O lugre-motor “ Pedro Miguel “
1941 - 1943
Empresa de Navegação Império, Lda., Lisboa
1941 - 1943
Empresa de Navegação Império, Lda., Lisboa
Imagem de uma traineira a tentar o desencalhe
do lugre-motor "Pedro Miguel"
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 10 de Novembro de 1943)
do lugre-motor "Pedro Miguel"
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 10 de Novembro de 1943)
Nº Oficial: G-451 - Iic.: C.S.L.J. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Joaquim Pedro de Sousa, Portimão, 1922
ex “Algarve 5º”, J.A. Júdice Fialho, Portimão, 1922-1935
ex “Vagabundus”, José Braz Alves, Faro, 1935-1936
ex “Pescador“ (2), Soc. Figueirense de Pesca, 1936-1940
Construtor: Joaquim Pedro de Sousa, Portimão, 1922
ex “Algarve 5º”, J.A. Júdice Fialho, Portimão, 1922-1935
ex “Vagabundus”, José Braz Alves, Faro, 1935-1936
ex “Pescador“ (2), Soc. Figueirense de Pesca, 1936-1940
Reconstruído e motorizado por Joaquim Pedro de Sousa, em Portimão, durante o ano de 1936. Tinha 3 mastros, proa de beque, popa redonda, convés com salto à ré e a carena forrada com cobre. O valor pago pela Soc. Figueirense de Pesca, da Figueira da Foz, na compra do lugre orçou em Esc. 550.000$00.
ex “Pescador”, Mário Silva, Lda., Lisboa, 1940-1941
Arqueação: Tab 348,46 tons - Tal 261,05 tons
Dimensões: Ff 48,24 m - Pp 41,68 m - Bc 9,91 m - Ptl 3,53 m
Propulsão: Volund, 1935 - 1:Sd - 2:Ci - 220 Bhp - 7 m/h
Equipagem: 12 tripulantes
Arqueação: Tab 348,46 tons - Tal 261,05 tons
Dimensões: Ff 48,24 m - Pp 41,68 m - Bc 9,91 m - Ptl 3,53 m
Propulsão: Volund, 1935 - 1:Sd - 2:Ci - 220 Bhp - 7 m/h
Equipagem: 12 tripulantes
O navio-motor “Pedro Miguel” encalhou na praia do
Furadouro, estando irremediavelmente perdido
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Furadouro, estando irremediavelmente perdido
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O nevoeiro - terror da navegação marítima - causou mais um naufrágio. Não se perderam vidas - não há famílias de luto a chorar os seus entes queridos, mas a economia nacional foi lesada com a perda de um navio, abatido ao efectivo por ter embatido contra as areias da praia. O sinistro deu-se às primeiras horas da manhã com o navio-motor “Pedro Miguel”, da Companhia de Navegação Império.
De passado aventuroso, este navio tem uma história, simples talvez, mas história que lhe criou o actual período de guerra. As voltas que teve de dar e os sacrifícios e sustos que atormentaram os componentes das suas tripulações, enchem uma pagina de história contemporânea, cuja descrição é inoportuna neste momento. Levado para Gibraltar onde foi vendido em hasta pública, foi adquirido, nessa ocasião, pela firma que lhe trocou o primitivo nome de “Pescador”, pelo de “Pedro Miguel”, que se exibia, agora, no costado, em letras brancas e grandes, ao lado da bandeira verde-rubra e da designação «Portugal» - divisa que pode considerar-se um símbolo.
Comandado pelo capitão da Marinha Mercante sr. Artur Belo de Morais, o “Pedro Miguel” dirigia-se a Leixões com importante carregamento de folha de Flandres, consignado à casa Wall & Cª. De manhã, às oito horas e meia, como fosse muita a cerração, aproximou-se demasiadamente da costa, encalhando a cem metros de terra, na praia do Furadouro, a 5 quilómetros de Ovar.
Correndo perigo de ser desfeito pelas vagas, o “Pedro Miguel” foi abandonado pelo capitão e pelos onze restantes tripulantes, que tomaram lugar em duas baleeiras. Só às dez horas, devido a ter clareado o tempo, foram vistos de um barco, que, dirigindo-se a Leixões, tomou a bordo o seu motorista, afim de, pessoalmente, participar o sinistro às autoridades marítimas e pedir socorro. Entretanto aproximou-se do barco naufragado uma traineira, afim de o procurar safar. Nada conseguiu, devido a ter rebentado a «espia». Logo que foi conhecida a notícia na Capitania de Leixões, saíram para o mar o rebocador “Urano” e “Bragança” - o primeiro comandado pelo piloto da barra Luís Ventura e o segundo pelo mestre David de Sousa. Algumas horas depois encontraram o “Vouga”, que trazia a reboque para o rio Douro, a fragata Aleluia, e, a bordo, os tripulantes do “Pedro Miguel”.
O navio sinistrado - que segundo os técnicos está irremediavelmente perdido - tem casco de madeira. Era accionado por um motor de 220 cavalos e foi construído em 1922 nos estaleiros de Portimão. Mede 41 metros e 36 centímetros de comprimento; 9 metros e 91 de boca e 3 metros e 53 de pontal. Tem capacidade para 332 toneladas e meia brutas e quase 250 toneladas liquidas.
Para o ver adornado, batido pelas vagas, como gigante vencido, acorreram à praia centenas de pessoas.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 10 de Novembro de 1943).
