A chalupa construída em madeira - “ Rasoilo & Cª. “
1899 - 1914
Armador: Bernardo Razoilo, Manoel F. Batata e outros, Aveiro
1899 - 1914
Armador: Bernardo Razoilo, Manoel F. Batata e outros, Aveiro
Nº Oficial: n/s > Iic.: H.J.R.P. > Registo : Cap. de Aveiro
Construtor: Não identificado, Vila do Conde, 1886
ex “Neves”, Proprietário desconhecido, 1886-??
ex “Rasoulo & Cª.”, Manoel F. Batata, F. Foz, 18??-1899
Arqueação: Tab 87,82 tons - Tal 83,42 tons
Dimensões: Desconhecidas
Propulsão: À vela, sem motor auxiliar
Equipagem: 6 tripulantes
Mestres embarcados: Manoel António Caravela (1913 e 1914)
Construtor: Não identificado, Vila do Conde, 1886
ex “Neves”, Proprietário desconhecido, 1886-??
ex “Rasoulo & Cª.”, Manoel F. Batata, F. Foz, 18??-1899
Arqueação: Tab 87,82 tons - Tal 83,42 tons
Dimensões: Desconhecidas
Propulsão: À vela, sem motor auxiliar
Equipagem: 6 tripulantes
Mestres embarcados: Manoel António Caravela (1913 e 1914)
Viana do Castelo, 15 - Em relação ao sinistro da chalupa “Rasoilo”, ainda não foram recebidas, até agora, noticias do destino da sua tripulação. Um marinheiro do vapor “Valhal”, a receber carga no porto, foi ontem a Guardia, de visita à família, trouxe a notícia de que ao norte do portinho daquela vila galega, fora avistado um navio desarvorado, tendo só um mastro. Como não fazia sinais para terra, suspeitou-se logo que não tinha ninguém a bordo e, portanto, foi dado conhecimento para Vigo, de onde saiu um rebocador, que levou o referido navio para aquele porto. Foi então que dali telegrafaram, dizendo que a referida embarcação era a chalupa “Rasoilo”, completamente rasa e sem ninguém a bordo. Continua a ansiedade e a esperança da sua tripulação ter sido recolhida por qualquer embarcação.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Novembro de 1913)
Embarcação abandonada
Acerca da chalupa “Rasoilo & Cª.”, referida no texto anterior, foi entretanto recebida a seguinte informação de La Guardia, com data de 14 do corrente, como segue:
Ontem pairou em frente da praia e bastante ao largo, uma embarcação desarvorada. Pelo rumo do vento, era suposto ser portuguesa – vinha corrida do sul. Foi imediatamente dado conhecimento ao cônsul, para serem tomadas providencias, mas, enquanto estas se discutiam, surgiu a ideia a um grupo de pilotos de solicitarem a saída do pequeno vapor de reboque da casa Candeira, o qual está sempre fundeado no rio Minho. Em virtude disso, não houve necessidade de contacto posterior, a lembrar da conveniência da vinda do “Tritão”, visto não constar que em Viana haja reboque para o mesmo fim. O mesmo mereceu a concordância do cônsul, que não chegou a pedir socorros a Vigo, pois a breve espaço de tempo foi vista a eficácia dos trabalhos de salvamento realizado pelo reboque “Candeira”, que conduziu a embarcação para Vigo.
Por telegrama dali recebido, sabe-se tratar-se da chalupa “Rasoilo & Cª.”, da praça do Porto, com carga de sal e diversas mercadorias. Estava completamente abandonada, ignorando-se ainda a sorte da tripulação, que tem sido procurada com afã pelos pescadores da costa.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Novembro de 1913)
Na madrugada de ontem entrou no porto de Vigo, o rebocador a vapor “Maria”, dos srs. Candeira Irmãos, de Campossancos, com uma chalupa portuguesa a reboque. Era a chalupa “Rasoilo & Cª.”, que ante-ontem tinha sido vista à mercê das ondas, em frente de La Guardia e que o referido rebocador tinha ido buscar. Era meio-dia quando um pratico do porto de La Guardia a viu e o comunicou ao ajudante de marinha. Este oficial solicitou o concurso do “Maria”, que os seus proprietários cederam imediatamente e, como o vapor não tinha dotação bastante para o reboque, embarcaram nele dois práticos e um marinheiro. Saiu o “Maria” em busca da referida embarcação à vela, que impedida pelo temporal ia dar à costa, sendo possível a meio da tarde estabelecer-se o reboque. A chalupa estava abandonada e com bastantes avarias.
