domingo, 30 de dezembro de 2007

A bandeira Portuguesa no mar - o " Amélia de Mello "

O " Amélia de Mello "


1ª parte - " Zion "

O navio foi construído nos estaleiros Deutsche Werft Aktien Gesselschaft, de Hamburgo, entre 1955 e 1956, com o Nº 691 e fez parte de um pacote financiado pelo governo Alemão, ao abrigo de um programa de desenvolvimento, como indemnização por danos causados durante a II Grande Guerra Mundial, ao estado de Israel, que por sua vez o entregou para ser operado pela companhia nacional, a Zim Israel Navigation Co.
Lançado à água a 19.07.1955, foi entregue ao armador em 12.02.1956 e apresentava como características de origem 9.855 toneladas de registo bruto e uma capacidade para transportar 313 passageiros em 1ª classe e classe Turística, além de ainda dispôr de 4 porões para ocasional transporte de 8.470 m3 de mercadoria e 536 m3 de carga frigorífica. Saíu do porto de Hamburgo em 19.02.1956 com destino a Haifa, que oficializou como porto de registo, tendo durante a viagem efectuado escalas em Le Havre, Southampton e Messina para a partir de 09 de Março seguinte, ter largado para a viagem inaugural a Kent Street, Brooklyn, Nova Iorque, com passagens pelo Piréu, Nápoles, Palma de Maiorca, Gibraltar, Lisboa, Ponta Delgada e Halifax, que manteve como linha regular, incluíndo apenas algumas paragens no Funchal.
Apesar da decoração atrativa, preenchida através de imagens evocativas da Terra Santa e uma cozinha predominantemente Judia, os custos das viagens eram relativamente caros, pelo que apresentando-se difícil competir com o transporte aéreo, agravado pelo facto do navio ter graves problemas no motor e nas caldeiras, a Companhia optou pela venda, tendo efectuado a última viagem de Nova Iorque para Haifa a 21.01.1966.


O " Zion" - postal da Zim Israel Nagigation Co.


2ª parte - o "Amélia de Mello"

A aquisição do paquete acontece logo após em Fevereiro de 1966, em favor da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, pelo custo de 820.000 Libras (65 mil contos), na intenção de estabelecer uma carreira regular entre o Continente, Cabo Verde e Angola. É entregue em Haifa a 16 de Fevereiro, partindo com destino a Lisboa no dia seguinte, tendo chegado à capital cerca de uma semana depois, onde amarra desde o dia 23 desse mês até 25 de Abril de 1966, a fim de efectuar melhoramentos e reparações. Entretanto no dia 21 de Abril é concretizado o registo na Capitania de Lisboa, com o Nº I-356, passando o IIC para CSBC.
A viagem inaugural com as cores da Companhia tem como destino Leixões, ainda no dia 25 para uma escala de dois dias a receber carga, regressando a Lisboa no dia 28, onde completa o carregamento, continuando a viagem inaugural no 1º de Maio, saíndo para S. Vicente, Luanda, Lobito e Moçamedes, para regressar via Lobito, Luanda, S. Vicente e Funchal.
Após o 1º ano de serviço reaparecem os problemas mecânicos, pelo que a Companhia decide fazer o navio voltar ao estaleiro construtor Alemão, para uma exaustiva reparação do motor e a substituição de uma caldeira, ficando imobilizado desde 4 de Outubro até 19 de Dezembro, voltando a Lisboa 3 dias antes do Natal de 1967.
Desde então, no período de tempo de 29 de Dezembro desse ano, até 7 de Agosto de 1971, data de chegada da última viagem a Angola pela empresa, o navio é retirado de serviço amarrando no Mar da Palha, em Lisboa, onde fica a aguardar oportunidade de negócio.
Com a bandeira nacional, o navio teve as seguintes características :
TABruta: 10.195 t > TALiquída: 6.290 t > Peso morto: 13.500 t
Comprimentos: Ff 152,73 mt > Pp 138,34 mt > Boca 19,87 mt > Pontal 11,03 mt
Velocidade máxima: 19 m/h > 323 passageiros > 150 tripulantes


O "Amélia de Mello" - postal da Sociedade Geral


3ª parte - o "Ithaca"

Concretizada a venda em 15.03.1972, para o armador Grego N.J. Vlassopoulos, que gere as suas empresas em escritório com sede em Londres, o navio deixa Lisboa rebocado pelo "Matches", a 4 de Maio, com destino ao estaleiro Astilleros Españoles, de Bilbao, que durante os 2 anos seguintes entram em processo de reconversão do navio, conforme projecto da Marine & Industrial Developments e onde são gastos 10 milhões de dólares, na adaptação do paquete ao mercado de cruzeiros.

