O encalhe do vapor português “Oevenum”
2ª Parte
O vapor “Oevenum”
1890 – 1900
Armador: Linha de Vapores Portugueses de J.H. Andresen, Sucessores, Porto.
O vapor "Oevenum" no rio Douro - Foto de autor desconhecido
Imagem da colecção do Sr. João H. Andresen
Imagem da colecção do Sr. João H. Andresen
Construtor: Craig, Taylor & Co., Stockton, Agosto de 1888
ex “Rosecliffe”, Morgan D.H., Newport, Inglaterra, 1888-1890
Arqueação: Tab 2.298,00 tons – Tal 1.507,00 tons
Dimensões: Pp 83,21 mt – Boca 12,22 mt – Pontal 6,04 mt
Propulsão: Westgarth, English & Co. - 1:Te - 3:Ci – 184 Ihp
Equipagem: 34 tripulantes
ex “Rosecliffe”, Morgan D.H., Newport, Inglaterra, 1888-1890
Arqueação: Tab 2.298,00 tons – Tal 1.507,00 tons
Dimensões: Pp 83,21 mt – Boca 12,22 mt – Pontal 6,04 mt
Propulsão: Westgarth, English & Co. - 1:Te - 3:Ci – 184 Ihp
Equipagem: 34 tripulantes
Naufrágio do vapor “Oevenum”
O vapor “Oevenum”, que naufragou na madrugada de Domingo a pouca distância de Matosinhos, continuava ontem no mesmo estado, isto é, com a proa um pouco levantada, achando-se a restante parte do vapor submergida. Por esse motivo, não foi possível durante o dia de ontem tratar do salvamento da carga. Ontem ainda havia bastante névoa sobre o mar.
In (jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 6 de Junho de 1900)
In (jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 6 de Junho de 1900)
Naufrágio do vapor “Oevenum”
Continuam em Angeiras os trabalhos para o salvamento da carga e de alguns aprestos do vapor “Oevenum”. É provável que, se o mar não se agitar, para as próximas marés grandes, se possam aproveitar a caldeira e quaisquer outros pertences do vapor. Quanto ao casco e parte da carga, estão perdidos por completo.
In (jornal “Comércio do Porto” de sábado, 9 de Junho de 1900)
In (jornal “Comércio do Porto” de sábado, 9 de Junho de 1900)
Naufrágio do vapor “Oevenum”
Matosinhos, 16 – Na praia de Lavra vê-se em volta do vapor “Oevenum”, ali encalhado, grande quantidade de barcos de pesca a carregar milho já em adiantado estado de decomposição, que os pobres pescadores tentam desembarcar depois nas praias para o utilizarem na alimentação. Conquanto o pessoal da Guarda-Fiscal tenha, quanto possível, evitado esses desembarques, obrigando os pescadores a deitar ao mar o milho que tiraram do vapor, o certo é que, porque o pessoal é pouco, bastante desse milho tem vindo para terra, o que pode ocasionar um grande perigo para a saúde dos que o utilizarem. Bom seria que a respectiva autoridade tomasse providencias para evitar que semelhantes factos se repitam.
In (jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 19 de Junho de 1900)
In (jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 19 de Junho de 1900)
O vapor “Oevenum”
Esteve em Leixões e seguiu ontem para Portland, o vapor sueco “Hermes”, da Companhia Neptun de salvadegos, que veio observar a posição do vapor “Oevenum”, encalhado na praia de Angeiras, para ver se seria possível conseguir safar o navio.
Foi verificado que o “Oevenum” está num lugar onde o “Hermes” não pode atracar a ele para os trabalhos de salvamento, em razão de não ter fundo bastante e a costa ser muito batida pelo mar naquele ponto. Por esse motivo o “Hermes” retirou-se sem poder empreender trabalho algum.
In (jornal “Comércio do Porto” quinta-feira, 28 de Junho de 1900)
Movimento de navios no rio Douro, referente a 22 de Abril de 1900, onde consta a última saída do navio para os Estados Unidos, com escala por Lisboa.
O vapor manteve-se encalhado ainda durante algum tempo no «Cabeço da Frieira», parte do rochedo identificado por «Pedra do Mouro», em Angeiras, até ser completamente desfeito pelo mar. Restam ainda diversas chapas do navio no local, cujos pedaços são ocasionalmente levantados pelas redes dos pescadores locais. Sobre o sinistro, recordo-me de ler numa publicação, se a memória não me atraiçoa, ter corrido o boato, que o capitão casado pouco tempo antes havia decidido levar a jovem esposa nesta sua primeira viagem à América, situação a que poderá eventualmente corresponder o transporte de um passageiro à saída do vapor com destino a Lisboa. E que por esse motivo, certamente entretido a mostrar a beleza da costa norte portuguesa, terá ocorrido o descuido que provocou o encalhe do navio, a pouca distância do final da derrota. Este é o tipo de boato que esconde uma questionável insensatez, porquanto face à ocorrência do sinistro pela 1 hora da manhã, o capitão já teria terminado o quarto de navegação à meia-noite e porque o vapor em função do nevoeiro encontrava-se a navegar diminuído de qualquer visibilidade. Nesta conformidade, é por demais óbvia a infeliz intenção de prejudicar e por em causa a capacidade e a carreira do capitão sr. Augusto da Costa e Silva, certamente por razões que a própria razão desconhece!
Foi verificado que o “Oevenum” está num lugar onde o “Hermes” não pode atracar a ele para os trabalhos de salvamento, em razão de não ter fundo bastante e a costa ser muito batida pelo mar naquele ponto. Por esse motivo o “Hermes” retirou-se sem poder empreender trabalho algum.
In (jornal “Comércio do Porto” quinta-feira, 28 de Junho de 1900)
Movimento de navios no rio Douro, referente a 22 de Abril de 1900, onde consta a última saída do navio para os Estados Unidos, com escala por Lisboa.
O vapor manteve-se encalhado ainda durante algum tempo no «Cabeço da Frieira», parte do rochedo identificado por «Pedra do Mouro», em Angeiras, até ser completamente desfeito pelo mar. Restam ainda diversas chapas do navio no local, cujos pedaços são ocasionalmente levantados pelas redes dos pescadores locais. Sobre o sinistro, recordo-me de ler numa publicação, se a memória não me atraiçoa, ter corrido o boato, que o capitão casado pouco tempo antes havia decidido levar a jovem esposa nesta sua primeira viagem à América, situação a que poderá eventualmente corresponder o transporte de um passageiro à saída do vapor com destino a Lisboa. E que por esse motivo, certamente entretido a mostrar a beleza da costa norte portuguesa, terá ocorrido o descuido que provocou o encalhe do navio, a pouca distância do final da derrota. Este é o tipo de boato que esconde uma questionável insensatez, porquanto face à ocorrência do sinistro pela 1 hora da manhã, o capitão já teria terminado o quarto de navegação à meia-noite e porque o vapor em função do nevoeiro encontrava-se a navegar diminuído de qualquer visibilidade. Nesta conformidade, é por demais óbvia a infeliz intenção de prejudicar e por em causa a capacidade e a carreira do capitão sr. Augusto da Costa e Silva, certamente por razões que a própria razão desconhece!
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