O naufrágio do iate “ Bussaco “
Continuam a assinalar-se por lamentáveis as ocorrências marítimas por efeito do temporal que tem pairado sobre o litoral norte do país.
Ontem (01.02.1883), ao fim da tarde, vindo com a bandeira colhida, deu à costa na restinga do Cabedelo o iate “Bussaco”, que encalhou exactamente no ponto onde há dias esteve encalhado o vapor “Rio Douro”. A causa deste sinistro foi o iate não poder arrostar com o temporal, estando o mar cavadíssimo, com vento de sudoeste a soprar com grande violência.
Segundo informação do sr. Visconde de Moser, em virtude da participação telegráfica que teve da Foz, a tripulação, composta de 7 homens, salvou-se inteiramente, ainda que a custo. Os náufragos foram recolhidos pelo barco salva-vidas e depois de desembarcarem na Cantareira, foram recolhidos no Hospital Humanitário. O casco considera-se perdido.
O “Bussaco” era propriedade dos srs. Manuel dos Santos Vitorino e Joaquim Gomes da Silva Rodrigues. Vinha de Aveiro, por Vigo, com carregamento de sal e vários objectos salvados do naufragado vapor inglês “Kate Forster”.
O casco e a carga estão seguros na Companhia Lealdade e outras.
(In jornal “Comércio do Porto”, de 2 de Fevereiro de 1883)
Ontem (01.02.1883), ao fim da tarde, vindo com a bandeira colhida, deu à costa na restinga do Cabedelo o iate “Bussaco”, que encalhou exactamente no ponto onde há dias esteve encalhado o vapor “Rio Douro”. A causa deste sinistro foi o iate não poder arrostar com o temporal, estando o mar cavadíssimo, com vento de sudoeste a soprar com grande violência.
Segundo informação do sr. Visconde de Moser, em virtude da participação telegráfica que teve da Foz, a tripulação, composta de 7 homens, salvou-se inteiramente, ainda que a custo. Os náufragos foram recolhidos pelo barco salva-vidas e depois de desembarcarem na Cantareira, foram recolhidos no Hospital Humanitário. O casco considera-se perdido.
O “Bussaco” era propriedade dos srs. Manuel dos Santos Vitorino e Joaquim Gomes da Silva Rodrigues. Vinha de Aveiro, por Vigo, com carregamento de sal e vários objectos salvados do naufragado vapor inglês “Kate Forster”.
O casco e a carga estão seguros na Companhia Lealdade e outras.
(In jornal “Comércio do Porto”, de 2 de Fevereiro de 1883)
Identificação do navio
Armador: Manuel dos Santos Vitorino e Joaquim Gomes da Silva Rodrigues, Porto
Nº Oficial: N/t - Iic.: H.C.L.R. – Porto de registo: Porto
Construtor: Desconhecido, Vila do Conde, 1875
Arqueação: 84,872 m3
Propulsão: À vela
Nº Oficial: N/t - Iic.: H.C.L.R. – Porto de registo: Porto
Construtor: Desconhecido, Vila do Conde, 1875
Arqueação: 84,872 m3
Propulsão: À vela
O naufrágio do iate “ Bussaco “
De ante-ontem para ontem o iate “Bussaco”, que encalhou no Cabedelo, conservou-se direito, não se sabendo se tinha água aberta. Ontem, porém, cerca das 8 horas da manhã, impelido pelo ímpeto da corrente, safou do lugar onde havia encalhado e foi barra fora à garra, com os ferros no fundo, ficando bem depressa com a borda de bombordo destruída. Pouco depois despedaçava-se inteiramente.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 3 de Fevereiro de 1883)
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 3 de Fevereiro de 1883)
O serviço do salva-vidas
Do sr. Abel Coutinho, o corajoso salvador da tripulação do iate “Grande Baptista”, há dias naufragado próximo de Carreiros, recebemos uma carta que a seguir publicamos, na qual se denuncia um facto que merece realmente ser considerado pela benemérita corporação que se acha à testa dos serviços de salvamento na barra do rio Douro.
