quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

História trágico-marítima (CCXLIII)


O incêndio a bordo do paquete "Colonial"

O paquete português “Colonial” deve ter entrado
na Cidade do Cabo com fogo a bordo
Cidade do Cabo, 11 - O paquete português “Colonial”, de 8.309 toneladas, tem, segundo se sabe, fogo a bordo. O paquete segue, neste momento, de Lourenço Marques para a Cidade do Cabo, a cujo porto devia chegar esta noite.
Foi dominado o incêndio a bordo do “Colonial
Lourenço Marques, 12 (madrugada) – Acabam de ser recebidas informações de que foi dominado o incêndio a bordo do paquete português “Colonial”. O navio, que transporta cinquenta e seis passageiros, seguia de Lourenço Marques para a Cidade do Cabo.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 12 de Janeiro de 1948)

Foto do paquete "Colonial"
Postal ilustrado da companhia armadora

Características do paquete “Colonial” em 19149
Armador: Companhia Colonial de Navegação, Lisboa
Nº Oficial: 695 - Iic: C.S.C.W. - Porto de registo: Luanda, 1930
Construtor: Friedrich Krupp A.G., Essen, Alemanha, 1908
Arqueação: Tab 8.371,33 tons - Tal 5.193,06 tons
Dimensões: Ff 142,44 mts - Pp 137,11 - Bc 16,75 mts - Ptl 8,49 mts
Propulsão: Do construtor - 2:Qe - 4:Ci - 4,500 Ihp - 12 nós/ hora

O incêndio a bordo “Colonial” foi provocado
por combustão espontânea do algodão
Cidade do Cabo, 12 – O paquete português “Colonial”, de 8.309 toneladas, atracou ao porto desta cidade, pouco depois da meia-noite, com fogo no porão nº1 e uma inclinação de 10 graus.
O porão foi inundado e as escotilhas fechadas. A maior parte dos cinquenta e seis passageiros estava no convés quando o navio atracou e não mostrava qualquer perturbação com o caso.
O “Colonial” vinha de Lourenço Marques, na África Oriental Portuguesa, para a Cidade do Cabo, quando foi descoberto o fogo, no sábado à noite, mesmo no fundo do porão, que trazia carga de copra.
O capitão do navio telegrafou, imediatamente, para a Cidade do Cabo. Ontem, o incêndio foi localizado, mas uma brigada de incêndios estava na Cidade do Cabo à espera, quando o navio chegou.
Depois de atracar, foi visitado pela fiscalização e outros funcionários, que examinaram a possibilidade de retirar a carga para se poder extinguir o incêndio, Pode tornar-se necessário abrir um buraco no costado do navio, para que as mangueiras consigam atingir o incêndio, se isso fôr indispensável.

Cidade do Cabo, 12 – Os bombeiros desta cidade auxiliaram os tripulantes para combater o incêndio a bordo do paquete português “Colonial”, quando o navio entrou no porto com fogo no porão nº1.
Continuavam a ver-se nuvens de fumo que partiam da carga incendiada. O incêndio foi dominado depois de seis horas de esforços. Os bombeiros declaram que o rescaldo será demorado.

Segundo informações obtidas junto da Companhia Colonial de Navegação, o incêndio a bordo do “Colonial” – propriedade daquela Companhia – atribui-se a combustão espontânea do algodão, que constituía o carregamento num dos porões do navio; mas o sinistro não teve proporções que houvessem causado preocupação, tendo bastado, para dominar o fogo, os serviços de bordo.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 13 de Janeiro de 1948)

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