Porto, 1900
O temporal e a cheia no Douro
2ª Parte
A barca “Maria Emília” e a fragata “Dª. Francisquinha”
A barca “Maria Emília”, fundeada em frente da Alfândega Velha, garrou, indo parar à Cantareira. Corria abandonada, mas os pescadores da Afurada, que ali estacionam com os seus barcos, e algumas catraias de pilotos puderam segurá-la e amarrá-la. Está carregada de madeira.
Características da barca “Maria Emília”
Desenho de navio do tipo barca, sem correspondência ao texto
Características da barca “Maria Emília”
Armador: José Lopes Fernandes, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.M.Q. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Manuel Gomes Rodrigues, Vila do Conde, 1867
ex “Novo Silêncio”, A.F.M. Guimarães, Porto
Arqueação: Tab 369,00 Tons - Tal 353,00 tons
Dimensões: Pp 36,14 mts - Boca 8,76 mts - Pontal 4,67 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Villas Boas Robim
Aconteceu outro tanto à fragata de carga “Dª. Francisquinha”, que tinha um carregamento de algodão, trazido pelo paquete “Brunswick”, para diversos comerciantes.
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.M.Q. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Manuel Gomes Rodrigues, Vila do Conde, 1867
ex “Novo Silêncio”, A.F.M. Guimarães, Porto
Arqueação: Tab 369,00 Tons - Tal 353,00 tons
Dimensões: Pp 36,14 mts - Boca 8,76 mts - Pontal 4,67 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Villas Boas Robim
Aconteceu outro tanto à fragata de carga “Dª. Francisquinha”, que tinha um carregamento de algodão, trazido pelo paquete “Brunswick”, para diversos comerciantes.
O iate “Dª. Joaquina”
À 1 hora da tarde rebentou a corrente do iate “Dª. Joaquina”, fundeado no sítio da Bica, em Vila Nova de Gaia. Quando já descia o rio, dois tripulantes que tinha a bordo saltaram para um bote, sustentando-se no rio à força de remos. O iate parou no lugar do Cavaco e aqueles tripulantes, voltando para bordo, trataram de amarrá-lo solidamente.
Desenho de navio do tipo iate, sem correspondência ao texto
Características do iate “Dª. Joaquina”
Armador: Joaquim Pereira Mendes, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.J.G. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, Vila do Conde
ex “Sampaio”
Arqueação: Tab 89,03 Tons - 251,944 m3
Propulsão: À vela
Condenado por inavegável, abatido em 1902
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.J.G. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, Vila do Conde
ex “Sampaio”
Arqueação: Tab 89,03 Tons - 251,944 m3
Propulsão: À vela
Condenado por inavegável, abatido em 1902
A galera “América” e os rebocadores “Galgo” e “Veloz”
A galera “América”, fundeada no cais das Pedras garrou e foi parar em frente da Fabrica de Fundição de Massarelos, de encontro ao iate “Rasoilo”. Na sua carreira impetuosa, destruiu a chaminé e o mastro do rebocador “Galgo” e ainda a roda de estibordo e a chaminé do mesmo lado do rebocador “Veloz”. A galera ficou com o pau da giba, borda falsa e figura de proa despedaçados. A figura foi apanhada na Cantareira. A “América” ficou fortemente espiada para evitar que bata de encontro às pedras da margem.
Desenho de navio do tipo galera, sem correspondência ao texto
Características da galera “América”
Armador: Agostinho A. Lopes Cardoso, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.F.C. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, Porto, 1867
Arqueação: Tab 1.013,73 Tons - 2.868,867 m3
Dimensões: Pp 55,35 mts - Boca 10,16 mts - Pontal 5,79 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Gonçalves Marques
Quanto ao rebocador “Galgo”, por efeito do abalroamento, garrou, atravessando-se na proa da corveta “Estephânia”. A tripulação deste navio pôde obstar a eventuais danos no navio de guerra, e o “Galgo”, ao sabor da corrente, seguiu rio abaixo até à Cantareira, onde foi agarrado.
O lugre dinamarquês “Hossana”
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.F.C. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, Porto, 1867
Arqueação: Tab 1.013,73 Tons - 2.868,867 m3
Dimensões: Pp 55,35 mts - Boca 10,16 mts - Pontal 5,79 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Gonçalves Marques
Quanto ao rebocador “Galgo”, por efeito do abalroamento, garrou, atravessando-se na proa da corveta “Estephânia”. A tripulação deste navio pôde obstar a eventuais danos no navio de guerra, e o “Galgo”, ao sabor da corrente, seguiu rio abaixo até à Cantareira, onde foi agarrado.
