A Mala Real Portugueza
1900 a 1902
1900 a 1902
O vapor "Loanda" em 1899, da carreira para África
Imagem de autor desconhecido
Colecção de José Leite - blog "restos de colecção"
À descoberta do Brasil
Imagem de autor desconhecido
Colecção de José Leite - blog "restos de colecção"
À descoberta do Brasil
Face ao conhecimento da história das companhias nacionais que apostaram e investiram na ligação do país para os portos do Brasil, todas elas falidas num período inferior a uma década, foi prova de grande arrojo, por parte da administração da empresa nomeada pelo governo, pensar que poderiam ter tido um fim diferente.
Estamos crentes que os gestores da Mala Real possam ter pensado que nesse período, existindo um tráfego regular mantido por pequenos armadores, com as suas barcas, patachos e outras embarcações movidas à vela, haveria igualmente lugar para posicionar vapores de maiores dimensões, alargando a oferta de transporte e oferecendo condições ao mesmo nível das companhias estrangeiras concorrentes.
Foram diversos os factores que viriam a contrariar as melhores expectativas. A pequena armação optava pela escala dos portos a norte, com destino a S. Luiz, no estado do Maranhão, Recife no estado de Pernambuco e Belém, no estado do Pará, onde prosseguia a rota do ouro, em franco desenvolvimento.
Em simultâneo foi mais uma vez errado entrar em concorrência, com algumas das principais companhias europeias, da França, Inglaterra e Alemanha, que antes de chegar a Portugal efectuavam um périplo de escalas em variados portos e países, permitindo-lhes rentabilizar com eficácia o transporte de carga e passageiros, que uma linha directa entre Portugal e o Brasil nunca conseguiu.
Em Janeiro de 1900 estava pronto o “Rei de Portugal”, que recebeu carga em Leixões e em Lisboa, para seguir viagem para o Rio de Janeiro e Santos, com passagem pelo Funchal.
Estamos crentes que os gestores da Mala Real possam ter pensado que nesse período, existindo um tráfego regular mantido por pequenos armadores, com as suas barcas, patachos e outras embarcações movidas à vela, haveria igualmente lugar para posicionar vapores de maiores dimensões, alargando a oferta de transporte e oferecendo condições ao mesmo nível das companhias estrangeiras concorrentes.
Foram diversos os factores que viriam a contrariar as melhores expectativas. A pequena armação optava pela escala dos portos a norte, com destino a S. Luiz, no estado do Maranhão, Recife no estado de Pernambuco e Belém, no estado do Pará, onde prosseguia a rota do ouro, em franco desenvolvimento.
Em simultâneo foi mais uma vez errado entrar em concorrência, com algumas das principais companhias europeias, da França, Inglaterra e Alemanha, que antes de chegar a Portugal efectuavam um périplo de escalas em variados portos e países, permitindo-lhes rentabilizar com eficácia o transporte de carga e passageiros, que uma linha directa entre Portugal e o Brasil nunca conseguiu.
Em Janeiro de 1900 estava pronto o “Rei de Portugal”, que recebeu carga em Leixões e em Lisboa, para seguir viagem para o Rio de Janeiro e Santos, com passagem pelo Funchal.
Anúncio da saída do vapor "Rei de Portugal" para o Brasil
In jornal "O Comércio do Porto", em Janeiro de 1900
In jornal "O Comércio do Porto", em Janeiro de 1900
E no mês seguinte, após brilhante lição de "marketing", era a vez do “Álvares Cabral”, ex “Moçambique”, baptizado de fresco, seguir com destino ao Brasil. Era evidente a necessidade de criar elos com os comerciantes e industriais portugueses emigrados num fervoroso apelo à saudade e ao favor das suas encomendas.
