quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

História trágico-marítima (XCIX)


O naufrágio do iate "Barbosa 1º"

Navio desarvorado
Ontem (25.04.1883), cerca das 5 horas da tarde, apareceu a três milhas, aproximadamente, o iate “Barbosa 1º”, desarvorado dos dois mastros. Da Foz foi participado para a cidade que a embarcação reclamava por socorro.
Às 5 horas e quarenta minutos saiu a barra o barco salva-vidas, que se dirigiu com rumo ao iate, atracando à borda deste às 6 horas e meia. A esse tempo já o “Barbosa 1º” havia fundeado a oeste da barra.
Às 8 horas saiu o rebocador “Veloz” em socorro do iate, conduzindo a bordo 6 homens para saltarem para bordo desta embarcação, no caso de ter sido abandonado pela tripulação.
Às 10 horas da noite o barco salva-vidas entrou no caneiro de Matosinhos, conduzindo sete tripulantes do “Barbosa 1º”, os quais não traziam o mais leve ferimento e foram depois recolhidos no hospital dos Náufragos na Foz. Dos tripulantes nenhum ficou ferido em consequência do desarvoramento.
São estas as únicas informações obtidas, fornecidas pela repartição do Telegrafo Comercial, o qual esteve extraordinariamente a funcionar até às 11 horas da noite.
Por último acrescenta-se que o “Barbosa 1º”, mestre Fernandes, vinha da Figueira, com dois dias de viagem, carregado de pedra de cal, pertencente aos srs. Francisco da Silva Nunes e José António Ribeiro da Silva.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 26 de Abril de 1883)

Desenho sem correspondência ao texto

Iate “Barbosa 1º”
Com relação ao iate “Barbosa 1º”, que ante-ontem apareceu desarvorado dos dois mastros, aproximadamente a 3 milhas da barra do rio Douro, podem-se agora adiantar os seguintes pormenores:
O rebocador “Veloz”, que tinha saído ante-ontem em auxílio daquele barco, reentrou às 3 horas da madrugada de ontem no rio, por motivo do temporal não lhe permitir prestar os necessários socorros ao navio em perigo.
Às 7 horas e vinte minutos da manhã ainda o iate se conservava fundeado a O. (oeste) da barra, mas às 8 horas e trinta minutos rebentou-lhe a amarra, resultando o iate garrar para norte. A cerração no mar não deixou ver o destino que ele seguira. Às 2 horas e vinte minutos da tarde o tempo clareou, mas o iate não foi avistado de terra.
Afirmam os proprietários do iate desarvorado, que os tripulantes não puderam trazer para terra as suas bagagens, tendo o mestre deixado na câmara jóias e dinheiro, importância de fretes recebidos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 26 de Abril de 1883)

Identificação do navio
Armador: José Francisco da Silva Nunes e outros, Porto
Nº Oficial: N/tem - Iic.: H.C.B.J. - Registo: Porto
ex "Estreia", registo em Vila do Conde, 1870
ex "Barbosa 1º", registo em Viana do Castelo, 1877
Arqueação: 97,389 m3
Propulsão: À vela
O “Barbosa 1º”
Deu ontem à costa, no areal de S. Bartolomeu, situado entre Viana do Castelo e Esposende, o iate “Barbosa 1º”, cuja amarração se partiu ante-ontem, enquanto estava fundeado a oeste da barra do Porto.
Em consequência deste acontecimento partiram para aquele local o mestre da embarcação e bem assim um dos seus proprietários, o sr. José Francisco da Silva Nunes.
Ignora-se por ora o estado em que ficou o iate, mas é de presumir que nele não haja a aproveitar senão alguns dos aprestos. A propósito adianta-se que o navio não está no seguro.
(In jornal “O Comércio do Porto”, sábado, 28 de Abril de 1883)

O naufrágio do “Barbosa 1º”
O iate “Barbosa 1º, que aparecera desarvorado em frente da barra do Porto, veio encalhar na praia ao sul de Viana do Castelo, no sítio das Marinhas, da freguesia de S. Bartolomeu do Mar, ao norte de Esposende. Pouco se pôde salvar do navio, além de algumas velas e madeiras, perdendo-se totalmente a carga, que era de pedra de cal.
(In jornal “O Comércio do Porto”, quarta, 2 de Maio de 1883)

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