Factos históricos
Igreja de Santa Maria de Azurara - Imagem Wikipedia
2ª parte
2ª parte
Até meados do século XV a vila de Azurara e seus arrabaldes pertenciam à freguesia de S. Salvador, erecta no vizinho lugar de “Árvore”. O bispo do Porto, D. Luís Pires, desanexou-a desta freguesia no ano de 1457, erigindo na igreja paroquial de Azurara a sua antiga ermida em honra de «Nossa Senhora da Apresentação», melhor conhecida ou identificada como de «Santa Maria». Porém, a esta foi-lhe dado por pastor um vigário, e a paróquia de Árvore ficou-lhe o título de matriz e ao pároco o direito de apresentar o vigário daquela.
Em 1493 (1) o bispo da mesma diocese, D. João de Azevedo, com a aprovação do papa Alexandre VI, uniu ao cabido da sua sé a igreja paroquial de Azurara.
Resolvendo-se el-rei D. Manuel a ir em peregrinação a Santiago de Compostela (2), na Galiza, para onde partiu em Outubro de 1502, no seu regresso passou por Azurara, e vendo uma pobre ermida a servir de única paróquia a uma vila tão povoada e importante, prometeu aos moradores mandar-lhe edificar uma boa igreja. E não se demorou em cumprir a promessa com generosidade real.
Desde então foi crescendo e prosperando a vila de ano para ano, pelo desenvolvimento da agricultura e do comércio, e graças à via fluvial e a um porto de mar, que tinha perto dos seus muros. Em vez de fazer parte do concelho da Maia, viu-se elevada a cabeça do concelho e este composto de uma grande área, tirada ao da Maia e acrescentada com a freguesia de Vila do Conde.
Em 1623 contava Azurara e seus arrabaldes 1.808 habitantes (3).
Durou, porém, esta prosperidade somente até ao fim do século XVII. O aumento progressivo do comércio marítimo fez medrar e deu maior importância a Vila do Conde, situada mais vantajosamente, pois que se espalha nas águas do porto, que o Ave forma ao lançar-se no oceano.
Era nesse tempo menos obstruído de areias do que ao presente, recebia navios de muito maior lotação do que pode agora receber. Por conseguinte, Vila do Conde começou a aumentar progressivamente, atraindo a si algumas famílias nobres e muitos industriais de Azurara, que ali se foram estabelecer, de maneira que passado meio século a primeira contava o dobro dos fogos da segunda.
Vila do Conde foi criada cabeça do concelho, ao qual foi incorporada Azurara. Esta, despojada assim da sua proeminência e importância, percorreu um largo período de decadência, contrabalançada por algumas vantagens da sua situação e do seu solo, até que, nos nossos dias lhe trouxeram novas condições de prosperidade.
Foi senhor de Azurara D. Afonso Sancho, filho natural de el-rei D. Diniz. Dele passou para as freiras do convento de santa Clara, de Vila do conde, fundação sua. Mais tarde apossou-se a coroa deste senhorio, da qual fez ao diante doação aos marqueses de Vila Real. Por morte do último marquês, degolado, juntamente com seu filho, o duque de Caminha, e outros fidalgos, em 1641, na praça do Rossio, em Lisboa, por crime de conspiração contra el-rei D. João IV, aquele senhorio e todos os mais bens de suas casas foram confiscados para a coroa, e pouco tempo depois doados à casa do infantado, criada pelo dito soberano e extinta em 1883 pelo duque de Bragança, D. Pedro, regente do reino em nome de sua filha a rainha, senhora D. Maria II.
Por decreto de el-rei D. João VI, de 22 de Julho de 1820, foi nomeado visconde de Azurara João António Salter de Mendonça, que foi casado com D. Ana Rosa de Noronha Leme Cernache, senhora da formosa quinta e palácio do Freixo, sobre o Douro, próximo do Porto. Foi 2º visconde do mesmo titulo seu filho, Jorge Salter de Mendonça, que vendeu aquela propriedade, e que faleceu em 1872.
(1) Vide Catálogos dos Bispos do Porto, mandado publicar por D. Rodrigo da Cunha, 2ª parte, pág. 268.
