sábado, 12 de setembro de 2015

História trágico-marítima (CLVII)


Iate "Póvoa de Varzim"
1921 - 1922

Ocorrências marítimas
O temporal
Matosinhos-Leça, 2 – Um lugre dinamarquês, do qual não foi possível apurar o nome e dois iates, sendo um o português “Póvoa de Varzim”, garraram, tendo ficado convenientemente amarrados, com a ajuda dos rebocadores “Mars” e “Douro”, que se encontravam na bacia de Leixões. Estão ancoradas dentro do porto de serviço cerca de trinta traineiras.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 3 de Dezembro de 1921)

O encalhe do iate “Póvoa de Varzim”
Pela uma hora da madrugada de ontem o iate “Póvoa de Varzim”, ancorado em Leixões, garrou devido ao forte temporal e ressaca, indo cair sobre o enrocamento do molhe norte.
O “Póvoa de Varzim”, que se considera perdido, tinha entrado no dia 15, com um carregamento de sal, procedente de Setúbal, vindo consignado ao sr. Caetano Rodrigues.
A tripulação foi retirada de bordo pelo barco salva-vidas.

Matosinhos, 26 – Na madrugada de hoje, devido à agitação do mar, garrou o iate português “Póvoa de Varzim”, com carregamento de sal, indo encalhar no enrocamento do molhe norte, tendo sido salva toda a tripulação.
O iate considera-se totalmente perdido. De bordo têm sido retirados vários aprestos, roupas e bagagens dos tripulantes.
Os bombeiros voluntários estiveram toda a noite de prevenção, tendo sido requisitados os seus serviços.
Ainda, neste dia, cerca das cinco horas da tarde passou sobre Leixões um violento furacão, que, felizmente, não causou prejuízos nas diversas embarcações ali ancoradas.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 28 de Janeiro de 1922)

Matosinhos, 28 – Continua na mesma situação o iate “Póvoa de Varzim”, que na madrugada de ante-ontem encalhara nas pedras do enrocamento do molhe norte, em Leixões.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 29 de Janeiro de 1922)

O iate “Póvoa de Varzim” era uma embarcação que arqueava 103,75 toneladas de registo bruto e 84,00 toneladas de registo líquido. Foi construído pelo mestre-construtor Manuel Amaro, em Vila do Conde, praça onde igualmente esteve matriculado. A cerimónia de bota-abaixo teve lugar no dia 24 de Março de 1921, ficando a operar no tráfego de cabotagem. Perde-se por encalhe, abrindo um rombo no fundo com considerável dimensão, tal como se encontra explicado nas respectivas notícias do naufrágio, no dia 27 de Janeiro de 1922.

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