À saída de Bilbao, o navio adopta o nome da cidade natal do armador Vlassopoulos, tem registo no Piréu, apresenta-se como proprietária a Companhia de Vapores Realma, do Panamá, tendo como operador o agente Ulysses Line. Altera a tonelagem bruta para 8.977 t, muda o IIC para SXBB e alarga a capacidade para transportar 780 passageiros, a repartir por 328 camarotes de classe turística.
Desde 1973 até 1974 opera em cruzeiros no Mediterrâneo, vendo-se na necessidade de imobilizar ao largo de Dacar, devido a novos problemas mecânicos. Efectuadas as reparações navega através do fretamento da Thomson Cruises, com passageiros de origem britânica, alargando as escalas a portos da Península Ibérica, Madeira e Canárias.
Em 1976 devido às avarias e algumas inesperadas paragens, o fretador anula o contrato, pelo que o navio volta à fase inicial, com viagens pelo Mediterrâneo. E apesar de ter novo fretamento pela empresa Canadiana Strand Cruises até 1978, o banco detentor da hipoteca, resolveu entregar a exploração comercial do navio à Companhia Francesa Paquet.


O "Ithaca" - postal da Ulysses Line


4ª parte - o "Dolphin IV"

Nesta fase que apresenta tratar-se como uma curiosa manobra de bastidores, o navio depois de rebaptizado e alterado o registo para o Panamá, IIC - HOOD, reaparece posicionado em Miami, depois de sofrer remodelação adequada, para operar em cruzeiros às Bahamas, numa "joint venture", que agrega a nova Companhia Paquet e o antigo operador Ulysses Line.
Depois da mais recente modernização o navio tem uma TABruta de 13.007 t, TALiquída 2.299 t, Peso morto 2.299 t, alterando a capacidade para transportar 687 passageiros, com atendimento a cargo de 285 tripulantes. Sem pretensões de grandeza emergente, os projectistas e o armador escolhem mostrar eficiência e simplicidade, no alargamento do número de camarotes e apostam na renovação completa das casas de banho. Surge então um navio com um aspecto diferente, arruinado por uma ré deselegante e uma decepcionante aba na chaminé, para desviar eventuais fumos, mas que parece mais uma tentativa para esconder uma velha identidade.
Dá início à sua nova actividade a 17.01.1979, com cruzeiros de 3 e 4 dias, entre Miami, Nassau e Freeport, denotando uma substancial melhoria na alimentação. Entretanto as operações são transferidas em 1984 para novo operador, a Dolphin Cruise Line, de Miami, cuja oferta estabelece o mesto tipo de cruzeiros previamente definidos.


O "Dolphin IV" - postal dos Operadores


5ª parte - ainda o "Dolphin IV"

A partir de 1990 e por força da legislação Americana, o navio é obrigado a reduzir a capacidade de transporte para um número não superior a 562 passageiros. Igualmente o navio altera a TABruta para 12.091 t, TALiquída 5.033 t e um peso morto de 4.036 t. Em 1995 é colocado à venda, concretizada a favor da The Kosmos Group, integrando a frota da Cape Canaveral Cruises, durante a próxima década, cobrindo uma semana de férias, estando previstos 2 dias no mar, 3 dias de visita a Orlando (Disney World) e ainda 2 dias na praia.
Em 2005, na impossibilidade de remover as grandes quantidades de ferrugem com que o tempo se encarregou de corroer o navio, foi outra vez posto à venda. Mudou ainda de nome para "Khawla III", pelo proprietário final, a Delta Navigation Co., na derradeira viagem rumo ao estaleiro Alang Ship Breaking Yard, na India, repousando nos pedaços da sua demolição.


O "Dolphin IV" - postal da Cape Canaveral Cruises

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