O naufrágio do “ Hammonia “ (I)
“Hammonia”
1922 - 09.09.1922
Hamburg America Packet A.G., Hamburgo, Alemanha
1922 - 09.09.1922
Hamburg America Packet A.G., Hamburgo, Alemanha
Imagem do "Hammonia" ex "Hollandia" ainda Holandês
Foto de autor desconhecido - Col. Photoship.Uk
Foto de autor desconhecido - Col. Photoship.Uk
Construtor: A. Stephen & Sons, Ltd., Glasgow, 03.1909
ex “Hollandia”, Mala Real Holandesa, Amesterdão, 1909-1922
Arqueação: Tab 7.291,00 tons - Tal 4.603,00 tons
Dimensões: Pp 127,92 mts - Boca 16,52 mts - Pontal 10,49 mts
Propulsão: A. Stephen, 1909 - 2:Te - 6:Ci - 945 Nhp - 14 m/h
ex “Hollandia”, Mala Real Holandesa, Amesterdão, 1909-1922
Arqueação: Tab 7.291,00 tons - Tal 4.603,00 tons
Dimensões: Pp 127,92 mts - Boca 16,52 mts - Pontal 10,49 mts
Propulsão: A. Stephen, 1909 - 2:Te - 6:Ci - 945 Nhp - 14 m/h
(Notícia do jornal “O Comércio do Porto”,
de 10 de Setembro de 1922)
de 10 de Setembro de 1922)
O naufrágio do “Hammonia”
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Os agentes, no Porto, da companhia Hamburg America Line, snrs. Burmester & Cª. Limitada, receberam carta de Vigo, com data de 9, com os seguintes pormenores:
O paquete “Kinfauns Castle”, “Euclid”, assim como “Niceto de Larinaga” prestaram auxílio, tendo o “Kinfauns Castle” recebido uma parte dos náufragos. A última notícia do dia 9 era que os restantes 200 náufragos tinham sido salvos por 3 vapores, parecendo depois que o “Hammonia” se afundou.
O paquete “Kinfauns Castle”, “Euclid”, assim como “Niceto de Larinaga” prestaram auxílio, tendo o “Kinfauns Castle” recebido uma parte dos náufragos. A última notícia do dia 9 era que os restantes 200 náufragos tinham sido salvos por 3 vapores, parecendo depois que o “Hammonia” se afundou.
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Ainda acerca do naufrágio há mais os seguintes pormenores:
O naufrágio do “Hammonia” deu-se depois de este barco abandonar o porto de Vigo. O paquete começou a ser açoutado por uma rija ventania, ao mesmo tempo que as vagas avançavam sobre o convés. A bordo tomaram-se logo prevenções, mas as vagas eram alterosas e dentro em pouco algumas iam inundar as carvoeiras. Estancou-se a água, mas, num repente, a casa das máquinas foi inundada, vendo-se o pessoal de bordo impotente para evitar o naufrágio. Então o paquete, devido ao peso da água, começou a adornar.
O capitão do vapor, cerca das 11 horas, ordenou que a telegrafia sem fios mandasse um rádio para o mar, a fim de pedir socorro a qualquer navio que passasse próximo. O posto da telegrafia sem fios da Boa Nova (Leixões) recolheu também o rádio, ao mesmo tempo que outros vapores que por ali passavam. Logo pela rádio-telegrafia se perguntou qual a sua situação e posição, ao que de bordo responderam dizendo estar a 41º55’ de latitude norte e 10º50’ de longitude oeste, ou seja a 100 milhas do porto de Leixões ou a 90 milhas de Viana do Castelo.
O pedido de socorros foi imediatamente participado ao Chefe do Departamento Marítimo do Norte, assim como à Capitania do porto de Leixões. Aqui ordenou-se aos rebocadores “Tristão” e “Júpiter” que se aprontassem a fim de seguirem viagem, mas, pouco depois, era dada contra-ordem em virtude de se saber que eram desnecessários esses socorros. Ainda assim compareceram várias pessoas na Capitania a pedirem autorização de seguirem para o local do sinistro com os seus barcos gasolinas, mas foi-lhes respondido não serem necessários, mesmo porque não chegavam a tempo de prestar qualquer auxílio.
Pouco depois começaram a ser recebidas comunicações rádio-telegráficas informando do que se passava. O paquete só pôde comunicar a latitude e posição, não podendo acrescentar mais nada em virtude de começar a submergir-se lentamente. Foi nesta ocasião que, chamado pelo pedido de socorro, compareceu o paquete inglês “Kinfauns Castle”, de 9.656 toneladas, da The Union Castle Mail S/S Cº., de Londres, que fazia a carreira da África Oriental para Southampton e logo a seguir o vapor inglês “Euclid”, de 4.770 toneladas da Lamport & Holt Ltd., de Liverpool, o qual faz as carreiras para os portos da América do Sul, de onde regressava. Estes dois vapores são de grande lotação.
Quando o “Kinfauns Castle” e o “Euclid” chegaram junto do “Hammonia”, já se viam no mar os escaleres de bordo; os vapores que acabavam de chegar fizeram o mesmo e desta maneira começaram logo a receber os tripulantes. O paquete ia-se submergindo lentamente, o que, felizmente, dava tempo a proceder-se ao salvamento de todos os passageiros que eram, cerca de 1.000 como dissemos.
