O naufrágio do vapor “Mira”
Segundo comunicação recebida no ministério da Marinha, o vapor português “Mira”, antigo navio alemão, que se encontra fretado pelo governo inglês, foi abalroado pelo vapor holandês “Arundo” (a), quando seguia viagem de Huelva para Inglaterra.
A colisão deu-se em ocasião de nevoeiro espesso e toda a tripulação do “Mira” foi salva pelo “Arundo”, que desembarcou os 27 tripulantes do navio português no porto de Corcubion.
…
O sr. ministro da Marinha não recebeu telegrama algum com pormenores do naufrágio do vapor “Mira”, ocorrido no dia 26.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 28 de Novembro de 1916)
(a) O vapor holandês “Arundo” (1913-1928) era propriedade da companhia Zeevaart Maatschapij sendo operado pela firma W.C. Hudig & J.C. Veder, encontrando-se registado no porto de Roterdão. Tinha 3.196 toneladas de arqueação bruta e 101 metros de comprimento.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 28 de Novembro de 1916)
(a) O vapor holandês “Arundo” (1913-1928) era propriedade da companhia Zeevaart Maatschapij sendo operado pela firma W.C. Hudig & J.C. Veder, encontrando-se registado no porto de Roterdão. Tinha 3.196 toneladas de arqueação bruta e 101 metros de comprimento.
Imagem do vapor "Mira" conforme registo fotográfico
Desenho de Luís Filipe Silva
Características do vapor “Mira”
1916-1916
Desenho de Luís Filipe Silva
Características do vapor “Mira”
1916-1916
Armador: Transportes Marítimos do Estado, Lisboa
Construtor: J.C. Tecklenborg, Geestemunde, Alemanha, 11.1912
ex “Rolandseck”, D.D.G. Hansa, Bremen, Alemanha, 1912-1916
Arqueação: Tab 1.663,16 tons - Tal 756,78 tons
Dimensões: Pp 83,70 mts - Boca 12,30 mts
Propulsão: Máquina do construtor - 1:Di - 11,5 m/h
Construtor: J.C. Tecklenborg, Geestemunde, Alemanha, 11.1912
ex “Rolandseck”, D.D.G. Hansa, Bremen, Alemanha, 1912-1916
Arqueação: Tab 1.663,16 tons - Tal 756,78 tons
Dimensões: Pp 83,70 mts - Boca 12,30 mts
Propulsão: Máquina do construtor - 1:Di - 11,5 m/h
Imagem do vapor "Mira"
(In "Ilustração Portuguesa", Nº 565 de 18 de Dezembro de 1916)
Os sobreviventes do “Mira”
(In "Ilustração Portuguesa", Nº 565 de 18 de Dezembro de 1916)
Os sobreviventes do “Mira”
Chegaram a Lisboa, vindos de Vigo, os náufragos do navio “Mira”, ex-alemão “Rolandseck”, que a 80 milhas do Cabo Finisterra abalroou há dias com um vapor holandês, afundando-se.
O comandante do “Mira”, sr. Carlos Pinto diz o seguinte:
«O meu navio ia de Huelva para Gladston, com minério. No dia 24 navegava com todas as cautelas, apitando consecutivamente, porque a cerração era densíssima, acusando a derrota do “Mira” apareceu a curta distancia outro vapor, que depois se soube ser o “Arundo”. Ambos manobraram no sentido de evitar o choque, mas a máquina do “Mira” negou-se à marcha à ré. Parou e a colisão deu-se terrível, abrindo o “Mira” enorme rombo por onde a água entrou em cachão. As bombas de bordo não esgotavam a água, pelo que se abandonou o navio».
«O “Arundo” de 1.978 toneladas dirigia-se de Roterdão para Buenos-Aires, e, apesar de muito avariado, parou e não abandonou o local, a 74 milhas da costa, senão depois de recolher todos os náufragos, desembarcando-os em Corcubion, próximo de Vigo».
«Salvaram-se todos os homens, o cão e os coelhos de bordo. Alguns homens salvaram pequenas trouxas de roupa; mas a maioria trouxe apenas a roupa que trazia vestida».
«Três horas depois de abandonado, o “Mira” desapareceu. Depois de todos salvos, voltei a bordo, já quando o navio se afundava, e consegui retirar a palamenta, o cronómetro e o dinheiro».
«O sinistro deve-se ao facto do “Arundo” não apitar, como é da praxe quando há nevoeiro».
Três maquinistas e cinco azeitadores do “Mira” ficaram em Vigo, donde seguem, repatriados, para a Inglaterra.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 5 de Dezembro de 1916)
O comandante do “Mira”, sr. Carlos Pinto diz o seguinte:
«O meu navio ia de Huelva para Gladston, com minério. No dia 24 navegava com todas as cautelas, apitando consecutivamente, porque a cerração era densíssima, acusando a derrota do “Mira” apareceu a curta distancia outro vapor, que depois se soube ser o “Arundo”. Ambos manobraram no sentido de evitar o choque, mas a máquina do “Mira” negou-se à marcha à ré. Parou e a colisão deu-se terrível, abrindo o “Mira” enorme rombo por onde a água entrou em cachão. As bombas de bordo não esgotavam a água, pelo que se abandonou o navio».
«O “Arundo” de 1.978 toneladas dirigia-se de Roterdão para Buenos-Aires, e, apesar de muito avariado, parou e não abandonou o local, a 74 milhas da costa, senão depois de recolher todos os náufragos, desembarcando-os em Corcubion, próximo de Vigo».
«Salvaram-se todos os homens, o cão e os coelhos de bordo. Alguns homens salvaram pequenas trouxas de roupa; mas a maioria trouxe apenas a roupa que trazia vestida».
«Três horas depois de abandonado, o “Mira” desapareceu. Depois de todos salvos, voltei a bordo, já quando o navio se afundava, e consegui retirar a palamenta, o cronómetro e o dinheiro».
«O sinistro deve-se ao facto do “Arundo” não apitar, como é da praxe quando há nevoeiro».
Três maquinistas e cinco azeitadores do “Mira” ficaram em Vigo, donde seguem, repatriados, para a Inglaterra.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 5 de Dezembro de 1916)
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