terça-feira, 4 de outubro de 2011

História trágico-marítima (XLIII)


O cruzador “ Adamastor “
1897 - 1934
Marinha de Guerra Portuguesa

É normal nos meus escritos, não falar muito sobre os encalhes dos navios da Armada, porque pouco se sabe e porque não é desejável que se saiba, pelo menos mais do que se pode considerar absolutamente necessário. Só recordo alguns sinistros, ou incidentes, porque a notícia ficou para sempre registada nos jornais e porque, como neste caso, estão já decorridos cerca de 100 anos.
Como o acidente teve lugar durante o ano de 1913, durante a viagem entre Macau e Hong-Kong, no regresso de mais uma honrosa comissão, naquela que durante muitos anos foi a nossa pérola do oriente, imagino que a notícia tenha ficado refém no respectivo ministério, até porque o cruzador foi desencalhado e por conseguinte capacitado a concluir a viagem até Lisboa.
Quem quiser e estiver interessado, para complementar esta informação, recomendo uma visita à wikipédia e à notícia publicada online, na revista da Armada, sobre a fantástica carreira e utilidade do navio, nos vários palcos onde esteve presente. Para que conste, sobre este navio foram escritas páginas de glória, que muito honraram a marinha portuguesa, até ao seu abate, ocorrido durante o ano de 1934, após completar 41 anos de serviço.

O cruzador "Adamastor" em Lisboa
Postal Ilustrado

Construtor: Fratelli Orlando, Livorno, Itália, 13.07.1896
Deslocamento: Máximo 1.964,00 tons - Standard 1.757,00 tons
Dim.: Ff 79,62 mts - Pp 73,81 mts - Bc 10,73 mt - Ptl 6,50 mts
Propulsão: Ansaldo (?) - 2:Te - 2x4:Ci - 2.000 Nhp - 17,2 m/h
Equipagem: 206 tripulantes
Vendido a F.A. Ramos & Cª., de Lisboa, foi demolido em 1934.

O encalhe do “Adamastor”
Julgamento
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Lisboa, 24 de Janeiro de 1914
Nas salas do conselho de guerra da marinha, realizou-se hoje o julgamento do capitão-tenente sr. Aníbal de Souza Dias, por causa do encalhe do cruzador “Adamastor”, entre Macau e Hong-Kong. Pouco passava do meio-dia quando se constituiu o tribunal, vendo-se nos corredores muitos oficiais superiores da Armada e do Exército e vários amigos do acusado.
Ocupava a presidência o capitão de mar e guerra sr. Alves Loureiro e o júri era composto pelos capitães-tenentes srs. Ayres de Souza, Paiva Amado, Leotte do Rego, Souza e Faro, Júlio Milheiro e Barbosa Bacelar, este último como suplente. Face às explicações prestadas, recebidas com plena compreensão dos motivos apresentados, o capitão-tenente sr Aníbal de Souza Dias, foi absolvido.
In jornal “O Comércio do Porto”, de 25 de Janeiro de 1914)

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