tratarem do salvamento da tripulação, que o navio perdido estava.
O salva-vidas foi imediatamente lançado à água e era vê-lo galgar as vagas alterosas, como que a escarnecer da sua indómita bravura, e às catraias dos pilotos não faltaram tripulantes, todos prontos a prestar os socorros que pedissem. Mas nenhuma destas embarcações se podia aproximar do “Britónia”, que as vagas varriam da proa à popa.
Há gritos, lamentos, e o navio, de quando em quando, vai ficando em mais crítica situação. O salva-vidas consegue alcançar uma bóia lançada de bordo, segura a um cabo que é preso no Bugio, para ser estabelecido o cabo de vai-vem, mas como a distância era muita, os náufragos não utilizaram desse meio de salvação, que a meio caminho os poderia recolher, porque estariam sem vida ou gravemente feridos.
Resolveram então levar o aparelho porta-cabos para o Cabedelo; foram feitos cinco tiros, mas os projécteis perderam-se por terem rebentado as linhas que conduziam, para ser estabelecido o serviço. Entretanto, a noite aproximava-se.
No coração de tanta gente que assistia ao tenebroso quadro, havia a dor dilacerante ocasionada pelo receio de que ali tão perto de suas casas, talvez a vê-las branquear, iam morrer sete criaturas tragadas pelo mar que, a espaços, ia desfeiteando aos poucos aquele navio. E essa gente, boa e crente, que rezava pedindo a Deus pela boa sorte e salvação dos navegantes, foi acender as lâmpadas das igrejas.
A uma menina moradora na rua do Loureiro, ouvimos dizer: «tenhamos fé, os marinheiros não morrem, porque a luz que acendi à Virgem está tão linda!». Bendita crença! E hoje de manhã, essa mesma criança, conversando com os vizinhos, disse-lhes: «Viram como a Virgem salvou os marinheiros!...».
O lugre, ao escurecer, atravessou ao mar. Tudo, perdido, ouvimos dizer a homens práticos. Que tristeza! E homens do mar, bombeiros voluntários e gente do povo por ali permaneceram até altas horas. O mar rugia e o vento soprava violentamente. Nem uma luz na praia se podia conservar. E para maior infelicidade dos pobres náufragos, a cidade esteve ontem às escuras.
Meia-noite. Ouvimos dizer: «Já estão salvos quatro náufragos».
Fomos procurá-los. Encontramos um na cozinha de sua casa a mudar de roupa e mesmo ali nos recebeu, É um rapaz alto, agradável. Chama-se Manoel Gonçalves Muxaxo, de 19 anos. Depois de mudar de roupa, comeu uma tigela de caldo, pois tinha bastante fome.
Perguntamos-lhe se o navio desgovernou quando do «gasolina» lhe foi feito sinal para mudar de rumo. Respondeu-nos que se lhes havia partido o galdrope.
- Como se salvaram?
- Por um cabo que cinco homens, que praticaram a temeridade de se colocar no perigoso cais de madeira, no Cabedelo, nos jogaram para bordo. Eu já estava disposto a jogar-me à água, quando de terra preveniram que iam lançar um cabo. Efectivamente, poucos momentos depois caía na proa do lugre um cabo, com uma peça de metal na extremidade, daqueles que os bombeiros usam à cinta. Seguro, bem seguro ao mastro da proa, começou o serviço de salvamento. E na graça de Deus, cá estamos em terra firme.
- E se não fosse a resolução de estabelecer esse serviço, não havia outras probabilidades de se salvarem?
- Talvez não nos salvássemos porque o mar saltava sobre o navio de lado a lado.
- A viagem foi tormentosa?
- Bastante. Saímos de Mazagão na quinta-feira Santa e por aí viemos aos trambolhões.
- Os nomes desses cinco homens?
- O Baptista do salva-vidas, o capitão do lugre “Condestável”, e os pescadores Manoel da Silva, Manoel Pacheco e César Martins.
- A que horas foi atirado o cabo para bordo?
- Seriam 11 horas.
- Claro, que vocês ficaram aliviados?
- Não queria. Estávamos empitados até aos ossos. Olhe que se não morrêssemos afogados, morríamos de frio. Despedimo-nos do rapaz, porque o reconhecemos extenuado. Mas antes de sairmos, ainda lhe fizemos esta pergunta:
- Aquele gageiro que subia e descia as enxárcias, o que fazia?
- Era eu e cortava os cabos para prevenirmos qualquer hipótese de precisarmos deles para nos salvarmos.
- Então não tinham outros a bordo?
- Tinhamo-los na câmara; mas ninguém podia lá ir, porque estava completamente inundada.
Retiramo-nos.
O lugre “Britónia” lá está na praia, a desmantelar-se. Parece que ainda há esperanças de salvar a carga, que é gesso. Quanto aos tripulantes, se o mar amainar, ainda esperam salvar as suas roupas e quaisquer utensílios de bordo.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 27 de Abril de 1924)
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
História trágico-marítima (CCXXXVI)
O naufrágio da chalupa “Farol”
Viana do Castelo, 27 – Nas alturas de Peniche naufragou a chalupa “Farol”, propriedade dos srs. José Rodrigues Maduro Filho, João M. Couto Viana e Manuel Martins Giesta.
A violenta nortada e mar aberto partiu-lhe o leme e fê-la abrir água.