Daí a pouco, um destes barcos recebia um rádio do vapor grego “Michael E.”, de 5.197 toneladas, da S.G. Embiricos, de Andros, que do Mediterrâneo se dirigia para o norte de Espanha, comunicando que estava a 11 milhas do local do sinistro e que para lá avançava a toda a força das suas caldeiras. Na faina de salvamento, que começou a fazer-se o mais rapidamente possível, não se deu felizmente um único desastre pessoal. Enquanto se procedia a esse salvamento, o paquete “Hammonia” cada vez mais se ia afundando. Pouco depois apareceu, de facto, o vapor “Michael” e, a seguir, o vapor inglês “Soldier Pdin”, que também prestaram relevantes serviços.
Todos estes vapores, dotados com telegrafia sem fios a bordo, estiveram em constante comunicação com Vigo e com a estação da Boa Nova, em Leixões. O paquete começou a submergir-se à 1 hora e 50 minutos da tarde, desaparecendo por completo às 6 horas. Os passageiros salvos, e foram-no todos, dirigiram-se para Vigo uma parte e outros para Inglaterra.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 11 de Setembro de 1922)
O naufrágio do “Hammonia” deu-se depois de este barco abandonar o porto de Vigo. O paquete começou a ser açoutado por uma rija ventania, ao mesmo tempo que as vagas avançavam sobre o convés. A bordo tomaram-se logo prevenções, mas as vagas eram alterosas e dentro em pouco algumas iam inundar as carvoeiras. Estancou-se a água, mas, num repente, a casa das máquinas foi inundada, vendo-se o pessoal de bordo impotente para evitar o naufrágio. Então o paquete, devido ao peso da água, começou a adornar.
O capitão do vapor, cerca das 11 horas, ordenou que a telegrafia sem fios mandasse um rádio para o mar, a fim de pedir socorro a qualquer navio que passasse próximo. O posto da telegrafia sem fios da Boa Nova (Leixões) recolheu também o rádio, ao mesmo tempo que outros vapores que por ali passavam. Logo pela rádio-telegrafia se perguntou qual a sua situação e posição, ao que de bordo responderam dizendo estar a 41º55’ de latitude norte e 10º50’ de longitude oeste, ou seja a 100 milhas do porto de Leixões ou a 90 milhas de Viana do Castelo.
O pedido de socorros foi imediatamente participado ao Chefe do Departamento Marítimo do Norte, assim como à Capitania do porto de Leixões. Aqui ordenou-se aos rebocadores “Tristão” e “Júpiter” que se aprontassem a fim de seguirem viagem, mas, pouco depois, era dada contra-ordem em virtude de se saber que eram desnecessários esses socorros. Ainda assim compareceram várias pessoas na Capitania a pedirem autorização de seguirem para o local do sinistro com os seus barcos gasolinas, mas foi-lhes respondido não serem necessários, mesmo porque não chegavam a tempo de prestar qualquer auxílio.
Pouco depois começaram a ser recebidas comunicações rádio-telegráficas informando do que se passava. O paquete só pôde comunicar a latitude e posição, não podendo acrescentar mais nada em virtude de começar a submergir-se lentamente. Foi nesta ocasião que, chamado pelo pedido de socorro, compareceu o paquete inglês “Kinfauns Castle”, de 9.656 toneladas, da The Union Castle Mail S/S Cº., de Londres, que fazia a carreira da África Oriental para Southampton e logo a seguir o vapor inglês “Euclid”, de 4.770 toneladas da Lamport & Holt Ltd., de Liverpool, o qual faz as carreiras para os portos da América do Sul, de onde regressava. Estes dois vapores são de grande lotação.
Quando o “Kinfauns Castle” e o “Euclid” chegaram junto do “Hammonia”, já se viam no mar os escaleres de bordo; os vapores que acabavam de chegar fizeram o mesmo e desta maneira começaram logo a receber os tripulantes. O paquete ia-se submergindo lentamente, o que, felizmente, dava tempo a proceder-se ao salvamento de todos os passageiros que eram, cerca de 1.000 como dissemos.
Daí a pouco, um destes barcos recebia um rádio do vapor grego “Michael E.”, de 5.197 toneladas, da S.G. Embiricos, de Andros, que do Mediterrâneo se dirigia para o norte de Espanha, comunicando que estava a 11 milhas do local do sinistro e que para lá avançava a toda a força das suas caldeiras. Na faina de salvamento, que começou a fazer-se o mais rapidamente possível, não se deu felizmente um único desastre pessoal. Enquanto se procedia a esse salvamento, o paquete “Hammonia” cada vez mais se ia afundando. Pouco depois apareceu, de facto, o vapor “Michael” e, a seguir, o vapor inglês “Soldier Pdin”, que também prestaram relevantes serviços.
Todos estes vapores, dotados com telegrafia sem fios a bordo, estiveram em constante comunicação com Vigo e com a estação da Boa Nova, em Leixões. O paquete começou a submergir-se à 1 hora e 50 minutos da tarde, desaparecendo por completo às 6 horas. Os passageiros salvos, e foram-no todos, dirigiram-se para Vigo uma parte e outros para Inglaterra.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 11 de Setembro de 1922)
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