Lembrando a Escola de Alunos Marinheiros do Porto
1884 – 1898
A "Sagres" no Porto - Imagem da Revista da Armada
O primeiro navio da Marinha Portuguesa com o nome “Sagres” era uma corveta, construída em madeira nos estaleiros Young, Son & Magnay, em Limehouse, Inglaterra. Os planos foram elaborados pelo engenheiro Charles Cousins e foi construída sob a supervisão do Almirante Sir George Sartorius. Em termos de armação tratava-se de uma galera de 3 mastros. Foi equipada com quatro caldeiras de baixa pressão, construídas pela empresa Humphreys, Tennent & Dyle, de Deptford, que forneciam uma potência de 300 cavalos. Tratava-se pois de um navio misto. Esta característica, numa época em que ainda escasseavam os navios a motor, conferiu-lhe o título de melhor navio da sua categoria. Até porque, exclusivamente a motor podia atingir uma velocidade de 12 nós.
O navio tinha castelo e tombadilho e ainda uma superestrutura, à ré do traquete. O seu interior encontrava-se dividido em três pavimentos.
A mastreação era toda em madeira e para além dos mastros reais possuía mais dois mastaréus. O gurupés prolongava-se com o pau da bujarrona. Em cada um dos mastros cruzavam quatro vergas. Nos mastros traquete e grande encontrava-se fixa uma carangueja e uma retranca e na gata uma carangueja e uma retranca, onde envergava pano latino. Quando o navio foi lançado à água, em Junho de 1858, encontrava-se presente o conde do Lavradio, ministro português.
O navio tinha castelo e tombadilho e ainda uma superestrutura, à ré do traquete. O seu interior encontrava-se dividido em três pavimentos.
A mastreação era toda em madeira e para além dos mastros reais possuía mais dois mastaréus. O gurupés prolongava-se com o pau da bujarrona. Em cada um dos mastros cruzavam quatro vergas. Nos mastros traquete e grande encontrava-se fixa uma carangueja e uma retranca e na gata uma carangueja e uma retranca, onde envergava pano latino. Quando o navio foi lançado à água, em Junho de 1858, encontrava-se presente o conde do Lavradio, ministro português.
O bota-abaixo do navio em Limehouse, 1857
Imagem Photoship.Uk
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Depois de efectuar as provas de mar o navio largou de Portsmouth, no dia 14 de Setembro de 1858. Após uma viagem tranquila, que durou apenas quatro dias, o navio chegou a Lisboa, onde fundeou, no dia 18 do mesmo mês.
Em Janeiro de 1863, encontrando-se o Comandante Álvaro Soares Andreia na posse da «carta de prego», o navio largou de Lisboa. A comissão deveria ser efectuada sob o comando da Estação Naval de Angola, com a importante missão de reprimir o tráfico de escravos e o contrabando, e proteger o comércio lícito.
Em 1866 a “Sagres” foi sujeita a grandes fabricos que incluíram a substituição das peças de artilharia, das caldeiras e da mastreação.
No final de 1868 voltou à Estação Naval de Angola, com os mesmos objectivos da comissão anterior. Em 1873, após uma reparação prolongada, o navio regressou a Luanda, transportando o Almirante José Baptista de Andrade, recentemente nomeado Governador-Geral e Comandante da Estação Naval de Angola. Durante cerca de dezoito anos efectuou inúmeras e variadas missões, ao serviço da Marinha Real.
O navio estava armado com 10 peças de artilharia e esteve integrado, por diversas vezes, em missões de carácter diplomático, chefiadas pelo infante D. Luís, que era oficial de Marinha. Efectuou também algumas viagens de instrução.
Nas suas missões a corveta “Sagres” visitou, entre outros, os seguintes portos estrangeiros: Southampton, Greenhithe, Antuérpia, Bordéus, Tanger, Gibraltar, Vigo, Génova, Rio de Janeiro, Salvador e Pernambuco.
No dia 13 de Novembro de 1876 passou ao estado de desarmamento. Abrigou a partir de então a recém criada Escola de Alunos Marinheiros do Porto. Para o efeito o navio foi sujeito a um período de fabricos durante o qual lhe foi retirado o motor propulsor, bem como feita a adaptação dos espaços livres a fim de servirem como salas de aula, cobertas e camarotes. O armamento, já obsoleto, foi substituído por outro mais recente, para fins de instrução.
Depois de devidamente adaptada, a corveta “Sagres” foi então rebocada até ao rio Douro, no Porto, onde permaneceu fundeada. Recebeu os seus primeiros alunos em Maio de 1884.
Em 1898, devido ao estado de degradação da corveta “Sagres”, a Escola de Alunos Marinheiros do Porto foi transferida para a corveta “Estefânia”. No dia 7 de Setembro desse mesmo ano a corveta “Sagres” foi abatida ao efectivo dos navios da Armada. Viria a ser desmantelada pouco tempo depois.
CFgt Gonçalves, António Manuel, in Revista da Armada Nº 377, Ano XXXIV, Lisboa, Julho de 2004
Em Janeiro de 1863, encontrando-se o Comandante Álvaro Soares Andreia na posse da «carta de prego», o navio largou de Lisboa. A comissão deveria ser efectuada sob o comando da Estação Naval de Angola, com a importante missão de reprimir o tráfico de escravos e o contrabando, e proteger o comércio lícito.