A tripulação foi salva por um vapor francês, tendo chegado ante-ontem a esta cidade. Perdeu todos os seus haveres.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 28 de Abril de 1925)
Desenho de uma chalupa, sem correspondência ao texto
Características da chalupa “Farol”
Armadores: José Rodrigues Maduro Filho, João Martins Couto Viana e Manuel Martins Giesteira, Porto
Nº Oficial: 67 - Iic: H.F.R.A. - Porto de registo: Viana do Castelo
Construtor: José de Azevedo Linhares, Esposende, Outubro, 1920
Arqueação: Tab 68,23 tons - Tal 49,38 tons
Dimensões: Pp 21,48 mts - Boca 5,94 mts - Pontal 2,43 mts
Propulsão: À vela
De acordo com documento oficial disponível com informação do naufrágio, o sinistro ocorreu no dia 20 de Abril, a cerca de 20 milhas a oeste do Porto, tendo a tripulação sido resgatada pela chalupa lagosteira francesa Jeanne d’Arc.
Construtor: José de Azevedo Linhares, Esposende, Outubro, 1920
Arqueação: Tab 68,23 tons - Tal 49,38 tons
Dimensões: Pp 21,48 mts - Boca 5,94 mts - Pontal 2,43 mts
Propulsão: À vela
De acordo com documento oficial disponível com informação do naufrágio, o sinistro ocorreu no dia 20 de Abril, a cerca de 20 milhas a oeste do Porto, tendo a tripulação sido resgatada pela chalupa lagosteira francesa Jeanne d’Arc.
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
História trágico-marítima (CCXXXV)
Póvoa de Varzim
Naufrágio – Pormenores do sinistro
Na noite de ante-ontem para ontem deu à costa, na Póvoa de Varzim, a escuna portuguesa “Esperança”, pertencente à firma Lázaro de Oliveira & Cª., da praça de Olhão, no Algarve.
O navio foi acossado pelo temporal, quando pairava por alturas do Cabo da Roca e a custo se aguentou, durante uns dias, depois de haver perdido velas, mastros, etc., até que teve de dar à costa a despeito dos esforços feitos pelo respectivo capitão, Sebastião dos Reis, que é um verdadeiro lobo-do-mar, condecorado com a Torre e Espada e uma medalha Humanitária.
Salvou-se toda a tripulação, da qual faziam parte dois homens naturais do Porto, da freguesia de Massarelos e dois de Aveiro. O navio, que se considera perdido, está a ser destruído por ondas alterosas.
Desenho de chalupa, sem correspondência ao texto
Características da chalupa “Esperança”
Características da chalupa “Esperança”
Armador: Lázaro de Oliveira & Cª., Olhão
Nº Oficial: A-712 - Iic: H.E.C.A. - Porto de registo: Olhão
Construtor: N/d
Arqueação: Tab 73,53 tons - Tal 61,79 tons
Dimensões: N/d
Propulsão: À vela
Nº Oficial: A-712 - Iic: H.E.C.A. - Porto de registo: Olhão
Construtor: N/d
Arqueação: Tab 73,53 tons - Tal 61,79 tons
Dimensões: N/d
Propulsão: À vela
O navio “Esperança” deve medir 18 a 20 pés de comprimento, de fundo achatado, com dois grandes mastros e pertence, como atrás referido, ao sr. Lázaro de Oliveira, farmacêutico em Olhão e importador e exportador naquela praça, onde está registado.
Por entre um vendaval desfeito, o mar agitadíssimo e a chuva a fustigar fortemente, o “Esperança” deu à costa pelas 9 horas da noite.
Apesar da violência do temporal que caía e da escuridão que nada permitia ver, numerosíssimas pessoas afluíram à praia, ali chamados pelos gritos dos tripulantes que pediam socorro.
Embora tivesse dado à costa, o navio continuava a ser batido por vagas alterosas. Estava ele completamente atravessado na areia, em frente ao prédio do sr. dr. Caetano Marques de Oliveira, para onde o mar o atirou, num arranco titânico de forte vaga.
Dentro, na câmara, estava ainda a tripulação, desorientada e faminta, por isso que desde o dia 15 estavam sem comer; tudo que levavam na proa tinha sido batido pelas ondas e arremessado ao mar.
O capitão do navio foi o primeiro a vir à proa, surpreendendo-se ao perceber que estava na Póvoa, terra que ele desconhecia. Ao acaso, sem esperança alguma, a tripulação estava salva.
O capitão do navio é um arrojado e forte marinheiro, que ostenta ao peito uma medalha do Instituto de Socorros a Náufragos e a Torre Espada. Não é preciso dizer mais nada para saber-se o quanto vale Sebastião dos Reis. Tem 38 anos de idade e 22 de vida passada no mar; nasceu em Olhão, é casado e tem 3 filhos.
O navio foi construído em 1919, conta três viagens de Olhão a Leixões e destinava-se agora a Inglaterra, a fazer um carregamento de bacalhau para Aveiro, consignado ao sr. Júlio Forte Homem, proprietário do navio “Argonauta”(?), dos bancos da Terra Nova.
O “Esperança”, agora destruído, andava desarvorado e sem panos, pedindo socorro desde terça-feira, por meio de bandeiras. Navios que passavam ao largo transmitiram a notícia pela T.S.F., mas foi baldado o trabalho, porque, em poucas horas, este mesmo navio galgava milhas seguidas, afastando-se ininterruptamente do local onde era procurado.