O lugre dinamarquês “Hossana”
Achava-se próximo ao estaleiro de Gaia, com dois ferros pela proa. O perigo que corria e a impossibilidade de lhe ser prestado imediato socorro, fez com que a tripulação o abandonasse. Ficando assim entregue à sua sorte, ao capricho da corrente, veio, aí à volta das 2 da tarde, até ao meio do rio. Umas vezes corria sobre os ferros, atropelando-os, outras descaía vertiginosamente para trás, retesando violentamente as duas correntes. Percebia-se que as unhas das âncoras se deslocavam a espaços e agarravam de novo mais adiante, estroncando a madeira dos olhais. Mas os ferros não rebentaram e a isso se deve a salvação do navio.
Características do lugre dinamarquês “Hossana”
Desenho de navio do tipo lugre, sem correspondência ao texto
Características do lugre dinamarquês “Hossana”
Armador: A. H. Petersen, Marstal, Dinamarca
Nº Oficial: N/d - Iic: N.C.P.V. - Porto de matrícula: Marstal
Construtor: F. Hansen, Marstal, Dinamarca, 1890
Arqueação: Tab 131,00 Tons - Tal 119,00 tons
Dimensões: Pp 26,92 mts - Boca 6,27 mts - Pontal 2,97 mts
Propulsão: À vela
Os cais das duas margens estavam apinhados de gente a presenciar o estranho espectáculo, ansiosa por ver o desfecho. Afinal saiu de Vila Nova de Gaia um barco tripulado por alguns trabalhadores fluviais e depois de várias investidas conseguiram saltar para dentro do lugre, tratando de o segurar para terra.
A barca “Douro”
Nº Oficial: N/d - Iic: N.C.P.V. - Porto de matrícula: Marstal
Construtor: F. Hansen, Marstal, Dinamarca, 1890
Arqueação: Tab 131,00 Tons - Tal 119,00 tons
Dimensões: Pp 26,92 mts - Boca 6,27 mts - Pontal 2,97 mts
Propulsão: À vela
Os cais das duas margens estavam apinhados de gente a presenciar o estranho espectáculo, ansiosa por ver o desfecho. Afinal saiu de Vila Nova de Gaia um barco tripulado por alguns trabalhadores fluviais e depois de várias investidas conseguiram saltar para dentro do lugre, tratando de o segurar para terra.
A barca “Douro”
A barca “Douro”, dos srs. Glama & Marinho, fundeada próximo da lingueta da Cábrea, desde a madrugada que corria risco de garrar. A tripulação foi salva por um cabo de vai-vem. À tarde bateram de encontro àquele navio duas barcaças, partindo-lhe uma amarra. Por esse motivo adornou para estibordo ameaçando voltar-se.
Às 6 horas e meia da tarde uma gritaria ensurdecedora da multidão que estacionava na margem direita e repetidos toques de apito deram rebate que a amarra havia partido, e a barca lá foi levada rio abaixo.
Felizmente a corrente encaminhou-a para o meio do rio, e, assim, passou sem causar dano nas outras embarcações, indo despedaçar-se de encontro a umas pedras próximo do cais do Ouro, onde está fundeada a draga “Portugal”.
A barca “Douro”, que era de 446 toneladas de registo, veio de Nova Orleães com aduela aos srs. Glama & Marinho, tendo entrado a barra no dia 24 de Janeiro findo.
Características da barca “Douro”
Às 6 horas e meia da tarde uma gritaria ensurdecedora da multidão que estacionava na margem direita e repetidos toques de apito deram rebate que a amarra havia partido, e a barca lá foi levada rio abaixo.
Felizmente a corrente encaminhou-a para o meio do rio, e, assim, passou sem causar dano nas outras embarcações, indo despedaçar-se de encontro a umas pedras próximo do cais do Ouro, onde está fundeada a draga “Portugal”.
A barca “Douro”, que era de 446 toneladas de registo, veio de Nova Orleães com aduela aos srs. Glama & Marinho, tendo entrado a barra no dia 24 de Janeiro findo.