Em 1866 a “Sagres” foi sujeita a grandes fabricos que incluíram a substituição das peças de artilharia, das caldeiras e da mastreação.
No final de 1868 voltou à Estação Naval de Angola, com os mesmos objectivos da comissão anterior. Em 1873, após uma reparação prolongada, o navio regressou a Luanda, transportando o Almirante José Baptista de Andrade, recentemente nomeado Governador-Geral e Comandante da Estação Naval de Angola. Durante cerca de dezoito anos efectuou inúmeras e variadas missões, ao serviço da Marinha Real.
O navio estava armado com 10 peças de artilharia e esteve integrado, por diversas vezes, em missões de carácter diplomático, chefiadas pelo infante D. Luís, que era oficial de Marinha. Efectuou também algumas viagens de instrução.
Nas suas missões a corveta “Sagres” visitou, entre outros, os seguintes portos estrangeiros: Southampton, Greenhithe, Antuérpia, Bordéus, Tanger, Gibraltar, Vigo, Génova, Rio de Janeiro, Salvador e Pernambuco.
No dia 13 de Novembro de 1876 passou ao estado de desarmamento. Abrigou a partir de então a recém criada Escola de Alunos Marinheiros do Porto. Para o efeito o navio foi sujeito a um período de fabricos durante o qual lhe foi retirado o motor propulsor, bem como feita a adaptação dos espaços livres a fim de servirem como salas de aula, cobertas e camarotes. O armamento, já obsoleto, foi substituído por outro mais recente, para fins de instrução.
Depois de devidamente adaptada, a corveta “Sagres” foi então rebocada até ao rio Douro, no Porto, onde permaneceu fundeada. Recebeu os seus primeiros alunos em Maio de 1884.
Em 1898, devido ao estado de degradação da corveta “Sagres”, a Escola de Alunos Marinheiros do Porto foi transferida para a corveta “Estefânia”. No dia 7 de Setembro desse mesmo ano a corveta “Sagres” foi abatida ao efectivo dos navios da Armada. Viria a ser desmantelada pouco tempo depois.
CFgt Gonçalves, António Manuel, in Revista da Armada Nº 377, Ano XXXIV, Lisboa, Julho de 2004
A "Sagres" no Porto - Imagem da Revista da Armada
Identificação da corveta “Sagres”
Construtor: Young, Son & Magnay, em Limehouse, 1857
Arqueação: Deslocamento máximo 1.382 toneladas
Dimensões: Ff 79,00 mts - Boca 9,90 mts - Pontal 6,15 mts
Arqueação: Deslocamento máximo 1.382 toneladas
Dimensões: Ff 79,00 mts - Boca 9,90 mts - Pontal 6,15 mts
Notícias dos jornais
A corveta “Sagres”
A corveta “Sagres”
Às 6 horas e cinquenta minutos da manhã de ontem, apareceu à vista da barra do Porto, rebocada pelo transporte de guerra “Índia”, a corveta “Sagres” que, como se sabe, vem estacionar no Douro, em frente a Massarelos, a fim de servir de Escola de Alunos Marinheiros.
Às 7 horas e cinquenta minutos saiu a barra, a fim de rebocar aquele navio de guerra para dentro do porto, o rebocador “Veloz”, levando a bordo o Capitão do Porto, 1º Tenente da Armada sr. Mendes Leite, que já se acha nomeado comandante daquele navio durante a sua permanência na cidade.
Às 10 horas e meia da manhã entrava a barra a corveta “Sagres” rebocada pelo referido vapor, vindo então a bordo daquela os dois oficiais de Marinha que já mencionamos, e os competentes pilotos da barra. A corveta entrou sem novidade fundeando em Massarelos.
Era grande o concurso de povo na Foz e nas margens do rio a presenciar aquele espectáculo. O transporte “Índia”, que conduziu a “Sagres”, navegou para sul às 4 horas e trinta e cinco minutos da tarde.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 7 de Outubro de 1882)
Às 7 horas e cinquenta minutos saiu a barra, a fim de rebocar aquele navio de guerra para dentro do porto, o rebocador “Veloz”, levando a bordo o Capitão do Porto, 1º Tenente da Armada sr. Mendes Leite, que já se acha nomeado comandante daquele navio durante a sua permanência na cidade.
Às 10 horas e meia da manhã entrava a barra a corveta “Sagres” rebocada pelo referido vapor, vindo então a bordo daquela os dois oficiais de Marinha que já mencionamos, e os competentes pilotos da barra. A corveta entrou sem novidade fundeando em Massarelos.
Era grande o concurso de povo na Foz e nas margens do rio a presenciar aquele espectáculo. O transporte “Índia”, que conduziu a “Sagres”, navegou para sul às 4 horas e trinta e cinco minutos da tarde.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 7 de Outubro de 1882)
Corveta “Sagres”
Devem começar amanhã as obras de calafetagem do casco da corveta “Sagres”, que se prepara para servir de Escola de Alunos Marinheiros, no porto do Porto.
Desses trabalhos foi incumbido o conhecido mestre calafate o sr. Joaquim Vitorino Alves.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 19 de Agosto de 1883)
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 19 de Agosto de 1883)