Perdidas as esperanças, os tripulantes refugiaram-se na câmara, amarrando-se por um lais de guia ao mestre Sebastião dos Reis, aguardando ali a morte. E assim andaram até que o navio foi bruscamente arremessado à praia da Póvoa de Varzim, entre o paredão que lhe ficava à direita e os cachopos à esquerda.
«Foi um milagre (declara o capitão); se o navio larga 3 graus para a esquerda ou para a direita ficava ali mesmo destruído e nós estávamos já todos mortos!»
Três dos tripulantes foram logo salvos; os outros estiveram na iminência de perecer ali, sendo a custo salvos pela abnegação de Sebastião dos Reis, auxiliado por algumas praças da Guarda-fiscal que prontamente acudiram.
O navio, que vinha em lastro, não estava no seguro, ao que se afirma.
É um bravo, e um herói o capitão do “Esperança”. A Grã-Cruz da Torre e Espada foi-lhe conferida porque, sendo prisioneiro dos alemães logo nos primeiros meses do conflito europeu, foi obrigado a combater contra os aliados, chegando a comandar um submarino, que mais tarde conseguiu entregar ao governo inglês.
A outra condecoração ganhou-a por ter salvo 55 náufragos – 27 noruegueses e 28 portugueses, em diversas conjunturas de perigo.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 22 de Dezembro de 1925)
Por entre um vendaval desfeito, o mar agitadíssimo e a chuva a fustigar fortemente, o “Esperança” deu à costa pelas 9 horas da noite.
Apesar da violência do temporal que caía e da escuridão que nada permitia ver, numerosíssimas pessoas afluíram à praia, ali chamados pelos gritos dos tripulantes que pediam socorro.
Embora tivesse dado à costa, o navio continuava a ser batido por vagas alterosas. Estava ele completamente atravessado na areia, em frente ao prédio do sr. dr. Caetano Marques de Oliveira, para onde o mar o atirou, num arranco titânico de forte vaga.
Dentro, na câmara, estava ainda a tripulação, desorientada e faminta, por isso que desde o dia 15 estavam sem comer; tudo que levavam na proa tinha sido batido pelas ondas e arremessado ao mar.
O capitão do navio foi o primeiro a vir à proa, surpreendendo-se ao perceber que estava na Póvoa, terra que ele desconhecia. Ao acaso, sem esperança alguma, a tripulação estava salva.
O capitão do navio é um arrojado e forte marinheiro, que ostenta ao peito uma medalha do Instituto de Socorros a Náufragos e a Torre Espada. Não é preciso dizer mais nada para saber-se o quanto vale Sebastião dos Reis. Tem 38 anos de idade e 22 de vida passada no mar; nasceu em Olhão, é casado e tem 3 filhos.
O navio foi construído em 1919, conta três viagens de Olhão a Leixões e destinava-se agora a Inglaterra, a fazer um carregamento de bacalhau para Aveiro, consignado ao sr. Júlio Forte Homem, proprietário do navio “Argonauta”(?), dos bancos da Terra Nova.
O “Esperança”, agora destruído, andava desarvorado e sem panos, pedindo socorro desde terça-feira, por meio de bandeiras. Navios que passavam ao largo transmitiram a notícia pela T.S.F., mas foi baldado o trabalho, porque, em poucas horas, este mesmo navio galgava milhas seguidas, afastando-se ininterruptamente do local onde era procurado.
Perdidas as esperanças, os tripulantes refugiaram-se na câmara, amarrando-se por um lais de guia ao mestre Sebastião dos Reis, aguardando ali a morte. E assim andaram até que o navio foi bruscamente arremessado à praia da Póvoa de Varzim, entre o paredão que lhe ficava à direita e os cachopos à esquerda.
«Foi um milagre (declara o capitão); se o navio larga 3 graus para a esquerda ou para a direita ficava ali mesmo destruído e nós estávamos já todos mortos!»
Três dos tripulantes foram logo salvos; os outros estiveram na iminência de perecer ali, sendo a custo salvos pela abnegação de Sebastião dos Reis, auxiliado por algumas praças da Guarda-fiscal que prontamente acudiram.
O navio, que vinha em lastro, não estava no seguro, ao que se afirma.
É um bravo, e um herói o capitão do “Esperança”. A Grã-Cruz da Torre e Espada foi-lhe conferida porque, sendo prisioneiro dos alemães logo nos primeiros meses do conflito europeu, foi obrigado a combater contra os aliados, chegando a comandar um submarino, que mais tarde conseguiu entregar ao governo inglês.
A outra condecoração ganhou-a por ter salvo 55 náufragos – 27 noruegueses e 28 portugueses, em diversas conjunturas de perigo.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 22 de Dezembro de 1925)
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
Leixões na rota do turismo! (13/2017)
Navios em Leixões durante o mês de Agosto
Durante este período registaram-se apenas oito escalas de navios de passageiros em porto, eventualmente a adivinhar os dias de muita névoa e aguaceiros, que se fizeram sentir no norte do país. Se para tal houver correspondência, e antecipando a larga quantidade de navios esperados chegar durante o mês de Setembro, é presumível admitir que o tempo estará muito bom para recebê-los.