O temporal tinha-lhe partido o mastro da mezena, rente à coberta. A cozinha, que estava situada ao pé do referido mastro, havia sido destruída por um golpe de mar e o fogão rolava pelo convés. Também estava desmontada a roda de leme. Logo à primeira vista se notava que a tripulação da chalupa, tinha lutado muito com o temporal. Para poder sustentar-se, depois de partido o mastro da mezena, foi improvisado um aparelho, estendendo uma vela desde o topo do mastro de popa, até à proa. O escaler via-se fortemente amarrado sobre o porão do centro.
Estabelecido o reboque, o “Maria” empreendeu a marcha em direcção a Vigo, já que o estado do mar não lhe permitia entrar em La Guardia, tendo por esse motivo só chegado a Vigo de madrugada. Pela manhã, o mestre do rebocador deu conhecimento de achado ao comandante de marinha, sr. Conde de Villar de Fontes, o qual ordenou que se procedessem às necessárias investigações.
Pela tarde, foi a bordo da chalupa o juiz de marinha sr. Carrero, com o secretário sr. Fernandez. Da busca efectuada a bordo, resultou serem encontradas numerosas cartas e outros documentos, pelos quais se deduz que o arrais da “Rasoilo & Cª.” se chamava Manuel António Caravela e era de Viana do Castelo. Achou-se também a bordo alguma roupa velha da tripulação. Não foi, porém, encontrado nem o rol de bordo, nem qualquer outra coisa de importância, não tendo ficado dúvidas que a embarcação foi abandonada pela sua tripulação e que esta, ao deixar a chalupa, levou somente o que podia ter algum valor.
A carga transportada pela “Rasoilo & Cª.”, consistia em sal, caixas de velas, barris vazios e duas quartolas, que parecem ser de azeite. A julgar pelo estado de conservação da chalupa, esta deve ter sido construída há uns vinte cinco anos. Também se deduzia das cartas encontradas a bordo, que a chalupa se dedicava à cabotagem entre Viana e portos do sul de Portugal.
Parece que o capitão do patacho “Soares”, também português, que durante os últimos temporais entrou em Vigo com o velame destruído, recebeu uma carta dos armadores da “Rasoilo & Cª.”, dizendo-lhe que esta havia sido abandonada e que se aparecesse pelas costas galegas lhe desse conhecimento. Nesta data será chamado o capitão do “Soares”, ao julgado de marinha, para prestar declarações.
A “Rasoilo & Cª.” é uma embarcação de 83 toneladas e, desde os últimos dias de Outubro, que deram início ao regímen tempestuoso, é o quarto navio de vela que entra avariado no porto de Vigo.
(In jornal “Faro de Vigo”, de 15 de Novembro de 1913)
Tripulação salva
Londres, 17 - Chegou ontem a Newport o vapor inglês “Scamby”, conduzindo a tripulação da chalupa portuguesa “Rasoilo & Cª.”, salva no mar ao largo da costa portuguesa. Os náufragos ficaram entregues ao cônsul português em Newport.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 18 de Novembro de 1913)
Como seria de prever, as negociações para recuperar a chalupa devem ter levado um considerável período de tempo, até ao seu regresso definitivo a Viana do Castelo. E, ao que tudo indica estaria em tais condições, muito próximo do inavegável, que levou à sua venda, nos moldes que o anúncio publicita:
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Novembro de 1913)
Embarcação abandonada
Acerca da chalupa “Rasoilo & Cª.”, referida no texto anterior, foi entretanto recebida a seguinte informação de La Guardia, com data de 14 do corrente, como segue:
Ontem pairou em frente da praia e bastante ao largo, uma embarcação desarvorada. Pelo rumo do vento, era suposto ser portuguesa – vinha corrida do sul. Foi imediatamente dado conhecimento ao cônsul, para serem tomadas providencias, mas, enquanto estas se discutiam, surgiu a ideia a um grupo de pilotos de solicitarem a saída do pequeno vapor de reboque da casa Candeira, o qual está sempre fundeado no rio Minho. Em virtude disso, não houve necessidade de contacto posterior, a lembrar da conveniência da vinda do “Tritão”, visto não constar que em Viana haja reboque para o mesmo fim. O mesmo mereceu a concordância do cônsul, que não chegou a pedir socorros a Vigo, pois a breve espaço de tempo foi vista a eficácia dos trabalhos de salvamento realizado pelo reboque “Candeira”, que conduziu a embarcação para Vigo.