(2) Quem duvidar desta peregrinação, que teve lugar na época referida, pode ver o que diz Damião de Góis na crónica do mesmo soberano, parte 1ª, capitulo 64, pág. 86.
(3) Vide o catálogo acima citado, 2ª parte, capitulo 44, pág. 399.
Em 1493 (1) o bispo da mesma diocese, D. João de Azevedo, com a aprovação do papa Alexandre VI, uniu ao cabido da sua sé a igreja paroquial de Azurara.
Resolvendo-se el-rei D. Manuel a ir em peregrinação a Santiago de Compostela (2), na Galiza, para onde partiu em Outubro de 1502, no seu regresso passou por Azurara, e vendo uma pobre ermida a servir de única paróquia a uma vila tão povoada e importante, prometeu aos moradores mandar-lhe edificar uma boa igreja. E não se demorou em cumprir a promessa com generosidade real.
Desde então foi crescendo e prosperando a vila de ano para ano, pelo desenvolvimento da agricultura e do comércio, e graças à via fluvial e a um porto de mar, que tinha perto dos seus muros. Em vez de fazer parte do concelho da Maia, viu-se elevada a cabeça do concelho e este composto de uma grande área, tirada ao da Maia e acrescentada com a freguesia de Vila do Conde.
Em 1623 contava Azurara e seus arrabaldes 1.808 habitantes (3).
Durou, porém, esta prosperidade somente até ao fim do século XVII. O aumento progressivo do comércio marítimo fez medrar e deu maior importância a Vila do Conde, situada mais vantajosamente, pois que se espalha nas águas do porto, que o Ave forma ao lançar-se no oceano.
Era nesse tempo menos obstruído de areias do que ao presente, recebia navios de muito maior lotação do que pode agora receber. Por conseguinte, Vila do Conde começou a aumentar progressivamente, atraindo a si algumas famílias nobres e muitos industriais de Azurara, que ali se foram estabelecer, de maneira que passado meio século a primeira contava o dobro dos fogos da segunda.
Vila do Conde foi criada cabeça do concelho, ao qual foi incorporada Azurara. Esta, despojada assim da sua proeminência e importância, percorreu um largo período de decadência, contrabalançada por algumas vantagens da sua situação e do seu solo, até que, nos nossos dias lhe trouxeram novas condições de prosperidade.
Foi senhor de Azurara D. Afonso Sancho, filho natural de el-rei D. Diniz. Dele passou para as freiras do convento de santa Clara, de Vila do conde, fundação sua. Mais tarde apossou-se a coroa deste senhorio, da qual fez ao diante doação aos marqueses de Vila Real. Por morte do último marquês, degolado, juntamente com seu filho, o duque de Caminha, e outros fidalgos, em 1641, na praça do Rossio, em Lisboa, por crime de conspiração contra el-rei D. João IV, aquele senhorio e todos os mais bens de suas casas foram confiscados para a coroa, e pouco tempo depois doados à casa do infantado, criada pelo dito soberano e extinta em 1883 pelo duque de Bragança, D. Pedro, regente do reino em nome de sua filha a rainha, senhora D. Maria II.
Por decreto de el-rei D. João VI, de 22 de Julho de 1820, foi nomeado visconde de Azurara João António Salter de Mendonça, que foi casado com D. Ana Rosa de Noronha Leme Cernache, senhora da formosa quinta e palácio do Freixo, sobre o Douro, próximo do Porto. Foi 2º visconde do mesmo titulo seu filho, Jorge Salter de Mendonça, que vendeu aquela propriedade, e que faleceu em 1872.
(1) Vide Catálogos dos Bispos do Porto, mandado publicar por D. Rodrigo da Cunha, 2ª parte, pág. 268.
(2) Quem duvidar desta peregrinação, que teve lugar na época referida, pode ver o que diz Damião de Góis na crónica do mesmo soberano, parte 1ª, capitulo 64, pág. 86.
(3) Vide o catálogo acima citado, 2ª parte, capitulo 44, pág. 399.
=== continua ===
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