No dia 8, nova escala em porto do navio de passageiros "Ventura"
Chegou procedente de Lisboa, saindo com destino a St, Peter Port
Nos dias 9 e 23, escalas do navio de passageiros "Tui Discovery 2"
Em ambas as ocasiões veio procedente de Vigo, saindo para Lisboa
No dia 12, novo regresso do navio de passageiros "Mein Schiff 4"
Vindo procedente de Lisboa, saiu com destino à Corunha
No dia 24, fez escala em porto o navio de passageiros "Star Legend"
Chegado procedente do Ferrol, saiu com destino a Lisboa
No dia 26, escala inaugural do navio de passageiros "Aida Sol"
Chegou procedente da Corunha, saindo com destino a Lisboa
Chegou procedente da Corunha, saindo com destino a Lisboa
No dia 31, regresso do navio de passageiros "Astoria"
Chegou procedente de Vigo, saiu com destino a Lisboa
Navio-escola da Marinha Portuguesa NRP "Sagres"
O navio embaixada itinerante nacional passou por Leixões entre os dias 23 a 25 de Agosto, para mais uma vez ser brindado com a visita de alguns milhares de pessoas. O navio chegou procedente da Base Naval de Lisboa, tendo seguido viagem com destino ao Havre.
Navio-escola da Marinha da Colômbia ARC "Gloria"
De visita ao porto para descanso da guarnição entre os dias 28 de Agosto até ao 1º dia de Setembro. O navio encontra-se a realizar uma viagem de instrução de cadetes, com a duração estimada em 6 meses.
Saído de Cartagena, na Colômbia, fez escala em portos de países na América do Sul e nos Estados Unidos, partindo de Hamilton, Bermudas, para cruzar o Atlântico com destino ao Havre, último porto antes de chegar a Leixões. O próximo porto de escala será nas Canárias.
O bergantim-barca "Gloria" desloca 1.300 toneladas de arqueação, tem 76,00 metros de comprimento máximo, 64,60 metros de comprimento entre perpendiculares e 10,60 metros de boca.
A altura máxima dos mastros é de 40 metros, a superfície vélica é de 1.400 metros, a velocidade com motor é de cerca de 10,5 milhas por hora, tem autonomia de navegação para 60 dias e a guarnição permanente ronda os 94 tripulantes.
Saído de Cartagena, na Colômbia, fez escala em portos de países na América do Sul e nos Estados Unidos, partindo de Hamilton, Bermudas, para cruzar o Atlântico com destino ao Havre, último porto antes de chegar a Leixões. O próximo porto de escala será nas Canárias.
O bergantim-barca "Gloria" desloca 1.300 toneladas de arqueação, tem 76,00 metros de comprimento máximo, 64,60 metros de comprimento entre perpendiculares e 10,60 metros de boca.
A altura máxima dos mastros é de 40 metros, a superfície vélica é de 1.400 metros, a velocidade com motor é de cerca de 10,5 milhas por hora, tem autonomia de navegação para 60 dias e a guarnição permanente ronda os 94 tripulantes.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
História trágico-marítima (CCXXXIV)
Ocorrência marítima
O naufrágio do iate “Flor do Cávado”
Constou ontem na cidade (Porto) ter naufragado ao sul da barra de Esposende o iate “Flor do Cávado”, que ia da Figueira da Foz para Esposende, com pedra de cal.
Características do iate “Flor do Cávado”
Armador: Amândio de Jesus Teixeira, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.K.J.F. - Porto de registo: Viana do Castelo
Construtor: António Dias dos Santos, Fão, 1891
Arqueação: Tal 105,95 tons - 299,833 m3
Dimensões: Pp 25,65 mts - Boca 7,07 mts - Pontal 2,48 mts
Propulsão: À vela
O sinistro deu-se ante-ontem, de tarde, caindo o iate sobre a praia, por motivo de falta de vento e o mar estar agitado. A tripulação salvou-se, mas o navio está perdido. O iate era de 105 toneladas e pertencia ao sr. Amândio de Jesus, desta praça.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 23 de Maio de 1899)
Nº Oficial: N/d - Iic: H.K.J.F. - Porto de registo: Viana do Castelo
Construtor: António Dias dos Santos, Fão, 1891
Arqueação: Tal 105,95 tons - 299,833 m3
Dimensões: Pp 25,65 mts - Boca 7,07 mts - Pontal 2,48 mts
Propulsão: À vela
O sinistro deu-se ante-ontem, de tarde, caindo o iate sobre a praia, por motivo de falta de vento e o mar estar agitado. A tripulação salvou-se, mas o navio está perdido. O iate era de 105 toneladas e pertencia ao sr. Amândio de Jesus, desta praça.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 23 de Maio de 1899)
terça-feira, 29 de agosto de 2017
História trágico-marítima (CCXXXIII)
Ocorrências marítimas na Figueira da Foz
O naufrágio do iate “Libânia & Adelaide”
Venho de assistir ao naufrágio do iate “Libânia & Adelaide”. O navio perdeu-se e não se sabe se vai ser possível salvar a carga; a tripulação salvou-se, à excepção do mestre Isaac Henrique, devido à muita dedicação dos esgueirões.
