Ser ou não ser o mais rápido do mundo!
Detalhe de postal ilustrado do "Kaiser Wilhelm II"
Edição da Norddeutcher Lloyd, de Bremen
Escrevi recentemente sobre o navio “Titanic”, referindo-me ao orgulho das grandes companhias de navegação, relativamente à capacidade de cada uma delas poder ter nas suas frotas o paquete portador da célebre “blue riband - flamula azul”, a premiar as viagens transatlânticas mais rápidas, na ligação entre a Europa e os Estados Unidos e vice-versa. Lembro-me igualmente de ter, ainda que transversalmente, acusado a mencionada flamula azul de poder ter sido a causa do naufrágio do navio, pela forma negligente na abordagem ao aviso de ilhas de gelo na rota definida, tendo também mencionado dois navios da companhia Cunard de Londres, o “Lusitania” e o “Mauretania”, como tendo sido ambos responsáveis pela intransigente quebra de recordes.
Entretanto, lamento não ter dito que esta história da flamula azul teve origem em Inglaterra e naturalmente foram navios da Cunard os seus percussores, desde 1848. Os primeiros vapores a gozar de tão nobre distinção, foram os gémeos “Europa” e “Canadá”, no ano atrás referido a que se seguiu o “Asia”, em 1850, durante a viagem de regresso de Nova Iorque para a Europa.
Já agora acrescento que esta hegemonia foi apenas quebrada a espaços, inicialmente pelos navios alemães “Kaiser Wilhelm der Grosse” em 1897 e “Kaiser Wilhelm II” em 1904, ambos pertença da Norddeutcher Lloyd, de Bremen. E só muitos anos depois, os colossos alemães da mesma companhia, casos do “Bremen” e do “Europa”, conseguiram idêntico destaque, em 1929. Depois entra nesta lista o paquete italiano da Italia Line, “Rex”, em 1933, o magnifico paquete francês da French Line “Normandie”, em 1935, terminando em absoluta glória, com valores de velocidade imbatíveis - à época - o fantástico “United States”, da United States Lines, em 1952.
A publicar um quadro de honra destes formidáveis navios e dos seus respectivos armadores, em função dos nomes das empresas antes citadas, facilmente se percebe que mais do que a competição entre empresas, estava em causa o orgulho do governo dos países, que participavam nesta disputa através de avultadas contribuições para a construção de navios cada vez mais rápidos.
Senão, viajando no tempo, vejamos então, o porquê da mania das pressas…
Edição da Norddeutcher Lloyd, de Bremen
Escrevi recentemente sobre o navio “Titanic”, referindo-me ao orgulho das grandes companhias de navegação, relativamente à capacidade de cada uma delas poder ter nas suas frotas o paquete portador da célebre “blue riband - flamula azul”, a premiar as viagens transatlânticas mais rápidas, na ligação entre a Europa e os Estados Unidos e vice-versa. Lembro-me igualmente de ter, ainda que transversalmente, acusado a mencionada flamula azul de poder ter sido a causa do naufrágio do navio, pela forma negligente na abordagem ao aviso de ilhas de gelo na rota definida, tendo também mencionado dois navios da companhia Cunard de Londres, o “Lusitania” e o “Mauretania”, como tendo sido ambos responsáveis pela intransigente quebra de recordes.
Entretanto, lamento não ter dito que esta história da flamula azul teve origem em Inglaterra e naturalmente foram navios da Cunard os seus percussores, desde 1848. Os primeiros vapores a gozar de tão nobre distinção, foram os gémeos “Europa” e “Canadá”, no ano atrás referido a que se seguiu o “Asia”, em 1850, durante a viagem de regresso de Nova Iorque para a Europa.
Já agora acrescento que esta hegemonia foi apenas quebrada a espaços, inicialmente pelos navios alemães “Kaiser Wilhelm der Grosse” em 1897 e “Kaiser Wilhelm II” em 1904, ambos pertença da Norddeutcher Lloyd, de Bremen. E só muitos anos depois, os colossos alemães da mesma companhia, casos do “Bremen” e do “Europa”, conseguiram idêntico destaque, em 1929. Depois entra nesta lista o paquete italiano da Italia Line, “Rex”, em 1933, o magnifico paquete francês da French Line “Normandie”, em 1935, terminando em absoluta glória, com valores de velocidade imbatíveis - à época - o fantástico “United States”, da United States Lines, em 1952.
A publicar um quadro de honra destes formidáveis navios e dos seus respectivos armadores, em função dos nomes das empresas antes citadas, facilmente se percebe que mais do que a competição entre empresas, estava em causa o orgulho do governo dos países, que participavam nesta disputa através de avultadas contribuições para a construção de navios cada vez mais rápidos.
Senão, viajando no tempo, vejamos então, o porquê da mania das pressas…
Record transatlântico
Segundo notícia publicada no jornal “Leuchtturm”, de Bremen, o transatlântico do Lloyd alemão “Kaiser Wilhelm II”, acaba de fazer a travessia de Sandy Hook, à entrada do porto de Nova Iorque, até ao farol de Eddystone, na Inglaterra, em 5 dias, 11 horas e 58 minutos, o que equivale a uma média de 23,58 nós por hora, ou 564 milhas por dia e representa o record de velocidade na travessia da América à Europa. Continuam, pois, sendo os transatlânticos alemães os mais rápidos na travessia do Atlântico, não obstante os esforços da Inglaterra, que se prepara, no entanto, a excede-los com os novos navios da Cunard Line, em construção, que devem atingir a velocidade de 25 nós.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 8 de Julho de 1904)