Por telegrama dali recebido, sabe-se tratar-se da chalupa “Rasoilo & Cª.”, da praça do Porto, com carga de sal e diversas mercadorias. Estava completamente abandonada, ignorando-se ainda a sorte da tripulação, que tem sido procurada com afã pelos pescadores da costa.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Novembro de 1913)
Na madrugada de ontem entrou no porto de Vigo, o rebocador a vapor “Maria”, dos srs. Candeira Irmãos, de Campossancos, com uma chalupa portuguesa a reboque. Era a chalupa “Rasoilo & Cª.”, que ante-ontem tinha sido vista à mercê das ondas, em frente de La Guardia e que o referido rebocador tinha ido buscar. Era meio-dia quando um pratico do porto de La Guardia a viu e o comunicou ao ajudante de marinha. Este oficial solicitou o concurso do “Maria”, que os seus proprietários cederam imediatamente e, como o vapor não tinha dotação bastante para o reboque, embarcaram nele dois práticos e um marinheiro. Saiu o “Maria” em busca da referida embarcação à vela, que impedida pelo temporal ia dar à costa, sendo possível a meio da tarde estabelecer-se o reboque. A chalupa estava abandonada e com bastantes avarias.
O temporal tinha-lhe partido o mastro da mezena, rente à coberta. A cozinha, que estava situada ao pé do referido mastro, havia sido destruída por um golpe de mar e o fogão rolava pelo convés. Também estava desmontada a roda de leme. Logo à primeira vista se notava que a tripulação da chalupa, tinha lutado muito com o temporal. Para poder sustentar-se, depois de partido o mastro da mezena, foi improvisado um aparelho, estendendo uma vela desde o topo do mastro de popa, até à proa. O escaler via-se fortemente amarrado sobre o porão do centro.
Estabelecido o reboque, o “Maria” empreendeu a marcha em direcção a Vigo, já que o estado do mar não lhe permitia entrar em La Guardia, tendo por esse motivo só chegado a Vigo de madrugada. Pela manhã, o mestre do rebocador deu conhecimento de achado ao comandante de marinha, sr. Conde de Villar de Fontes, o qual ordenou que se procedessem às necessárias investigações.
Pela tarde, foi a bordo da chalupa o juiz de marinha sr. Carrero, com o secretário sr. Fernandez. Da busca efectuada a bordo, resultou serem encontradas numerosas cartas e outros documentos, pelos quais se deduz que o arrais da “Rasoilo & Cª.” se chamava Manuel António Caravela e era de Viana do Castelo. Achou-se também a bordo alguma roupa velha da tripulação. Não foi, porém, encontrado nem o rol de bordo, nem qualquer outra coisa de importância, não tendo ficado dúvidas que a embarcação foi abandonada pela sua tripulação e que esta, ao deixar a chalupa, levou somente o que podia ter algum valor.
A carga transportada pela “Rasoilo & Cª.”, consistia em sal, caixas de velas, barris vazios e duas quartolas, que parecem ser de azeite. A julgar pelo estado de conservação da chalupa, esta deve ter sido construída há uns vinte cinco anos. Também se deduzia das cartas encontradas a bordo, que a chalupa se dedicava à cabotagem entre Viana e portos do sul de Portugal.
Parece que o capitão do patacho “Soares”, também português, que durante os últimos temporais entrou em Vigo com o velame destruído, recebeu uma carta dos armadores da “Rasoilo & Cª.”, dizendo-lhe que esta havia sido abandonada e que se aparecesse pelas costas galegas lhe desse conhecimento. Nesta data será chamado o capitão do “Soares”, ao julgado de marinha, para prestar declarações.
A “Rasoilo & Cª.” é uma embarcação de 83 toneladas e, desde os últimos dias de Outubro, que deram início ao regímen tempestuoso, é o quarto navio de vela que entra avariado no porto de Vigo.
(In jornal “Faro de Vigo”, de 15 de Novembro de 1913)
Tripulação salva
Londres, 17 - Chegou ontem a Newport o vapor inglês “Scamby”, conduzindo a tripulação da chalupa portuguesa “Rasoilo & Cª.”, salva no mar ao largo da costa portuguesa. Os náufragos ficaram entregues ao cônsul português em Newport.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 18 de Novembro de 1913)
Como seria de prever, as negociações para recuperar a chalupa devem ter levado um considerável período de tempo, até ao seu regresso definitivo a Viana do Castelo. E, ao que tudo indica estaria em tais condições, muito próximo do inavegável, que levou à sua venda, nos moldes que o anúncio publicita:
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 17 de Julho de 1914)
Apesar de tudo a venda foi consumada em 1914, a proprietários que não foi possível identificar. Desde este ano, eventualmente já desmastreada, veio para o Porto, ficando matriculada na Capitania do Douro, como fragata de carga. Depois deste último registo, lamentavelmente perde-se-lhe o rasto.
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