Desenho de navio do tipo barca, sem correspondência ao texto
Características da barca “Douro”
Armador: Agostinho A. Lopes Cardoso, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.F.C. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Fili Schiavent, Fiume (Rijeka, Croácia), 1865
Reconstrução: A. Buron, St. Malô, França, 1898
ex “Mimi”, Delacour, St. Malô, França
Arqueação: Tab 489,00 tons - Tal 446,00 tons
Dimensões: Pp 55,35 mts - Boca 10,16 mts - Pontal 5,79 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: Carlos Lino Gaspar
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.F.C. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Fili Schiavent, Fiume (Rijeka, Croácia), 1865
Reconstrução: A. Buron, St. Malô, França, 1898
ex “Mimi”, Delacour, St. Malô, França
Arqueação: Tab 489,00 tons - Tal 446,00 tons
Dimensões: Pp 55,35 mts - Boca 10,16 mts - Pontal 5,79 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: Carlos Lino Gaspar
A barca “Glama”
Este navio, fundeado no cais da Paixão, garrou cerca das 2 horas da madrugada, indo encalhar junto do lugre “Costa Lobo” e da barca “Ligeira”, em frente ao cais de Massarelos. Ali foram-lhe lançados grossos cabos. À noite, porém, adornou para estibordo, não sendo das melhores a sua situação.
Características da barca “Glama”
Desenho de navio do tipo barca, sem correspondência ao texto
Características da barca “Glama”
Armador: Glama & Marinho, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.L.M. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, East Boston, Setembro de 1868
ex “Southern Cross”, Baker & Morrill, Boston, Estados Unidos
Arqueação: Tab 1.139,71 tons - 3.225,370 m3
Dimensões: Pp 55,17 mts - Boca 10,97 mts - Pontal 7,16 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Simões Paião
Uma vítima
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.L.M. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, East Boston, Setembro de 1868
ex “Southern Cross”, Baker & Morrill, Boston, Estados Unidos
Arqueação: Tab 1.139,71 tons - 3.225,370 m3
Dimensões: Pp 55,17 mts - Boca 10,97 mts - Pontal 7,16 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Simões Paião
Uma vítima
O vapor alemão “Egeria”, que estava em frente à Arrábida, teve de mudar de ancoradouro, o que fez com bastante risco, indo para Santo António do Vale da Piedade.
Deste vapor tentou sair para terra o soldado da Guarda-fiscal nº 218, da 1ª companhia, António Miguel. Na ocasião, porém, em que saltava para uma barca, caiu ao rio, perecendo afogado. O infeliz contava 43 anos de idade e deixa viúva e filhos; era natural de Vila Nova de Gaia.
Calculo dos prejuízos
Deste vapor tentou sair para terra o soldado da Guarda-fiscal nº 218, da 1ª companhia, António Miguel. Na ocasião, porém, em que saltava para uma barca, caiu ao rio, perecendo afogado. O infeliz contava 43 anos de idade e deixa viúva e filhos; era natural de Vila Nova de Gaia.
Calculo dos prejuízos
A pessoas que conhecem bem a praça do Porto foi ouvido calcular os prejuízos sofridos pelo comércio portuense em cerca de 6000:00$000, devendo ter-se em consideração os graves transtornos que resultam da perda dos carregamentos de trigo e carvão que se afundaram.
Os pescadores da Afurada
Os pescadores da Afurada
Foi já dito que, na série de sinistros conhecidos até ao momento, muitas embarcações foram impelidas para a barra, sendo apanhadas na sua carreira vertiginosa pelos homens da Afurada. Embarcados nas suas bateiras, estes pescadores aproximavam-se animosa e habilmente dos barcos sem governo e saltavam para bordo, conseguindo dirigi-los e salvá-los, agarrando também porções de madeira, fardos de algodão e outros objectos arrastados pela corrente.
Estas manobras eram auxiliadas pela revessa do rio naquele ponto, a qual diminui consideravelmente o ímpeto da corrente. Esta circunstância, de que os vareiros com tanta utilidade se aproveitam, sugere a ideia de que seria de grande vantagem estabelecer na Afurada um serviço regular de salvamento, não só de despojos, mas até de vidas em perigo.
Estas manobras eram auxiliadas pela revessa do rio naquele ponto, a qual diminui consideravelmente o ímpeto da corrente. Esta circunstância, de que os vareiros com tanta utilidade se aproveitam, sugere a ideia de que seria de grande vantagem estabelecer na Afurada um serviço regular de salvamento, não só de despojos, mas até de vidas em perigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário