Sobre os navios da pesca do bacalhau
No início da apresentação de mais uma empresa do Porto, com grandes tradições na armação de navios empregues na pesca do bacalhau, gostaria de salientar dois pontos que me parecem importantes:
1º É minha intenção anular textos já publicados, que se referem a embarcações que estão a ser repetidos na lista agora apresentada. O motivo prende-se à actualização de informação conseguida recentemente, que permite melhorar substanciamente o trabalho anterior.
2º Tem-se revelado um cansativo prazer continuar a cavar em documentos antigos, algumas das histórias dos navios que vem sendo publicadas. Tal motivo já me faz pensar reescrever sobre as frotas de navios de Viana do Castelo e da Figueira da Foz, pela necessidade de aumentar dados e corrigir elementos, que lamentavelmente possam estar errados. Obviamente logo que me seja possível.
1º É minha intenção anular textos já publicados, que se referem a embarcações que estão a ser repetidos na lista agora apresentada. O motivo prende-se à actualização de informação conseguida recentemente, que permite melhorar substanciamente o trabalho anterior.
2º Tem-se revelado um cansativo prazer continuar a cavar em documentos antigos, algumas das histórias dos navios que vem sendo publicadas. Tal motivo já me faz pensar reescrever sobre as frotas de navios de Viana do Castelo e da Figueira da Foz, pela necessidade de aumentar dados e corrigir elementos, que lamentavelmente possam estar errados. Obviamente logo que me seja possível.
Parceria Pescaria Portuense
1907 (?) - 1918
Operador : Francisco Estevão Soares
Rua da Praia, 38, Massarelos, Porto
1907 (?) - 1918
Operador : Francisco Estevão Soares
Rua da Praia, 38, Massarelos, Porto
Para ser honesto comigo próprio, devo confessar não ter ainda conseguido confirmar as minhas suspeitas, quanto à formação desta Parceria de Pesca, que julgo possa ter tido início no principio do ano de 1907, reunindo duas empresas armadoras a operar comercialmente, casos de José Joaquim Gouveia e A.J. Gonçalves de Moraes, a que se juntou o armador de navios de pesca Francisco Estevão Soares. Todas as empresas já eram proprietárias de diversos tipos de embarcações, tais como lugres, iates e rebocadores, facilitando de sobremaneira qualquer propósito de investimento. Esta oportunidade permitia a cada um manter em paralelo as suas actividades comerciais, ficando a operação piscatória a cargo de Francisco Estevão Soares, em função dos conhecimentos e experiência adquirida nos anos anteriores, nesta área. A empresa foi proprietária dos seguintes navios:
Lugre “America”
1915 - 1918
3 mastros, proa de beque, popa aberta,
1 pavimento e carena forrada a cobre.
1915 - 1918
3 mastros, proa de beque, popa aberta,
1 pavimento e carena forrada a cobre.
Nº Oficial : A-177 - Iic.: H.M.B.D. - Porto de registo : Porto
Cttor.: Jeremias Martins Novais, Vila do Conde, 31.03.1915
Arqueação : Tab 272,93 tons - Tal 199,92 tons
Dimensões : Pp 44,80 mtrs - Boca 9,20 mtrs - Pontal 3,42 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes (30 dóris)
Cttor.: Jeremias Martins Novais, Vila do Conde, 31.03.1915
Arqueação : Tab 272,93 tons - Tal 199,92 tons
Dimensões : Pp 44,80 mtrs - Boca 9,20 mtrs - Pontal 3,42 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes (30 dóris)
Capitães embarcados : Henrique Gonçalves Vilão (1915), Marcos Luiz (1916), João da Silva Peixe Júnior (1917), António Simões Paião (1918), António Fernandes Matias (1919 e 1920), Henrique G. Vilão (1922 a 1926), José Gonçalves Vilão (1927 a 1929)
A quantia paga pela construção do lugre orçou em Esc. 15.000$00. Transferiu o registo de propriedade para a Empresa de Pesca e Navegação Portugal e Américas, Lda. em 1919, sem alteração nas características. Em 1929 foi a estaleiro para receber trabalhos de manutenção e modernização, passando a navegar com os seguintes detalhes:
Arqueação : Tab 290,50 tons - Tal 213,68 tons
Dimensões : Pp 41,04 mtrs - Boca 9,48 mtrs - Pontal 3,80 mtrs
Comprado em 1934 pela Companhia de Pesca Transatlântica, do Porto, foi rebaptizado com o nome “Infante”. Regressou posteriormente aos bancos da Terra Nova, apesar de não ter participado na campanha de 1934. Motorizado em 1936, foi vitimado por incêndio em Lisboa, a 24 de Maio de 1938, sendo considerado inavegável a partir da avaliação das avarias que teve lugar a 25 de Julho de 1938.
A quantia paga pela construção do lugre orçou em Esc. 15.000$00. Transferiu o registo de propriedade para a Empresa de Pesca e Navegação Portugal e Américas, Lda. em 1919, sem alteração nas características. Em 1929 foi a estaleiro para receber trabalhos de manutenção e modernização, passando a navegar com os seguintes detalhes:
Arqueação : Tab 290,50 tons - Tal 213,68 tons
Dimensões : Pp 41,04 mtrs - Boca 9,48 mtrs - Pontal 3,80 mtrs
Comprado em 1934 pela Companhia de Pesca Transatlântica, do Porto, foi rebaptizado com o nome “Infante”. Regressou posteriormente aos bancos da Terra Nova, apesar de não ter participado na campanha de 1934. Motorizado em 1936, foi vitimado por incêndio em Lisboa, a 24 de Maio de 1938, sendo considerado inavegável a partir da avaliação das avarias que teve lugar a 25 de Julho de 1938.
Lugre “Portuense”
1910 - 1918
3 mastros, proa de beque, popa elíptica com 1 pavimento
1910 - 1918
3 mastros, proa de beque, popa elíptica com 1 pavimento
Nº Oficial : A-139 - Iic.: H.C.V.L. - Porto de registo : Porto
Cttor.: Hodgdon Shipyard, Boothbay, Maine, E.U.A., 1889
ex “Lilian Woodruff”, -?-, Boston, E.U.A., 1889-1910
Arqueação : Tab 263,69 tons - Tal 204,89 tons
Dimensões : Pp 43,33 mtrs - Boca 9,21 mtrs - Pontal 3,35 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes
Cttor.: Hodgdon Shipyard, Boothbay, Maine, E.U.A., 1889
ex “Lilian Woodruff”, -?-, Boston, E.U.A., 1889-1910
Arqueação : Tab 263,69 tons - Tal 204,89 tons
Dimensões : Pp 43,33 mtrs - Boca 9,21 mtrs - Pontal 3,35 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Mendes (1910 a 1912), Henrique G. Vilão (1913 e 1914), José Simões Vagos (1915), Joaquim d’Oliveira da Velha (1916), Fernando Augusto Ferreira (1917), Luiz Teiga (1918), Domingos Nunes (1919), Henrique Gonçalves Vilão (1920) e José Simões Vagos (1922)
Transferiu o registo de propriedade para a Empresa de Pesca e Navegação Portugal e Américas, Lda. em 1919. Foi a estaleiro para receber trabalhos de manutenção e modernização. Alterou os detalhes da arqueação para Tab 266,95 tons e Tal 193,10 tons. Naufragou a 200 milhas a Oeste da Ilha do Faial, quando em viagem da Terra Nova para o Porto, em 18.10.1923.
Transferiu o registo de propriedade para a Empresa de Pesca e Navegação Portugal e Américas, Lda. em 1919. Foi a estaleiro para receber trabalhos de manutenção e modernização. Alterou os detalhes da arqueação para Tab 266,95 tons e Tal 193,10 tons. Naufragou a 200 milhas a Oeste da Ilha do Faial, quando em viagem da Terra Nova para o Porto, em 18.10.1923.
Lugre “Tentador”
1910-1914
3 mastros, proa de beque, popa redonda com 1 pavimento
1910-1914
3 mastros, proa de beque, popa redonda com 1 pavimento
O lugre "Tentador" no estaleiro de Vila do Conde
Imagem publicada na Ilustração Portuguesa
Imagem publicada na Ilustração Portuguesa
Nº Oficial : -?- - Iic.: -?- - Porto de registo : Porto
Cttor.: Manuel Gonçalves Amaro, Vila do Conde, 03.10.1910
Arqueação : Tab 188,50 tons - Tal 143,79 tons
Dimensões : Pp 36,22 mtrs - Boca 8,30 mtrs - Pontal 3,49 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : -?-
Capitães embarcados : Henrique Gonçalves Vilão (1910 a 1912)
Cttor.: Manuel Gonçalves Amaro, Vila do Conde, 03.10.1910
Arqueação : Tab 188,50 tons - Tal 143,79 tons
Dimensões : Pp 36,22 mtrs - Boca 8,30 mtrs - Pontal 3,49 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : -?-
Capitães embarcados : Henrique Gonçalves Vilão (1910 a 1912)
A quantia paga pela construção do lugre orçou em Esc. 5.000$00. Esteve inicialmente colocado a operar no serviço comercial, interrompido em 1913, para participar numa única campanha em que esteve presente na pesca do bacalhau na Terra Nova. Perde-se em naufrágio na costa de Almeria, Espanha, quando em viagem de Mazarron para o Porto, por motivo de temporal, a 18 de Fevereiro de 1914.
Iate “Rio Ave”
1910-1917
1910-1917
O iate "Rio Ave" em Massarelos, finais de Dezembro de 1910
Postal ilustrado - minha colecção
Postal ilustrado - minha colecção
Nº Oficial : A-111 - Iic.: H.C.G.P. - Porto de registo : Porto
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Jr., V. do Conde, 11.09.1904
ex “Rio Ave”, José Rebelo de Lima, Porto, 1904-1907
Arqueação : Tab 178,91 tons - Tal 169,97 tons
Dimensões : Pp 31,85 mtrs - Boca 8,00 mtrs - Pontal 3,23 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 29 tripulantes (24 dóris)
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Jr., V. do Conde, 11.09.1904
ex “Rio Ave”, José Rebelo de Lima, Porto, 1904-1907
Arqueação : Tab 178,91 tons - Tal 169,97 tons
Dimensões : Pp 31,85 mtrs - Boca 8,00 mtrs - Pontal 3,23 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 29 tripulantes (24 dóris)
Capitães embarcados : José Fernandes Mano (1906), Henrique G. Vilão (1907 a 1910), José S. Vagos (1911 a 1914), Francisco Fernandes Mano (1915), Joaquim Marques Machado (1916 a 1918)
Chalupa comprada por Francisco Estevão Soares ao anterior proprietário em 1906, seguiu neste ano para a 1ª campanha de pesca na Terra Nova. Passa a integrar a frota da Parceria a partir de 1910. Continua a navegar para os bancos até 1916, período em que foi igualmente utilizado em viagens de comércio. Afundado em ataque perpetrado por um submarino Alemão, a 365 milhas da Ilha de S. Miguel, quando em viagem de Ponta Delgada para Lisboa, em Março de 1918.
Apesar da data do naufrágio estar incorrecta, vale a pena reler o relato do afundamento do iate, publicado no livro "Ao serviço da Pátria", pelo jornalista Costa Júnior, Editora Marítimo Colonial, Lda, Lisboa, 1944, como segue:
Chalupa comprada por Francisco Estevão Soares ao anterior proprietário em 1906, seguiu neste ano para a 1ª campanha de pesca na Terra Nova. Passa a integrar a frota da Parceria a partir de 1910. Continua a navegar para os bancos até 1916, período em que foi igualmente utilizado em viagens de comércio. Afundado em ataque perpetrado por um submarino Alemão, a 365 milhas da Ilha de S. Miguel, quando em viagem de Ponta Delgada para Lisboa, em Março de 1918.