O iate da mesma casa, “Voador do Mondego”, também encalhou na barra, mas safou-se, não perdendo ninguém. Agora, vem a entrar uma galeota inglesa. É grande o risco. Deus a traga a salvamento.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 14 de Dezembro de 1872)
Características de ambos os navios
Iate “Libânia & Adelaide”
Armador: Manuel José de Souza, Figueira da Foz
Nº Oficial: N/d - Iic: H.C.W.S. - Porto de registo: Figueira da Foz
Construtor: N/d
Arqueação: 113,000 m3
Dimensões: N/d
Propulsão: À vela
Nº Oficial: N/d - Iic: H.C.W.S. - Porto de registo: Figueira da Foz
Construtor: N/d
Arqueação: 113,000 m3
Dimensões: N/d
Propulsão: À vela
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Iate “Voador do Mondego”
Iate “Voador do Mondego”
Armador: Manuel José de Souza, Figueira da Foz
Nº Oficial: N/d - Iic: H.F.R.V. - Porto de registo: Figueira da Foz
Construtor: N/d
Arqueação: 87,330 m3
Dimensões: N/d
Propulsão: À vela
Nº Oficial: N/d - Iic: H.F.R.V. - Porto de registo: Figueira da Foz
Construtor: N/d
Arqueação: 87,330 m3
Dimensões: N/d
Propulsão: À vela
Figueira da Foz, 15 de Dezembro – Uma grande desgraça ia ontem enlutando muitas famílias daqui. A Providência Divina, com o auxílio de alguns arrojados pescadores, permitiram, porém, que de tantos desgraçados só houvesse a lamentar uma vítima, que deixou a esposa na viuvez e os filhos na orfandade.
Eis o que aconteceu:
Fora da barra da Figueira, que está má, já andavam há dias uma galeota inglesa, a “My Queen”, com carga de ferro para a ponte do Mondego, e os dois iates do abastado comerciante desta praça, o sr. Manuel José de Souza, “Libânia & Adelaide”, vindo de Lisboa, e o “Voador do Mondego”, procedente da Ilha de S. Miguel.
O tempo era medonho: os sucessivos aguaceiros de oeste-noroeste (pura travessia) parecia que tudo levavam pelo ar, e as vagas do mar, que se encapelavam umas sobre as outras, mostravam a quase impossibilidade de qualquer navio lhes resistir!
Nestas circunstâncias em ambos os iates resolveram, em consulta, entrar a barra, visto que fora dela lhes era duvidoso sobrestarem, principalmente o “Libânia”, que já trazia o pano de proa em estilhaços. Por volta da 1 hora deitaram ambos a proa para a barra; Pouco depois estava o “Libânia” sobre o banco, onde uma montanha de água lhe partiu o traquete, atravessando-o e levando consigo o infeliz Isaac Henriques, capitão do mesmo.
Que quadro horrível e de desespero para os espectadores, que lhe não podiam valer! O navio desgovernado e sem pano sobre um banco de areia, onde se confundia com as próprias ondas! Pouco depois o mar safou-o daquele precipício, arremessando-o de encontro ao cabedelo, onde já se achavam postados uma porção de pescadores do lugar, que com a maior coragem, dedicação e sangue-frio salvaram com um cabo de vai-vem, não só todos os tripulantes que restavam como até o cão!
Cabe aqui dizer que temos lamentado e lamentaremos que o Governo de Sua Majestade, a Câmara Municipal ou mesmo a Associação Comercial não criem um prémio pecuniário para estes infelizes, que, mortos de fome, exaustos de forças, não vacilam em arriscar a sua vida em socorro dos seus semelhantes!
E não foi só isto: a alguns, que não tinham mais que o gabão e o fato do corpo, vimos tirá-los e com eles cobrirem os náufragos!
A carga deste navio era importante; constava de açúcar, aduela, madeira de Flandres e encomendas; quase toda está segura, ainda que não no seu real valor; o navio não. Durante a maré da noite salvaram bastante mercadoria, bem como parte do aparelho; na enchente, porém, o mar levou o fundo do iate, perdendo-se o resto. Os interessados devem aos proprietários muita dedicação e óptimos serviços, sem os quais as perdas seriam talvez completas.
O “Voador”, que, como foi dito, vinha para a barra na popa do outro, encalhou também sobre o banco, e ali, como o “Libânia”, sofreu mil baldões, mas felizmente não perdeu o governo nem pano, o que fez com que, livre do banco, viesse fundear no Mondego sem mais avaria que a falta de algumas folhas de cobre, que deve ter perdido.
Este navio estava seguro e a carga não. Este quadro horroroso fez recordar muita gente do drama «Pedro Sem». Devo em tempo acrescentar, que as guarnições destes dois navios, composta de 17 pessoas, são quase todas daqui.
Ontem de manhã, entrou também com muito risco o caíque “Senhor Jesus das Almas”, mestre Manuel da Cruz, procedente de Lagos com pescaria. Na proa deste vinha da mesma procedência e com a mesma carga o pequeno caíque “Flor de Maria”, mestre João Gomes, mas que se não viu. O mestre Manuel da Cruz, que é proprietário de ambos, supõe-no em Viana do Castelo, ou então perdido.
Na galeota “My Queen”, que estava à vista, mas distante, não devem ter visto a bandeira de entrada franca, que lhe içaram, no pressuposto de poderem salvar-se as vidas dos tripulantes. Este navio aparenta ter tido a viagem mais atribulada do que se pode imaginar: saiu há 100 dias da Suécia, bateu num banco no canal de Inglaterra, arribou a Plymouth, onde, para reparar as avarias, fez avultadíssima despesa, e devido ao capitão se ter suicidado; depois veio para aqui e nas águas da barra tem apanhado temporal desfeito há pelo menos vinte dias!
