segunda-feira, 8 de agosto de 2011

História trágico-marítima (XXIX)


O afundamento da galera “ Graciosa “

Náufragos
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Chegaram a Lisboa os 20 náufragos do navio “Graciosa”, torpedeado na costa de Inglaterra, entre os quais o capitão Armando Bettencourt, o 1º oficial Fernando Ferreira e o 2º oficial Bartolomeu Sequeira.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 24 de Setembro de 1918).

No dia de ontem, passaram pelo Instituto de Socorros a Náufragos os tripulantes do vapor “Graciosa”. Foram-lhes dados socorros pecuniários e guias de passagem para as terras das suas naturalidades.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 25 de Setembro de 1918).

A galera “ Graciosa “
1916 - 1918
Transportes Marítimos do Estado, Lisboa

Nº Oficial: 353-E - Iic.: H.G.R.A. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Russel & Co., Port Glasgow, Escócia, 1890
ex “Strathgryfe”, Strathgryfe Shipping Co., Inglat., 1890-1906
ex “Margretha” - H.H. Schmidt, Alemanha, 1906-1916
Arqueação : Tab 2.276,00 tons - Tal 2.190,00 tons
Dimensões : Pp 95,03 mts - Boca 14,25 mts - Pontal 8,29 mts
Propulsão : À vela, sem motor auxiliar
Equipagem: 20 tripulantes

Depois da majestosa galera “Thermopylae”, entretanto transformada em barca e incorporada na Armada como “Pedro Nunes”, lamentavelmente afundada em 1907; do clipper “Thomas Stephens”, que também esteve ao serviço da Marinha como “Pêro de Alenquer”, naufragado em viagem de comércio, de regresso de uma viagem à América em 1916; da galera “Argo” e da barca “Santa Maria”, ambas afundadas por submarino durante a guerra e da galera “Graciosa”, canhoneada pelo submarino alemão U-90 do cap. Helmut Patzig, pode praticamente dar-se por terminado o ciclo de grandes veleiros rápidos de transporte de mercadorias, que navegaram com a bandeira portuguesa.
A galera “Graciosa”, que se encontrava sob fretamento ao governo Inglês, sobre administração da companhia Furness, Withy, foi afundada ao largo da costa noroeste da Escócia, na posição 59º06’N 05º00’W, transportando um carregamento completo de carvão, quando em viagem de North Shields para o Lobito, no dia 24 de Agosto de 1918.

3 comentários:

Luis Filipe Morazzo disse...

Concordo que uma andorinha não faz a primavera, mas o último grande veleiro de carga arvorando pavilhão português, foi a grande barca “Foz do Douro”, comprada em 1943 pelo armador Júlio Ribeiro de Campos no porto de Baltimore, com registo na Capitania do Porto, começa a navegar para o Brasil com carga diversa, carregando no regresso grandes partidas de algodão. Após ser retirada do serviço activo no final da década de 50, esteve ainda vários anos atracada na doca de Pedrouços, na companhia de outro veterano dos mares, o cargueiro “Outão”, da Secil Marítima. Eu próprio quando tinha os meus 10 anos, brinquei muito a bordo destes navios, o liceu era em Algés e sempre que não havia aulas, lá ia eu e a restante pandilha, para bordo, onde costumávamos sonhar com futuras e longas navegações, cheias de aventuras, através dos sete mares.

Saudações marinheiras

Luís Morazzo

reimar disse...

Caro amigo,
É sempre um prazer recebe-lo no blog e desta vez estive quase a dar-lhe razão, porque realmente a "Foz do Douro" foi efectivamente o último grande veleiro nacional, mas como um ou outro dos navios referidos era uma barca e não uma galera!
Tal como o penúltimo dos enormes veleiros nacionais, que foi o "Cidade do Porto", com os seus seis majestosos mastros, mas era um lugre!... (No blog em 23.06.08)
Como o amigo sabe a "Foz do Douro", aquando da viagem de Gago Coutinho ao Brasil, demorou um ciclo completo de gestação, i.e. nove meses a completar o percurso, motivo mais do que suficiente para igualmente a não considerar como veleiro rápido.
De qualquer forma, saiba meu amigo, que gostei muito de ter notícias suas.
Um grande abraço,
Reinaldo Delgado

Anónimo disse...

Caro Reinaldo Delgado

Sou, Manuel José Campos d'Oliveira Lima, filho de Natália Ribeiro Campos d'Oliveira Lima, irmã de Júlio Ribeiro Campos, armador da barca «FOZ DO DOURO, comerciante, industrial e cônsul da Dinamarca.
Sei que teve a gentileza de fornecer uma cópia do registo da referida barca, a minha prima Maria Helena Campos, neta do meu tio Júlio R. Campos.
Possuo vária documentação e registos fotográficos da «FOZ DO DOURO» e do navio motor «ULTRAMARINO». Sem pretender ser abusivo ou inconveniente, se lhe for possível, peço-lhe o especial favor, que muito agradeço, de me enviar por e-mail cópia do registo que forneceu a minha prima, bem como se possível fornecesse os dados que tiver sobre uma outra barca adquirida pelo meu tio e que nunca chegou a ser usada.
Meu endereço de e-mail «mlima.electeng@mail.ru»
Cumprimentos
Manuel Lima