De passado aventuroso, este navio tem uma história, simples talvez, mas história que lhe criou o actual período de guerra. As voltas que teve de dar e os sacrifícios e sustos que atormentaram os componentes das suas tripulações, enchem uma pagina de história contemporânea, cuja descrição é inoportuna neste momento. Levado para Gibraltar onde foi vendido em hasta pública, foi adquirido, nessa ocasião, pela firma que lhe trocou o primitivo nome de “Pescador”, pelo de “Pedro Miguel”, que se exibia, agora, no costado, em letras brancas e grandes, ao lado da bandeira verde-rubra e da designação «Portugal» - divisa que pode considerar-se um símbolo.
Comandado pelo capitão da Marinha Mercante sr. Artur Belo de Morais, o “Pedro Miguel” dirigia-se a Leixões com importante carregamento de folha de Flandres, consignado à casa Wall & Cª. De manhã, às oito horas e meia, como fosse muita a cerração, aproximou-se demasiadamente da costa, encalhando a cem metros de terra, na praia do Furadouro, a 5 quilómetros de Ovar.
Correndo perigo de ser desfeito pelas vagas, o “Pedro Miguel” foi abandonado pelo capitão e pelos onze restantes tripulantes, que tomaram lugar em duas baleeiras. Só às dez horas, devido a ter clareado o tempo, foram vistos de um barco, que, dirigindo-se a Leixões, tomou a bordo o seu motorista, afim de, pessoalmente, participar o sinistro às autoridades marítimas e pedir socorro. Entretanto aproximou-se do barco naufragado uma traineira, afim de o procurar safar. Nada conseguiu, devido a ter rebentado a «espia». Logo que foi conhecida a notícia na Capitania de Leixões, saíram para o mar o rebocador “Urano” e “Bragança” - o primeiro comandado pelo piloto da barra Luís Ventura e o segundo pelo mestre David de Sousa. Algumas horas depois encontraram o “Vouga”, que trazia a reboque para o rio Douro, a fragata Aleluia, e, a bordo, os tripulantes do “Pedro Miguel”.
O navio sinistrado - que segundo os técnicos está irremediavelmente perdido - tem casco de madeira. Era accionado por um motor de 220 cavalos e foi construído em 1922 nos estaleiros de Portimão. Mede 41 metros e 36 centímetros de comprimento; 9 metros e 91 de boca e 3 metros e 53 de pontal. Tem capacidade para 332 toneladas e meia brutas e quase 250 toneladas liquidas.
Para o ver adornado, batido pelas vagas, como gigante vencido, acorreram à praia centenas de pessoas.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 10 de Novembro de 1943).
Na praia do Furadouro a rebentação do mar está
a desfazer o casco do lugre-motor “Pedro Miguel”
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a desfazer o casco do lugre-motor “Pedro Miguel”
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Com o tempo confirmou-se a opinião dos técnicos. O navio-motor “Pedro Miguel”, encalhado na praia do Furadouro, próximo de Ovar, está irremediavelmente perdido.
Ontem (10.11.1943) de manhã, o lindo navio de três mastros conservava a mesma posição do dia anterior, mas devido aos estragos provocados pela água que lhe inundou os porões e devido à rebentação do mar, começou a desfazer-se de tarde, dando à costa alguns destroços e parte da carga. Não foi possível ir a bordo qualquer pessoa, estando o “Pedro Miguel” vigiado pela Guarda Fiscal de Aveiro, que tem tomado conta dos salvados.
Nesta data seguem para o Furadouro os representantes das companhias seguradoras do casco e da carga e os directores da Companhia de Navegação Império, Lda., de Lisboa, proprietária do “Pedro Miguel”.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 11 de Novembro de 1943).
Ontem (10.11.1943) de manhã, o lindo navio de três mastros conservava a mesma posição do dia anterior, mas devido aos estragos provocados pela água que lhe inundou os porões e devido à rebentação do mar, começou a desfazer-se de tarde, dando à costa alguns destroços e parte da carga. Não foi possível ir a bordo qualquer pessoa, estando o “Pedro Miguel” vigiado pela Guarda Fiscal de Aveiro, que tem tomado conta dos salvados.
Nesta data seguem para o Furadouro os representantes das companhias seguradoras do casco e da carga e os directores da Companhia de Navegação Império, Lda., de Lisboa, proprietária do “Pedro Miguel”.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 11 de Novembro de 1943).
Lugre-motor “Pedro Miguel” com carregamento de
folha de Flandres – Encalhado na praia do Furadouro
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folha de Flandres – Encalhado na praia do Furadouro
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Recebem-se propostas até às 18 horas do próximo dia 16 do corrente, nos escritórios da Companhia de Seguros «Tranquilidade», Rua de Cândido dos Reis, 105, Porto, ou Rua Augusta, 39, Lisboa, para o salvamento do lugre-motor “Pedro Miguel” e seu carregamento de caixas de folha de Flandres, o qual se encontra encalhado na praia do Furadouro. As propostas devem ser para o salvamento do casco e carga, conjuntamente, e para cada um separadamente, e devem ser por uma percentagem sobre os valores salvos e na base «No cure, no pay».
Reserva-se o direito de rejeitar todas ou qualquer das propostas recebidas, não convindo. Porto, 12 de Novembro de 1943
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 12 de Novembro de 1943).
Infelizmente o mar deitou por terra, as melhores intenções.
Reserva-se o direito de rejeitar todas ou qualquer das propostas recebidas, não convindo. Porto, 12 de Novembro de 1943
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 12 de Novembro de 1943).
Infelizmente o mar deitou por terra, as melhores intenções.