No dia 8 do corrente já esteve quase perdida próximo do Cabo Mondego; para se não perder valeu-lhe o mar não ser mau e o salva-vidas ir espiá-la para fora até conseguir velejar. Insistirá ainda o seu novo capitão pela entrada na barra da Figueira?
Embora me classifiquem de impertinente, creiam que não cessarei de pedir os aprestes necessário para lançar de terra os cabos de vai-vem. Se o fundão permitiu que o “Libânia” encalhasse tão próximo que dele pudessem dar o cabo para terra, não sucede a mesma situação na maior parte das vezes. E quando, devido a tal incúria, existam vitimas a lamentar, eu não só, ainda que com o meu débil brado, protestarei e rogarei a quem mais autorizado o faça, contra aqueles que tem obrigação de prevenir desastres de tal ordem.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 15 de Dezembro de 1872)
Eis o que aconteceu:
Fora da barra da Figueira, que está má, já andavam há dias uma galeota inglesa, a “My Queen”, com carga de ferro para a ponte do Mondego, e os dois iates do abastado comerciante desta praça, o sr. Manuel José de Souza, “Libânia & Adelaide”, vindo de Lisboa, e o “Voador do Mondego”, procedente da Ilha de S. Miguel.
O tempo era medonho: os sucessivos aguaceiros de oeste-noroeste (pura travessia) parecia que tudo levavam pelo ar, e as vagas do mar, que se encapelavam umas sobre as outras, mostravam a quase impossibilidade de qualquer navio lhes resistir!
Nestas circunstâncias em ambos os iates resolveram, em consulta, entrar a barra, visto que fora dela lhes era duvidoso sobrestarem, principalmente o “Libânia”, que já trazia o pano de proa em estilhaços. Por volta da 1 hora deitaram ambos a proa para a barra; Pouco depois estava o “Libânia” sobre o banco, onde uma montanha de água lhe partiu o traquete, atravessando-o e levando consigo o infeliz Isaac Henriques, capitão do mesmo.
Que quadro horrível e de desespero para os espectadores, que lhe não podiam valer! O navio desgovernado e sem pano sobre um banco de areia, onde se confundia com as próprias ondas! Pouco depois o mar safou-o daquele precipício, arremessando-o de encontro ao cabedelo, onde já se achavam postados uma porção de pescadores do lugar, que com a maior coragem, dedicação e sangue-frio salvaram com um cabo de vai-vem, não só todos os tripulantes que restavam como até o cão!
Cabe aqui dizer que temos lamentado e lamentaremos que o Governo de Sua Majestade, a Câmara Municipal ou mesmo a Associação Comercial não criem um prémio pecuniário para estes infelizes, que, mortos de fome, exaustos de forças, não vacilam em arriscar a sua vida em socorro dos seus semelhantes!
E não foi só isto: a alguns, que não tinham mais que o gabão e o fato do corpo, vimos tirá-los e com eles cobrirem os náufragos!
A carga deste navio era importante; constava de açúcar, aduela, madeira de Flandres e encomendas; quase toda está segura, ainda que não no seu real valor; o navio não. Durante a maré da noite salvaram bastante mercadoria, bem como parte do aparelho; na enchente, porém, o mar levou o fundo do iate, perdendo-se o resto. Os interessados devem aos proprietários muita dedicação e óptimos serviços, sem os quais as perdas seriam talvez completas.
O “Voador”, que, como foi dito, vinha para a barra na popa do outro, encalhou também sobre o banco, e ali, como o “Libânia”, sofreu mil baldões, mas felizmente não perdeu o governo nem pano, o que fez com que, livre do banco, viesse fundear no Mondego sem mais avaria que a falta de algumas folhas de cobre, que deve ter perdido.
Este navio estava seguro e a carga não. Este quadro horroroso fez recordar muita gente do drama «Pedro Sem». Devo em tempo acrescentar, que as guarnições destes dois navios, composta de 17 pessoas, são quase todas daqui.
Ontem de manhã, entrou também com muito risco o caíque “Senhor Jesus das Almas”, mestre Manuel da Cruz, procedente de Lagos com pescaria. Na proa deste vinha da mesma procedência e com a mesma carga o pequeno caíque “Flor de Maria”, mestre João Gomes, mas que se não viu. O mestre Manuel da Cruz, que é proprietário de ambos, supõe-no em Viana do Castelo, ou então perdido.
Na galeota “My Queen”, que estava à vista, mas distante, não devem ter visto a bandeira de entrada franca, que lhe içaram, no pressuposto de poderem salvar-se as vidas dos tripulantes. Este navio aparenta ter tido a viagem mais atribulada do que se pode imaginar: saiu há 100 dias da Suécia, bateu num banco no canal de Inglaterra, arribou a Plymouth, onde, para reparar as avarias, fez avultadíssima despesa, e devido ao capitão se ter suicidado; depois veio para aqui e nas águas da barra tem apanhado temporal desfeito há pelo menos vinte dias!
No dia 8 do corrente já esteve quase perdida próximo do Cabo Mondego; para se não perder valeu-lhe o mar não ser mau e o salva-vidas ir espiá-la para fora até conseguir velejar. Insistirá ainda o seu novo capitão pela entrada na barra da Figueira?