Anúncio da saída do vapor "Álvares Cabral" para o Brasil
In jornal "O Comércio do Porto", em Fevereiro de 1900
" Passagens gratuitas para o Brazil "
In jornal "O Comércio do Porto", em Fevereiro de 1900
" Passagens gratuitas para o Brazil "
A todas as pessoas solteiras, de 18 a 45 anos, que desejam ir gratuitamente para o Brazil, fornece-se-lhes passagens por qualquer dos paquetes da Mala Real Portugueza, Mala Real Ingleza, e da companhia do Pacifico. Preparam-se os documentos para tirarem passaporte, e também gratuitamente. Abonam-se quaesquer quantias que forem necessárias para despezar ao juro de 6 por cento. Agente neste concelho - Francisco Gonçalves Salvador, do lugar dos Oliveiros, freguezia de Cadima. Os que desejarem passagem podem dirigir-se ao anunciante, ou ao seu encarregador em Cantanhede - o solicitador José Fernandes Monteiro. (Jornal de Cantanhede, n°69 de 11/10/1890, pag.4)
" Passagens para o Brazil "
Contractam-se passagens para o Brazil pelos preços seguintes em 3a. classe e pelos paquetes allemães e francezes : A prompto pagamento 27$000 reis e a prazo de seis mezes 29:250 reis. As passagens no comboio e despesas de passaporte à custa dos passageiros. Garante-se bom tratamento. Agente neste concelho - Francisco Gonçalves Salvador, do lugar dos Oliveiros, freguezia da Tocha. (Jornal de Cantanhede, n°41 30/03/1890, pag.4, annúncio n°3)
Expatriação
Está sendo extraordinária a emigração para o Brazil e este facto não pode deixar de causar grave perturbação, na vida económica dos nossos lavradores. Conviria que o governo olhasse seriamente para este objecto. Nem só se expatriam os que não tem obrigações a cumprir; fogem todo os mancebos sujeitos ao serviço militar (Jornal de Cantanhede, n°72 de 31/10/1890, pag.4)
Como sempre acontece, utilizando os exemplos encontrados em Cantanhede, logo se formaram opiniões contraditórias. Era importante emigrar, porque o novo país, tinha muito para oferecer, descobrir e explorar. Logicamente era também mau porque a emigração saída maioritariamente do interior, estava a desertificar e despovoar áreas de grande interesse económico, devido à natural perda de mão-de-obra rural, sob a justificação de fuga ao cumprimento do serviço militar obrigatório.
O vapor "Manouba" ex "Rei de Portugal" de regresso a África
integrado na frota da Cie. de Navegation Mixte, de Marselha
Imagem do navio em cartão postal do armador
integrado na frota da Cie. de Navegation Mixte, de Marselha
Imagem do navio em cartão postal do armador
Não consigo imaginar outra situação contrária à falência da companhia, apesar do pouco tempo em que foi possível manter o tráfego, sem dúvida a acumular prejuízos significativos. E a exemplo do que já tinha sido tentado por outros empresários, do Porto e de Lisboa, também o governo face ao agravar das despesas decidiu pôr um ponto final nos destinos da companhia. Com a venda à Prince Lines, ambos os navios seguem com destino a Londres, em 1902. Portas fechadas, a Mala Real Portugueza acaba lamentavelmente naufragada na dolorosa indefinição das suas ambições.
5 comentários:
Grande pesquisa e e bem descritiva história da Mala Real Portuguesa, que infelizmente faleceu à nascença, e que poderia ter vindo a ser mais uma "Royal Mail Lines" tanto em voga à sua época, e as que sobreviveram até ao nossos dias, lá se foram com a concorrencia do desenvolvimento do tráfego aéreo e com o aparecimento do contentorizado.
Saudações maritimo-entusiáticas
Rui Amaro
Essa companhia deixou os seus documentos disponíveis? Meu bisavô veio de Portugal em 1899 pelo Malange, gostaria de saber se existem registros das listas de passageiros e sua origem em Portugal. Estou compondo minha árvore genealógica.
Olá pessoal,
Existe uma lista de Passageiros de Vapores no site da Torre do Tombo:
http://digitarq.arquivos.pt/details?id=5783392
Meus bisavós são da Ilha da Madeira(Santana) único documento que tenho é uma Pública-Forna nela consta a idade do meu bisavó que é 14/02/1898 e que ele residia no Brasil desde 1902.Queria muito encontrar algum registro deles mas esta complicado.
Meu bisavó também partiu em 1899 no Malange chegando ao Rio de Janeiro em 02 02 1899 ' pesquisa no sian onde encontrei a lista de bordo no prefixo 6576 entrada no porto do rio de janeiro
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