domingo, 15 de abril de 2012

O naufrágio do vapor “Agra” no porto de Galle


O vapor “ Agra “
1871 – 1873
Armador: Red Cross Line of Steamers, Londres


Cttor.: Earle's Shipbuilding & Engineering Co., Hull, 1871
Arqueação: Tab 2.104,00 tons.
Dimensões: Pp 91,40 metros e boca 10,70 metros
Propulsão: 1 motor compound do construtor

Como é fácil perceber, com a aproximação dos navios aos portos de destino, pondo termo a muitas horas de grande tensão, que normalmente é provocada durante derrotas com forte agitação de mar, existe a eventualidade de relaxar um pouco e é em boa parte nesses momentos, que ocorrem os piores sinistros marítimos. O caso que passo a relatar aconteceu num ancoradouro do porto de Galle – em exploração desde o século XII -, no Sri Lanka, o que equivale dizer que não importam as fronteiras, para que se confirmem situações de naufrágio semelhantes ou coincidentes, muito embora me sinta sempre obrigado a admitir que cada caso é um caso. Na circunstância e porque se trata de um transporte especial, creio justificar-se o relato da história publicada localmente, como segue:


E agora por cá, a notícia publicada nestes moldes:
«Segundo referem as folhas estrangeiras, naufragou no dia 5 de Setembro, o vapor “Agra”, procedente de Calcutá, quando em viagem para Londres, via canal do Suez.
O vapor bateu de encontro aos rochedos de Dia-Mudawa, próximo do ancoradouro do porto de Galle, onde aguardava que lhe fossem entregues as malas de correio, para as transportar até ao porto de destino. A responsabilidade do sinistro foi atribuída ao piloto, por ter ordenado o fundeamento do navio demasiadamente próximo dos rochedos, levando a que o vapor caísse sobre eles e se tivesse logo partido a meio, quase não dando tempo à tripulação e aos passageiros para acorrerem aos escalares, na indispensável necessidade de salvamento.
Ora, o que se tornou mais horroroso foi partir-se uma jaula onde seguia uma grande quantidade de feras. Imagine-se o terror dos náufragos, ao verem em luta com as ondas diversos tigres, elefantes, etc., que tornavam a triste cena ainda mais tétrica, com os seus rugidos ferozes!
Todavia, houve ainda um elefante que alcançou terra a nado, onde os habitantes, assustados, se fecharam nas suas casas, não ousando sair com medo.
(jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 15 de Outubro de 1873)

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