Embora me classifiquem de impertinente, creiam que não cessarei de pedir os aprestes necessário para lançar de terra os cabos de vai-vem. Se o fundão permitiu que o “Libânia” encalhasse tão próximo que dele pudessem dar o cabo para terra, não sucede a mesma situação na maior parte das vezes. E quando, devido a tal incúria, existam vitimas a lamentar, eu não só, ainda que com o meu débil brado, protestarei e rogarei a quem mais autorizado o faça, contra aqueles que tem obrigação de prevenir desastres de tal ordem.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 15 de Dezembro de 1872)
Notícias do reino, publicadas no jornal “Tribuno Popular”,
Coimbra, sábado, 14 de Dezembro de 1872
Coimbra, sábado, 14 de Dezembro de 1872
«Temos a registar mais um grande serviço prestado pelo Joaquim Lopes, da costa de Buarcos. Nada menos que uma tripulação e um navio salvos pelo valente patrão do salva-vidas, o sr. Jacinto de Abreu Guerra, o qual, apesar dos seus 70 anos de idade, afronta sem tremer os perigos do mar em socorro dos que nele se acham em perigo.
Eis as notícias que chegam da costa de Buarcos»:
«Sem comentários passo a narrar um facto ocorrido na baía de Buarcos no dia 8 do corrente mês. Naquele dia, às 8 horas da manhã, demandavam a barra da Figueira, para entrar, um iate nacional e uma chalupa inglesa. A curta distância de terra foram estas embarcações surpreendidas por uma espessa cerração, a qual de todo lhes ocultou a terra. Viraram na volta do mar, aproando ao Noroeste na intenção de subirem o Cabo Mondego e franquearem-se de terra.
Arrastados por grossa vaga de Oeste e desviados do rumo por uma vaga de água, que os encostava para o cabo, ao clarear da cerração, encontravam-se numa situação tão difícil quanto perigosa: o mar quebrava a pequena distância sobre os rochedos e o vento escasseava cada vez mais, restando-lhes por única manobra abicarem os ferros.
«Ficaram, portanto, os navios à mercê das amarras, não havendo espaço para arreiar suficiente filame, nem tão pouco largar outros ferros, no caso de aqueles faltarem; é, portanto, claro que a posição dos navios era arriscadíssima. O iate, que se achava em lastro e com uma suficiente tripulação, lançou a lancha ao mar, e com o auxílio de espias conseguiu fazer-se ao largo e velejar; porém a chalupa, que se achava carregada de ferro e com um pequeno número de tripulantes, não obstante tentar a mesma manobra, não o conseguiu; a cada momento se tornava mais critica a sua posição; o mar já quase lhe rebentava a pouca distância pela amura de estibordo; sem mais socorros, o naufrágio seria inevitável e a perda de vidas mais do que provável.
«Felizmente, as providências da terra foram tão prontas como a urgência do caso reclamava. Rapidamente saiu de Buarcos o bote salva-vidas, guarnecido com 22 homens, e, vogando com a máxima presteza em socorro do navio em pouco tempo conseguiu abordá-lo, e depois de 5 horas de aturado trabalho e repetidos esforços conseguiu pôr a salvo o navio, que horas antes se considerava perdido, de encontro ao sem número de escolhos que bordam aquela parte da costa.
Honra, pois, a todos que concorreram a tão prontas como acertadas providências – para o digno patrão do barco de socorro, o sr. Jacinto de Abreu Guerra, e para todos os tripulantes do mesmo barco, que pela vez primeira concorreram aquele humanitário serviço, sem a menor excitação. - Buarcos, 10 de Dezembro de 1872».
Eis as notícias que chegam da costa de Buarcos»:
«Sem comentários passo a narrar um facto ocorrido na baía de Buarcos no dia 8 do corrente mês. Naquele dia, às 8 horas da manhã, demandavam a barra da Figueira, para entrar, um iate nacional e uma chalupa inglesa. A curta distância de terra foram estas embarcações surpreendidas por uma espessa cerração, a qual de todo lhes ocultou a terra. Viraram na volta do mar, aproando ao Noroeste na intenção de subirem o Cabo Mondego e franquearem-se de terra.
Arrastados por grossa vaga de Oeste e desviados do rumo por uma vaga de água, que os encostava para o cabo, ao clarear da cerração, encontravam-se numa situação tão difícil quanto perigosa: o mar quebrava a pequena distância sobre os rochedos e o vento escasseava cada vez mais, restando-lhes por única manobra abicarem os ferros.
«Ficaram, portanto, os navios à mercê das amarras, não havendo espaço para arreiar suficiente filame, nem tão pouco largar outros ferros, no caso de aqueles faltarem; é, portanto, claro que a posição dos navios era arriscadíssima. O iate, que se achava em lastro e com uma suficiente tripulação, lançou a lancha ao mar, e com o auxílio de espias conseguiu fazer-se ao largo e velejar; porém a chalupa, que se achava carregada de ferro e com um pequeno número de tripulantes, não obstante tentar a mesma manobra, não o conseguiu; a cada momento se tornava mais critica a sua posição; o mar já quase lhe rebentava a pouca distância pela amura de estibordo; sem mais socorros, o naufrágio seria inevitável e a perda de vidas mais do que provável.
«Felizmente, as providências da terra foram tão prontas como a urgência do caso reclamava. Rapidamente saiu de Buarcos o bote salva-vidas, guarnecido com 22 homens, e, vogando com a máxima presteza em socorro do navio em pouco tempo conseguiu abordá-lo, e depois de 5 horas de aturado trabalho e repetidos esforços conseguiu pôr a salvo o navio, que horas antes se considerava perdido, de encontro ao sem número de escolhos que bordam aquela parte da costa.
