terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Brasil na Iª Grande Guerra


O torpedeamento dos vapores brasileiros “Paraná” e “Tijuca”
2ª Parte

As características de ambos os navios são as seguintes:

Vapor brasileiro “Paraná”
1911 – 1917
Armador: CCN- Companhia de Comércio e Navegação,
Rio de Janeiro

Imagem do vapor brasileiro "Paraná"
Foto de autor desconhecido

Nº Oficial: (?) - Iic.: K.N.H.L. - Porto de registo: Rio de Janeiro
Construtor: W.B. Thompson’s & Co., Ltd., Dundee, Jan.1893
ex “Longships”, Clyde Shipping Co., Glasgow, 1893-1911
Arqueação: Tab 4.461,00 tons - Tal 2.843,00 tons
Dimensões: Pp 116,37 mt - Boca 14,23 mt - Pontal 8,38 mt
Propulsão: W.B. Thompson’s - 1:Te - 3:Ci - 395 Nhp - 14 m/h
Equipagem: 44 tripulantes
Afundado após ataque por torpedeamento pelo submarino alemão UB-32, sob o comando do capitão Max Viebeg, ao largo de Barfleur, França, a 4 de Abril de 1917, em viagem do Rio de Janeiro para o Havre. Foram registadas 3 vítimas mortais em consequência do torpedeamento.

Vapor brasileiro “Tijuca”
1908 – 1917
Armador: CCN- Companhia de Comércio e Navegação,
Rio de Janeiro

Nº Oficial: (?) – Iic.: (?) - Porto de registo: Rio de Janeiro
Construtor: Andrew Leslie & Co., Hebburn, Maio de 1883
ex “Buffon”, Lamport & Holt, Liverpool, 1883-1908
Arqueação: Tab 2.304,00 tons – Tal 1.459,00 tons
Dimensões: Pp 92,05 mts - Boca 11,37 mts - Pontal 7,47 mts
Propulsão: Robert Stephenson & Co. - 1:Cp - 2:Ci - 251 Nhp
Equipagem: (?)
Afundado após ataque por torpedeamento pelo submarino alemão UC-36, sob o comando do capitão Gustav Buch, quando o vapor se encontrava a cerca de 5 milhas a Sudoeste de Pierres Noires, França, a 20 de Maio de 1917, em viagem do Rio de Janeiro para o Havre. Não há registo de vítimas a lamentar.

Repercussões após o afundamento deste vapor:
O Brasil contra a Alemanha - Paris, 26 de Maio
Comunicam do Rio de Janeiro ao jornal «New York Herald», que o Brasil está exasperado com o torpedeamento do vapor “Tijuca”; que a imprensa é unânime em reclamar a guerra contra a Alemanha; que se envie à França um exército de 200.000 homens e que a esquadra brasileira parta para o Atlântico, a fim de patrulhar contra os submarinos.
In (jornal “Comércio do Porto”, de 28 de Maio de 1917)
O Brasil contra a Alemanha - Rio de Janeiro, 28 de Maio
Sylvio Romero, chefe do gabinete de Nilo Peçanha, apresentou ao congresso uma mensagem dando a conhecer as informações recebidas na legação do Brasil em Paris relativamente ao torpedeamento do vapor “Tijuca”.
Nessa mensagem diz-se que o torpedeamento de navios sem aviso prévio e a ameaça de diminuição da navegação brasileira obrigam o governo a por em prática medidas de defesa que possam ser sugeridas por conselhos do congresso nacional. Declara-se também que parece urgente a utilização dos navios alemães ancorados nos portos brasileiros, excluindo completamente a ideia de confiscação (a), que é contrária ao espírito da legislação e aos sentimentos do país.
In (jornal “Comércio do Porto”, de 29 de Maio de 1917)

A barca "Almirante Saldanha", (Lloyd Brasileiro, 1921-1928), ex "Dovenby Hall" (Liverpool, 1885-1902), ex "Sylphide", (Bremerhaven, 1902-1906), ex "Henriette", (1906-1917) e ex "Mearim" (Governo Brasileiro, 1917-1921), foi o único veleiro confiscado à Alemanha, quando este se encontrava ancorado no porto do Rio de Janeiro, desde Agosto de 1914. Foto tirada num porto Paranaense, de autor desconhecido.

a) Face ao paralelismo ocorrido com a situação portuguesa, que defendia uma situação semelhante quanto à utilização dos navios sem os confiscar, foi rapidamente ultrapassada face às exigências inglesas no sentido de ter os navios a navegar, sob contrato dos governos inglês e francês, tanto com tripulações nacionais como estrangeiras, para em conjunto colaborarem no esforço de guerra.
Os diversos casos que se verificaram posteriormente, relacionados com os ataques a navios e respectivos afundamentos a que estiveram sujeitas as tripulações indefesas, provocando um considerável número de vítimas, fez mudar radicalmente em ambos os países a linha de pensamento defendida inicialmente.
Promulgado o decreto de alteração à constituição brasileira, o governo confiscou 45 navios alemães de longo curso durante o mês de Junho de 1917, amarrados nos portos de norte a sul. E nos dois lados do Atlântico, ambos os governos optaram pela criação de companhias de estado, em conflito e concorrência directa com as companhias privadas, tendo demorado cerca de dez anos a tentar corrigir o erro.

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