Apesar da data do naufrágio estar incorrecta, vale a pena reler o relato do afundamento do iate, publicado no livro "Ao serviço da Pátria", pelo jornalista Costa Júnior, Editora Marítimo Colonial, Lda, Lisboa, 1944, como segue:
Iate “Vila do Conde”
1910-1917
2 mastros, popa redonda com o centro quadrado,
1 pavimento, com a carena forrada com metal amarelo.
1910-1917
2 mastros, popa redonda com o centro quadrado,
1 pavimento, com a carena forrada com metal amarelo.
Nº Oficial : A-122 - Iic.: H.C.Q.P. - Porto de registo : Porto
Cttor.: Manuel Dias dos Santos Borda & Filho, Fão, 01.09.1898
ex “D. Aurora“, Joaquim J. Encarnação, Porto, 1898-1907
Arqueação : Tab 127,07 tons - Tal 120,72 tons
Dimensões : Pp 27,38 mtrs - Boca 7,55 mtrs - Pontal 2,90 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 25 tripulantes
Cttor.: Manuel Dias dos Santos Borda & Filho, Fão, 01.09.1898
ex “D. Aurora“, Joaquim J. Encarnação, Porto, 1898-1907
Arqueação : Tab 127,07 tons - Tal 120,72 tons
Dimensões : Pp 27,38 mtrs - Boca 7,55 mtrs - Pontal 2,90 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 25 tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Mendes (1907 a 1909), Manuel G. Vilão (1910 a 1912), Francisco Fernandes Mano (1913 e 1914), Luiz de São Marcos (1915) e Manuel dos Santos Patoilo (1916)
Chalupa comprada por Francisco Estevão Soares ao anterior proprietário pela quantia de Esc. 5.000$00. O novo armador fez seguir a embarcação para estaleiro sendo transformada em iate, com vista à sua utilização na pesca longínqua. Atracado no cais de Massarelos, durante a grande cheia do rio Douro de 1909, deve ter sofrido uma colisão provocada por embarcação desgovernada, abrindo água e submergindo no local, a 23 de Dezembro. Foi posto a flutuar a 11 de Janeiro de 1910. Ainda nesse mesmo ano passa à propriedade da Parceria, continuando integrado na frota de bacalhoeiros.
Em 1917 o navio foi vendido à Companhia de Cimento Tejo, do Porto e em 1919 foi adquirido por Luiz Alves da Silva Rios, Lda., também do Porto, por Esc. 25.000$00. Em ambas os casos esteve ligado ao serviço comercial. Naufragou por encalhe próximo a Peniche, com água aberta, quando em viagem de Lisboa para o Porto, a 22 de Agosto de 1928.
Chalupa comprada por Francisco Estevão Soares ao anterior proprietário pela quantia de Esc. 5.000$00. O novo armador fez seguir a embarcação para estaleiro sendo transformada em iate, com vista à sua utilização na pesca longínqua. Atracado no cais de Massarelos, durante a grande cheia do rio Douro de 1909, deve ter sofrido uma colisão provocada por embarcação desgovernada, abrindo água e submergindo no local, a 23 de Dezembro. Foi posto a flutuar a 11 de Janeiro de 1910. Ainda nesse mesmo ano passa à propriedade da Parceria, continuando integrado na frota de bacalhoeiros.
Em 1917 o navio foi vendido à Companhia de Cimento Tejo, do Porto e em 1919 foi adquirido por Luiz Alves da Silva Rios, Lda., também do Porto, por Esc. 25.000$00. Em ambas os casos esteve ligado ao serviço comercial. Naufragou por encalhe próximo a Peniche, com água aberta, quando em viagem de Lisboa para o Porto, a 22 de Agosto de 1928.