O patrão do salva-vidas “Carvalho Araújo” vai ser substituído
Algumas notas biográficas
António Rodrigues Crista, valoroso patrão do Posto de Socorros a Náufragos, de Leixões, foi demitido do cargo que, há três anos, exercia, com zelo e abnegação.
Homem do mar, humilde mas decidido, autentico herói que, muitas vezes, deu provas do seu saber e da sua audácia na missão de vencer as vagas - por vezes alterosas -, pondo a vida em risco para acudir às vidas dos outros em marés de temporal e de perigo, vai deixar o lugar que, acertadamente, lhe fora confiado. A notícia propagou-se, seca, em quatro palavras apenas.
António Rodrigues Crista, aureolado por uma brilhantíssima folha de serviços, não poderia sair do seu posto sem que o público soubesse.
António Rodrigues Crista, que nasceu em Matosinhos e conta 38 anos, está ao serviço do Posto de Socorros a Náufragos, em Leixões, há cerca de 10 anos.
Como tripulante, tomou parte em muitas dezenas de salvamentos, destacando-se entre eles, o da tripulação do lugre dinamarquês “Felix”, naufragado em 1922. No seu salvamento, foi tão notável a acção do pessoal do Posto dos S.N., que o seu patrão, José Rabumba, mereceu do Governo o Colar da Torre e Espada.
Como sota do salva-vidas a remos “Porto”, tomou parte no naufrágio do “Gauss”. Desta vez, o “Porto”, bem como o “Carvalho Araújo”, voltaram-se, tendo morrido seis homens da tripulação. Rodrigues Crista e os restantes companheiros salvaram-se a nado.
Como patrão, destacou-se, especialmente, no naufrágio do “Inga I”, conseguindo trazer no “Carvalho Araújo” os seus 16 tripulantes, que corriam grave perigo.
Por este feito mereceu uma homenagem, no Palácio da Bolsa, onde foi condecorado pelo ministro da Noruega, com a medalha de prata do rei desse mesmo país.
Possui diversos diplomas e medalhas, tendo recebido, ainda, outras recompensas e dinheiro como prémio à sua audácia e ao seu heroísmo.
António Rodrigues Crista, aureolado por uma brilhantíssima folha de serviços, não poderia sair do seu posto sem que o público soubesse.
António Rodrigues Crista, que nasceu em Matosinhos e conta 38 anos, está ao serviço do Posto de Socorros a Náufragos, em Leixões, há cerca de 10 anos.
Como tripulante, tomou parte em muitas dezenas de salvamentos, destacando-se entre eles, o da tripulação do lugre dinamarquês “Felix”, naufragado em 1922. No seu salvamento, foi tão notável a acção do pessoal do Posto dos S.N., que o seu patrão, José Rabumba, mereceu do Governo o Colar da Torre e Espada.
Como sota do salva-vidas a remos “Porto”, tomou parte no naufrágio do “Gauss”. Desta vez, o “Porto”, bem como o “Carvalho Araújo”, voltaram-se, tendo morrido seis homens da tripulação. Rodrigues Crista e os restantes companheiros salvaram-se a nado.
Como patrão, destacou-se, especialmente, no naufrágio do “Inga I”, conseguindo trazer no “Carvalho Araújo” os seus 16 tripulantes, que corriam grave perigo.
Por este feito mereceu uma homenagem, no Palácio da Bolsa, onde foi condecorado pelo ministro da Noruega, com a medalha de prata do rei desse mesmo país.
Possui diversos diplomas e medalhas, tendo recebido, ainda, outras recompensas e dinheiro como prémio à sua audácia e ao seu heroísmo.
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Segundo informação recebida, particularmente, está aberto concurso na Capitania de Leixões para preenchimento do lugar citado, caso tenha de haver substituição.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 8 de Agosto de 1936)
Um nome, três notícias...
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 8 de Agosto de 1936)
Rebocador do serviço de pilotagem de Leixões
"Comandante Afonso de Carvalho"
Imagem publicada na imprensa diária.
"Comandante Afonso de Carvalho"
Imagem publicada na imprensa diária.
Um nome, três notícias...
Foram publicadas recentemente no blog duas outras notícias, onde são relatados episódios da vida e da reconhecida competência do arrais do salva-vidas de Leixões, sr. António Rodrigues Crista, já falecido, principalmente nas difíceis circunstâncias em que foi feito o salvamento da tripulação do vapor norueguês "Inga I", na barra do rio Douro.
E não foi um caso isolado!...
Isto porque a notícia, felizmente, não corresponde à realidade dos factos. António Crista não foi demitido, nem despedido, tendo-se mantido por mais dois anos no seu posto de abnegado timoneiro na Estação do Salva-vidas de Leixões, e revelando-se de suprema importância através do seu desempenho no violento temporal que assolou a área portuária, em 27 e 28 de Janeiro de 1937.
Por esse serviço viria a ser novamente condecorado, tanto pelo governo Belga como pelas autoridades nacionais, em função da quantidade de salvamentos realizados às tripulações de diversos navios, que se encontravam em serio risco de naufrágio, tal como se veio a verificar.
António Rodrigues Crista acabou por interromper a sua actividade nos Socorros a Náufragos em 1938, por ter recebido o convite para trabalhar como mestre do rebocador "Comandante Afonso de Carvalho", que pertenceu à Corporação de Pilotos de Leixões, até à sua venda para Inglaterra.
Depois, durante alguns anos, esteve ao leme de duas traineiras, para lhe permitir assegurar o sustento da esposa e filhos, até ao momento em que decidiu não continuar ligado à pesca. Mas mesmo assim, já com idade considerável, ainda regressou ao salva-vidas, secundando um novo arrais, a quem transferia os conhecimentos e a experiência, de muitos anos passados no mar.
Li a notícia e lembrei-me do tempo em que o vi, já com muita idade, com as pernas a carregar o corpo em passos lentos e cansados. Ele foi mais um daqueles homens, entre tantos outros, que compõe a lenda dos heróis deste país...
E não foi um caso isolado!...
Isto porque a notícia, felizmente, não corresponde à realidade dos factos. António Crista não foi demitido, nem despedido, tendo-se mantido por mais dois anos no seu posto de abnegado timoneiro na Estação do Salva-vidas de Leixões, e revelando-se de suprema importância através do seu desempenho no violento temporal que assolou a área portuária, em 27 e 28 de Janeiro de 1937.
Por esse serviço viria a ser novamente condecorado, tanto pelo governo Belga como pelas autoridades nacionais, em função da quantidade de salvamentos realizados às tripulações de diversos navios, que se encontravam em serio risco de naufrágio, tal como se veio a verificar.
António Rodrigues Crista acabou por interromper a sua actividade nos Socorros a Náufragos em 1938, por ter recebido o convite para trabalhar como mestre do rebocador "Comandante Afonso de Carvalho", que pertenceu à Corporação de Pilotos de Leixões, até à sua venda para Inglaterra.
Depois, durante alguns anos, esteve ao leme de duas traineiras, para lhe permitir assegurar o sustento da esposa e filhos, até ao momento em que decidiu não continuar ligado à pesca. Mas mesmo assim, já com idade considerável, ainda regressou ao salva-vidas, secundando um novo arrais, a quem transferia os conhecimentos e a experiência, de muitos anos passados no mar.
Li a notícia e lembrei-me do tempo em que o vi, já com muita idade, com as pernas a carregar o corpo em passos lentos e cansados. Ele foi mais um daqueles homens, entre tantos outros, que compõe a lenda dos heróis deste país...
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