Honra, pois, a todos que concorreram a tão prontas como acertadas providências – para o digno patrão do barco de socorro, o sr. Jacinto de Abreu Guerra, e para todos os tripulantes do mesmo barco, que pela vez primeira concorreram aquele humanitário serviço, sem a menor excitação. - Buarcos, 10 de Dezembro de 1872».
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«Por outra via consta que, quando o salva-vidas chegou ao pé do navio, já o mar lhe quebrava por fora, e tanto a Alfândega como o povo que se juntou de terra o julgavam perdido. Isto passou-se defronte da fábrica nova de vidros. O intrépido patrão do salva-vidas tentou e conseguiu, debaixo de muito risco, com a sua gente, lançar espias ao navio. Depois saltou-lhe dentro com a gente, deixando quatro homens no salva-vidas para o caso de rebentarem as espias e terem de abandonar o navio; mas não foi preciso, porque o navio obedeceu às espias e foi conduzido para a enseada de Buarcos.
Talvez hoje (dia 10), entre a barra. O navio traz o resto do ferro para a ponte da Portela. Os homens que tripularam o salva-vidas ganharam 2$000 réis cada um, e não foi muito em vista do serviço que fizeram e do risco que correram. – Buarcos, 10 de Dezembro de 1872».
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 17 de Dezembro de 1872)
Talvez hoje (dia 10), entre a barra. O navio traz o resto do ferro para a ponte da Portela. Os homens que tripularam o salva-vidas ganharam 2$000 réis cada um, e não foi muito em vista do serviço que fizeram e do risco que correram. – Buarcos, 10 de Dezembro de 1872».
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 17 de Dezembro de 1872)
domingo, 27 de agosto de 2017
História trágico-marítima (CCXXXII)
O naufrágio da galeota holandesa “Henrich Elise”
(Desenho de uma chalupa ou ketch, idêntica à galeota)
Naufragou ante-ontem, pelas 4 horas da tarde, ao sul da barra de Viana, no sítio denominado «Rego d’Anha», uma galeota holandesa chamada “Henrich Elise”, capitão J. Roskamp, proveniente de Bremen com destino ao Porto, com um carregamento de garrafas e garrafões. Era de 97 toneladas de registo e trazia 60 dias de viagem.
A tripulação, que se compunha de cinco pessoas, 3 homens e 2 rapazes, foi salva, bem como o capitão. O navio pertencia ao porto de West Rhanderfelm. (Este porto é desconhecido)
A galeota desarvorou do mastro de ré, e a perda deste e o muito vento e mar obrigaram-na a encalhar ao sul da barra, no sítio acima referido. O casco julga-se perdido, mas espera-se salvar a carga.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 20 de Janeiro de 1881)
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
História trágico-marítima (CCXXXI)
Sinistro marítimo
O encalhe do iate “Bom Sucesso”
O iate “Bom Sucesso”, que há dias saiu de Lisboa para Esposende, achando-se na terça-feira última em frente deste porto, ficou sem a vela grande, em consequência de ter sido arrebatada pela força do temporal. O capitão, vendo-se em grande perigo com o muito mar e tempo, resolveu pôr a proa do iate à barra, para a salvação das vidas a bordo, e com muito risco conseguiu encalhar ao norte da barra.
Características do iate “Bom Sucesso”
Armador: De acordo com o referido no texto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.L.D. - Porto de registo: Esposende
Construtor: António dos Santos Garcia, Esposende, 1863
Arqueação: 78,000 m3
Dimensões: Pp 20,40 mts - Boca 5,78 mts - Pontal 2,35 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: Clementino José Loureiro
Pelo piloto-mór, com um colete de cortiça, foi então lançado um cabo de vai-vem e por este meio foi salva a tripulação. Na baixa-mar o navio estava livre de água, e assim pode salvar-se parte do aparelho e da carga. Havia esperanças, se o tempo abonançasse, de salvar o casco.
O “Bom Sucesso” era propriedade dos srs. João José Lopes, José Soares Estanislau, Francisco Soares Estanislau, Joaquim Gomes Soares Chita, António Nunes dos Santos e do capitão do mesmo iate.
A carga, que era de sal, pertencia aos srs. António Gomes Cachada e Francisco Fernandes Gaifem.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 12 de Dezembro de 1872)
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.L.D. - Porto de registo: Esposende
Construtor: António dos Santos Garcia, Esposende, 1863
Arqueação: 78,000 m3
Dimensões: Pp 20,40 mts - Boca 5,78 mts - Pontal 2,35 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: Clementino José Loureiro
Pelo piloto-mór, com um colete de cortiça, foi então lançado um cabo de vai-vem e por este meio foi salva a tripulação. Na baixa-mar o navio estava livre de água, e assim pode salvar-se parte do aparelho e da carga. Havia esperanças, se o tempo abonançasse, de salvar o casco.
O “Bom Sucesso” era propriedade dos srs. João José Lopes, José Soares Estanislau, Francisco Soares Estanislau, Joaquim Gomes Soares Chita, António Nunes dos Santos e do capitão do mesmo iate.
A carga, que era de sal, pertencia aos srs. António Gomes Cachada e Francisco Fernandes Gaifem.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 12 de Dezembro de 1872)
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