Segundo refere essa carta, há por vezes bastante demora em preparar o salva-vidas, tornando-se assim moroso o socorro que ele deve prestar. Com a tripulação do iate “Bussaco”, nem os seus serviços puderam aproveitar-se, pois os náufragos foram trazidos para terra por uma lancha de bordo. Fazendo a publicação da carta, fica a certeza que a sua leitura despertará a atenção de quem compete para o assunto de que se trata:
«Sr. redactor – Como esclarecimento à notícia dada nas páginas de 2 do corrente, com relação ao naufrágio do iate “Bussaco”, e para evitar de futuro a repetição do facto que sucedeu com o salvamento da tripulação desse barco, peço-lhe que chame a atenção de quem compete para a morosidade com que em ocasiões de sinistro na barra é feito o serviço do salva-vidas.
Com a tripulação do iate “Bussaco” deu-se essa morosidade, pois que, além do longo tempo que demorou a preparar o barco salva-vidas, a referida tripulação teve de vir para terra na lancha do iate, quando aquele barco podia ainda de dia ter-se aproximado da embarcação.
Além disso, como tivessem ficado a bordo dois homens, que não puderam vir na lancha, teve esta de voltar para ir lá buscá-los, quando esse serviço devia competir ao salva-vidas, que se achava próximo da referida lancha.
São estes os factos que se deram e que seria para estimar não se repetissem. Devo acrescentar, em obediência à verdade, que as primeiras pessoas que saltaram para o salva-vidas foram o srs. Joaquim Bilte, piloto da barra, e António, banheiro, por alcunha o “Bexiga”, os quais da melhor vontade se prestaram a ir em socorro dos náufragos, não podendo infelizmente ser aproveitados os seus serviços.
Vossa senhoria, sr. redactor, prestaria um bom serviço, publicando estes meus esclarecimentos e pedindo em vista deles as providências necessárias.
(a) Abel Coutinho Felgueiras Osório
(In jornal “O Comércio do Porto”, Domingo, 4 de Fevereiro 1883)
Segundo refere essa carta, há por vezes bastante demora em preparar o salva-vidas, tornando-se assim moroso o socorro que ele deve prestar. Com a tripulação do iate “Bussaco”, nem os seus serviços puderam aproveitar-se, pois os náufragos foram trazidos para terra por uma lancha de bordo. Fazendo a publicação da carta, fica a certeza que a sua leitura despertará a atenção de quem compete para o assunto de que se trata:
«Sr. redactor – Como esclarecimento à notícia dada nas páginas de 2 do corrente, com relação ao naufrágio do iate “Bussaco”, e para evitar de futuro a repetição do facto que sucedeu com o salvamento da tripulação desse barco, peço-lhe que chame a atenção de quem compete para a morosidade com que em ocasiões de sinistro na barra é feito o serviço do salva-vidas.
Com a tripulação do iate “Bussaco” deu-se essa morosidade, pois que, além do longo tempo que demorou a preparar o barco salva-vidas, a referida tripulação teve de vir para terra na lancha do iate, quando aquele barco podia ainda de dia ter-se aproximado da embarcação.
Além disso, como tivessem ficado a bordo dois homens, que não puderam vir na lancha, teve esta de voltar para ir lá buscá-los, quando esse serviço devia competir ao salva-vidas, que se achava próximo da referida lancha.
São estes os factos que se deram e que seria para estimar não se repetissem. Devo acrescentar, em obediência à verdade, que as primeiras pessoas que saltaram para o salva-vidas foram o srs. Joaquim Bilte, piloto da barra, e António, banheiro, por alcunha o “Bexiga”, os quais da melhor vontade se prestaram a ir em socorro dos náufragos, não podendo infelizmente ser aproveitados os seus serviços.
Vossa senhoria, sr. redactor, prestaria um bom serviço, publicando estes meus esclarecimentos e pedindo em vista deles as providências necessárias.
(a) Abel Coutinho Felgueiras Osório
(In jornal “O Comércio do Porto”, Domingo, 4 de Fevereiro 1883)
Iate “Bussaco”
Foi arrematado ontem no Cabedelo o visto e o não visto da carga e casco do iate “Bussaco”, ultimamente naufragado na barra do rio Douro, produzindo o visto e o não visto do casco a quantia de 25$250 réis e o visto e não visto da carga 10$500 réis. O arrematante foi o sr. António Lopes.
(In jornal “O Comércio do Porto”, terça, 6 de Fevereiro de 1883)
(In jornal “O Comércio do Porto”, terça, 6 de Fevereiro de 1883)
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